Foi aos sete anos que Idalto José de Almeida veio
de Apucarana. Seu pai era ferroviário e chegou em Londrina nos meados de 1964.
A família mudou-se para a Avenida Higienópolis, próximo ao Igapó, numa época
que não havia o lago, mas taboas. Autor
do livro “Presença negra em Londrina – História da Caminhada de um povo”, ele
cita que Londrina era um “eldorado” onde circulava muito dinheiro por conta do
auge cafeeiro. Nesta perspectiva muitas famílias afro descendentes não vieram
excluídos dos grandes centros, mas em busca de um sonho: melhorar a vida. “O
livro foi escrito para não se perder a memória da cidade. O nome faz referência
a uma edição especial da Folha de Londrina, onde comemorava o Centenário da
Abolição”, recorda.
Ex-aluno de Ciências Sociais na UEL, ele largou o
curso a favor da militância e em 1984 ajudou a criar o Bar Zumbi, que reunia
lideranças negras, políticas e progressistas, além de ser ponto de encontro dos
sindicatos da saúde, construção civil, bancários, pastorais da Igreja Católica
(onde um dos protagonistas era o ex-prefeito Nedson Michelleti) e demais
agremiações. Localizado na Rua Pernambuco, próximo ao Colégio Hugo Simas, ali
acontecia a efervescente cultura do município no período de abertura política. Foi
no Bar Zumbi, em 1986 que surgia a Mostra Cultural Zumbi dos Palmares através
do artista plástico Agenor Evangelista.
No
livro “Presença negra em Londrina – História da Caminhada de um povo”, há
muitos relatos do carnaval, como na Avenida Paraná em forma de manifestação e
festa popular não elitizada, onde a sociedade participava como um todo. “O
carnaval era representativo e havia carros motorizados e alegóricos.
Posteriormente a festa popular deslocou-se para a Sergipe, onde era o Desfile
do Sete de Setembro. A cidade era menor, não existiam casos de violência e a
proximidade entre as pessoas era maior. Neste período, em meados dos anos 70,
figuravam escolas de samba da Vila Nova e Vila Casoni como Chão de Estrelas, Bahia
Abraça Londrina, além do Jardim do Sol. Existiam os blocos do Grêmio, Canadá, Country e Arel, que participavam do carnaval em meio ao
povo da periferia. Outro carnaval de sucesso era no Moringão”, recorda.
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