Agenor Evangelista
Considerado
um artista popular devido à inserção em diversos movimentos, Agenor Evangelista
nasceu num cortiço na Vila Portuguesa e viu na arte o caminho da inserção
social. Com o trabalho reconhecido internacionalmente, ele cita que em 1977, o
já falecido artista plástico de Ibiporã, Henrique Aragão, lhe incentivou e ensinou-lhe
algumas técnicas.
Criador
da “Mostra de Artes Zumbi dos Palmares”, que ocorre na “Semana da Consciência
Negra”, ele relata que a exposição surgiu em meados de 1986, quando foi
convidado por Idalto José de Almeida, integrante do Grupo de Consciência Negra.
Atualmente a “Mostra Zumbi dos Palmares” está na 30ª edição e é a única local
com enfoque no movimento negro, além de abrir espaço a novos artistas e para
artistas conceituados do Brasil e de países como Japão, Cuba, Portugal,
Finlândia, Alemanha e demais localidades.
Nas
artes plásticas há cerca de 40 anos, ele recorda que entre 2003 a 2015,
desenvolveu quadros pequenos e populares, do tamanho de uma carta, o qual já
produziu cerca de dez mil. Já os trabalhos maiores, de 50 cm x 70 cm, foram em
torno de três mil, onde retrata cenas suburbanas como a mulher que lava roupa,
os trabalhadores conversando no bar ou crianças brincando com pipa e bola de
gude. “São imagens que visualizo no cotidiano, onde uso cores primárias na
composição dos quadros”, diz Agenor Evangelista, que em 2001 e 2007 teve vários
trabalhos publicados nos cartões telefônicos da Sercomtel, onde destacou o
negro, a Escola de Samba Zumbi dos Palmares e a região do Cinco Conjuntos.
Com
trabalhos comercializados na Franca, Japão, Suíça, Estados Unidos, Argélia,
Uruguai e em Portugal, no Museu de Guimarães, cidade co-irmã de Londrina, ele
cita que há no acervo da Folha de Londrina um trabalho de 1987, quando ao expor no Londrina Country Club, João
Milanez e Valmor Macarini,
que administravam a empresa na época, encomendaram um painel sobre a história
da imprensa e do jornal.
Influenciado
pelo impressionismo francês, por Di Cavalcanti e Cândido Portinari, que
pintavam as mulatas e a boêmia, Agenor Evangelista pode ser considerado um
memorialista paranaense por mostrar a periferia e as pessoas que vivem aqui. “É
fundamental a preservação da memória. O artista é uma ferramenta de
transformação que forma e informa a sociedade, além de interagir com outras
artes, como a dança e a literatura”.
O
artista Agenor Evangelista também explora a arte como uma ferramenta social,
quando no inicio dos anos 80 começou a militar no movimento negro e aderiu ao
Grucon (Grupo de União e Consciência Negra). “Pesquisávamos a história e
pensamento de ativistas como Martin Luther King, Malcom X e Ângela Davis e
outros. Tínhamos informações sobre grupos, como a organização revolucionária
norte americana dos Panteras Negras. Os militantes liam, discutiam e
articulavam ações para chamar a atenção da sociedade acerca da desigualdade
racial. As reuniões eram em locais como o Zumbi Bar, que concentrava a
efervescência de vários movimentos sociais na época. Havia o pensamento comum
de que não adiantava a luta ficar somente entre os negros da periferia. A meta
era ter mais ações e voz ativa, representantes negros na política e cultura.
Mas não apenas os negros de pele, mas também pessoas engajadas”, cita.
É impossível citar Agenor Evangelista sem
abordar a Mostra Zumbi dos Palmares, uma dos mais tradicionais de Londrina. Ela
teve a semente plantada em 1985, quando o artista fundou o Instituto do
Movimento de Estudos da Cultura Afro Brasileira (IMECAB). “Na época, resolvi
criar uma mostra afro, mas que agregasse participação de todas as etnias,
religiões, partidos políticos, classes sociais e artísticas. A mostra nunca
teve discriminação e sempre foi aberta, valorizando o talento, acima de tudo”,
cita.
A
primeira edição da Mostra Zumbi dos Palmares foi em 1986. Até a 7ª edição a
temática era afro brasileira, passando a ser livre, mostrando o universo do
negro muito rico e amplo, além de questionar os direitos dos negros, a
igualdade racial, liberdade política e cultural. Bhall Marcos e José Maria
Frutuoso também são importantes artistas plásticos negros de Londrina.
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