De origem e com cidadania
italiana, Benito Mussolini Galli nasceu em Jataizinho em julho de 1939. Seus pais
vieram num trem de carga em 13 de maio de 1932, da região de Assis. Na época
não havia a ponte que ligava a cidade a Ibiporã e aquela foi a primeira mudança
que chegava de trem para a cidade. “Meus pais, Medardo Galli e Teresa Galli,
iam para Londrina. Mas na época havia uma diferenciação: os ingleses da
Companhia de Terras do Norte do Paraná fizeram lotes na Warta para italianos e
no Heimtal para alemães. Devido a Warta ser longe do núcleo urbano que se
desenvolvia, ele preferiu ficar em Jataizinho. Isto se alia ao fator de existir
o Tibagi, propicio a pesca”, diz.
Estabelecido no
município, Medardo Galli comprou uma chácara na parte para evitar o risco de
contrair malária nas proximidades do Tibagi. E, sempre que ia pescar via a
cerâmica de Caetano Bertanholi abandonada. Observando a situação comprou a
olaria com o lucro obtido no plantio e comércio de arroz e frutas, no qual já
atuava na Itália e realizava na chácara. Na olaria eles produziam telha. “Meu
pai, Dionisio Stricker e Ferrugio Manfrinato abriram a estrada até a Seção
Coqueiro. Ela ia até a Fazenda São José, de propriedade de Lázaro Vieira, irmão
de José Eduardo Vieira, dono do antigo Banco Bamerindus.”, recorda.
Benito
Mussolini Galli lembra que nesta época ele tinha seis anos e via
constantemente, onde era a algodoeira Pernambucanas, o funcionamento de um
matadouro de porcos, que abatia de 400 a 500 animais vindos de carroça, caminhão
ou tocados a pé com vara de localidades como Assai, Rancho Alegre, São Jerônimo
da Serra e Frei Timóteo. “Vi pessoas tocar mais de vinte porcos na estrada.
Isto porque não havia compradores naquelas localidades. A banha do porco era
vendida para a Casa das Banhas, em São Paulo. De lá vinha, por trem, latas
vazias para se colocar o produto. Onde hoje é o Correio, era o local da carga, descarga
e preenchimento das latas. Quanto aos miúdos e pedaços de carne, estes eram
dados a quem quisesse”, recorda.
Dividindo
o tempo entre a cerâmica e a criação de animais, aos 13 anos Benito Mussolini
Galli aprendeu a dirigir um caminhão Ford 1942 e em 1958 se habilitou. Era
meados de 1954 e ele vendia porcos e galinhas pelas ruas da cidade, onde cada
frango valia dois mil reais. “Num pedaço de madeira amarrava quatro frangos de
cada lado e até o meio dia vendia tudo. Com o dinheiro, em maio de 1954 comprei
uma sanfona que guardo até hoje. Comprar uma sanfona ou bicicleta era difícil
naquele tempo. Assim, em dezembro do mesmo ano toquei o primeiro baile em Ibiporã,
no Limoeiro, quanto tinha 15 anos. Quanto a sanfona, adquirida na Rua São Bento
em São Paulo, na Casa Só Terno, uma loja que não existe mais, eu a vi num
catalogo que chegou a meu pai, dono de uma caixa de correio que recebia
publicidade através de revistas e folhetos”, recorda Benito, que já tocava
gaita de boca e para buscar a sanfona, viajou de trem por mais de 20 horas. Tamanho
foi o sucesso do “sanfoneiro”, que ele tocou por oito anos em bailes de
casamento. No período ganhou muito dinheiro e o cachê por baile era o valor de
um porco gordo e meio, que daria hoje em torno de R$400,00 ou cento e vinte mil
reais na época. Além de sanfoneiro,
Benito Mussolini Galli foi cerâmica e trabalhava mais de 16 horas por dia na Cerâmica
Cruzeiro. “Arrendei-a de meu pai em meados de 1956. A produção era direcionada
para Nova Londrina, Paranavaí, Paraíso do Norte, Rondon, Cidade Gaúcha e
Cianorte. Era o sertão que se desbravava na época. Como tocava sanfona, abri um
show de uma dupla de meninos que cantavam muito bem, onde muitos iam de
caminhão para vê-los. Posteriormente soube que era Chitãozinho e Xororó”,
recorda. Outra
lembrança foi quando ajudou a montar a Cerâmica Kennedy, que se chama assim
devido ele admirar do ex-presidente americano John Kennedy, que gostava da paz.
“Quando foram construídas casas na região, ao ser próximo a cerâmica, o bairro
ficou conhecido por Jardim Kennedy”, pontua.
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