No
início dos anos 90, quando adentrei as salas do Centro de Estudos Supletivos em
Londrina, conheci professores maravilhosos e pude compartilhar idéias próprias
sobre música e literatura. Era um período de grande confusão política no Brasil
e de muitas carências tecnológicas e econômicas. Mas a cultura vivia uma grande
efervescência com a abertura democrática.
Muita
coisa mudou desde então e hoje vivemos a agitação da internet e das redes
sociais em que o público interage com artistas e personalidades e também muitas
vezes é convidado a colaborar com trechos de músicas, livros e filmes. A rede
também é o canal onde se testa a popularidade do que vai ser depois apresentado
no palco, na TV, teatro e no cinema.
A
grande sacada dos tempos atuais é que o público passou a interagir com a
solução e mudança de rumos em grande parte das obras culturais e do
entretenimento. Um grupo de maracatu pernambucano pode ser visto numa rua em
Nova Iorque ou o show de um grupo de rap americano pode ser projetado no
interior do Paraná, tudo pela internet e em tempo real. Ou seja, as fronteiras
da língua e dos hábitos culturais diminuíram profundamente.
Mesmo
um movimento de massa como uma telenovela que mobiliza milhões de pessoas, o
público muda os rumos de personagens e de núcleos inteiros quando por algum
motivo se desinteressa ou não concorda moralmente. Isso era impensável em
décadas atrás.
Escritores
consagrados continuam na solidão do escritório criando versos e personagens
imortalizados na memória afetiva do público, mas buscam experiências como a
auto-colaboração pela internet. Nesse
contexto, os leitores ajudam com frases e idéias que são juntadas e participam
do todo em um romance ou livro de contos.
Na música, orquestras
européias lançam uma introdução instrumental em busca de continuidade que vem
de musicistas de todas as partes do planeta. Tudo on line, através das chamadas
“obras abertas”, que são finalizadas quando o sistema eletrônico se fecha e
todos conferem o que vai rolar. Caetano Veloso experimentou o formato de
incluir sugestões do ouvinte no CD “Zii e Zie”. As surpresas são parte do
processo e o público é parte integrante em tudo.
Plataformas
como youtube, facebook, blogs e instagram são verdadeiros veículos de
comunicação ilimitados com todo tipo de assunto, onde por vezes o público
interage com o artista ou utiliza o espaço para avaliar e criticar obras e
produtos culturais. O espaço de experimentação chegou a bibliotecas, museus e
palcos em várias partes do mundo. Se for moda ou um intervalo entre algo que
ainda surgirá, temos de esperar para avaliar.
O sucesso ou fracasso momentâneo
acontece todos os dias, mas como no passado todo trabalho que tem base sólida
permanece e continua influenciando gerações. O que vai surgir daqui prá frente
é algo que não temos domínio, mas com certeza aquelas professoras de coração e mente
aberta que me receberam há 25 anos tem grande influencia na maneira espontânea
com que recebo as novas tecnologias.
Obrigado
Professoras Marilza, Lídia, Natasha e Divanir Cyrino!
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