Ao
sair de Ibiporã para tentar a vida artística no Rio de Janeiro, José
Berraquero, conhecido por Jack Berraquero, não imaginou que contracenaria com
artistas da Rede Globo e do cinema internacional, como Selton Mello, Renato
Aragão, Evandro Mesquita, Marco Nanini e outras celebridades. Filho caçula de
Antonio Berraquero e Iraci Fernandes Dias Berraquero, entre os treze irmãos,
foram as irmãs que colocaram nele o apelido de Jack. Isso foi há 36 anos em
Abatiá, onde nasceu e após onze anos, veio morar em Ibiporã, no Jardim San
Rafael, em específico na Rua Uraí, local onde a família reside até hoje. Do
bairro que viveu a infância, na memória paira a época de estudante no colégio
San Rafael e posteriormente no Olavo Bilac, onde foi orador na formatura da turma.
“O nome Berraquero é espanhol, mas existe muita confusão. Muitas vezes sou
chamado de Barraqueiro. Talvez essa confusão tenha ajudado a escolha na
carreira artística, devido a minha família ser muito brincalhona com a situação
do nome, além de sermos grandes contadores de histórias”, relata Jack, que
mesmo sendo um artista internacional, preserva um pouco da timidez.
O
interesse pela arte se intensificou após ele assistir o filme “Cidade de Deus”
e ao conhecer, em Londrina, uma agência que levava pessoas da região para atuar
como figurantes em novelas da Rede Globo. “Na época, há 16 anos, era 700 reais
para ir ao Rio de Janeiro, ficar duas semanas lá e tentar um trabalho de
figurante. No entanto, eu tinha apenas 300 reais e propus ir sentado no
corredor do ônibus. A dona da agência me pediu para aguardar no caso de sobrar
uma vaga, algo que aconteceu. Sem nenhum real no bolso e com uma mochila nas
costas cheguei ao Rio de Janeiro na esperança de um trabalho, algo que não se
realizou. Mesmo assim conheci a Cidade Maravilhosa e de alguma forma conseguia
me alimentar. Sem perspectivas e quase vindo embora, no último dia me
convidaram para um trabalho na novela Celebridades. Na cena, o ator Marcelo
Faria era bombeiro e salvava um menino que caiu num buraco. Ao retornar para
Ibiporã, muitos comentaram a participação. Voltei para o Rio de Janeiro e por
dois meses fiz muitas figurações, porém não havia trabalhos maiores. Foi aí que
entrei nas aulas de teatro no Retiro dos Artistas e conheci Cico Caseira (já
falecido) e Stepan Nercessian. Com mais experiência, durante cinco anos fiz
teatro de rua para sobreviver, além de alguns trabalhos nas favelas através da
CUFA (Central Única das Favelas). Esse último foi intenso, devido a arte servir
como válvula de escape contra as adversidades, como a violência por exemplo”,
recorda.
E
foi o teatro, que abriu as portas para Jack Berraquero na televisão. Ao se
apresentar no Centro Cultural do Banco do Brasil, ele foi convidado para a
novela Duas Caras, onde interpretou Jailson, um vendedor de DVDs piratas. Após isso
surgiram diversos trabalhos, mas com uma ressalva: alguns personagens morriam
no inicio ou meio da trama, seja atropelado, metralhado, queimado ou de outras
maneiras cruéis ou humoradas. “Acho que já morri umas 15 vezes na televisão e
cinema, algo que o pessoal de Ibiporã comentava aos risos com seus familiares,
em especial com minha mãe. Mas outros personagens viveram até o fim, como em
Força do Querer, onde quase morri nas mãos da Bibi Perigosa, interpretada pela
Juliana Paes. Em Deus Salve o Rei sobrevivi a duas guerras, interpretando
Valentim. Outro trabalho foi O Mecanismo, da Netflix. Os diretores Marcos Prado
e José Padilha me convidaram para fazer o Faxina, um preso bastante sombrio.
Outro trabalho marcante foi com Renato Aragão, o Didi, no filme A Princesa e
Vagabundo, onde interpreto um mendigo que rouba o casado do Didi. Outro filme
foi o Acampamento de férias do Didi - O mistério do Corsário, onde fiz o Pirata
Rato. Na Grande Família trabalhei com Marcos Nanini, fazendo um bêbado. Na
cena, o Augustinho Carrara inaugura um busto, não havia texto e fiz no
improviso. Outro personagem marcante foi o Cafuringa, na novela Os Mutantes, da
Record”, diz.
Em
relação ao cinema, aos poucos ele desenvolve um portfólio variado, como em
Tropa de Elite e Meu nome não é Jonny, onde conheceu Selton Mello. Após isso,
fez o curta metragem “Meia noite morrerei três vezes”, morrendo enforcado, de
overdose e com tiro na cabeça. Posteriormente atuou em “Macabro”, um filme inspirado
numa história real de dois irmãos necrófilos e ocorrida na região de Nova
Friburgo, onde há mistura de ação e policial. Jack Berraquero também foi
convidado para o filme “Lima Barreto no 3º dia”, que conta a história do
escritor nos três últimos dias que ficou no manicômio. Aqui, Berraquero faz um
soldado que se alistou para lutar na guerra, mas que na verdade tinha interesse
no uniforme. Atual estrela do comercial da Fox Sports, ele também participou de
filmagens para comerciais da Skol, interpretando um mecânico e outra filmagem
destinada ao Governo do Espírito Santo.
Quanto
ao futuro próximo, em breve será lançada no Multishow a série “A Divisão”,
interpretando o policial Emanuel, além do filme “Back to Maracanã”, em parceira
com Israel. No teatro, começou a ensaiar uma peça com o ator Osvaldo Mil, que na
série “O Mecanismo”, interpreta o investigador Luis Carlos Guilhome. “Ainda não
ganhei nenhum prêmio, mas espero isso no decorrer dos anos. Por enquanto, todas
as vezes que venho a Ibiporã, sempre me reconhecem na rua, me param para
conversar e tirar fotos. Para mim já é uma grande recompensa”, pontua.
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