Manoel
Jacinto: Negro Guerreiro
Um dos homens mais perseguidos do Paraná, visado praticamente
desde que pisou a terra roxa na década de 40 foi o jovem comunista Mané Jacinto.
Ele acompanhou de perto importantes fatos políticos do Estado. Entre eles os
movimentos armados dos posseiros de Guaraci e Porecatu, além da mobilização
sindical que crescia na região e em Londrina. Manoel Jacinto se esforçou para
levar à prática, nos anos 50, as idéias marxistas que passou a admirar desde
que assistiu, aqui, um comício, do ainda legal Partido Comunista Brasileiro. Ele
ficou tão entusiasmado que na mesma noite saiu carregando pelas ruas uma bandeira
da agremiação, indo a sua sede, onde pediu imediatamente a filiação.
Manoel Jacinto não escapou
dos principais movimentações desencadeadas no Estado pelos órgãos de repressão.
Ele colecionou alguns números que são impossíveis de esquecer: foi preso 17
vezes, indiciado em cinco processos (mas sem condenação em nenhum), experimentou
o gosto amargo de uma década na clandestinidade, ao ponto de ter ficado três sem
ver a família. Por muitas vezes ele foi preso sem saber o motivo e dizem as
lendas que corria uma lista sigilosa de pessoas a serem “buscadas”. Nesta lista
o nome de Mané Jacinto sempre estava relacionado. Algo que se tornou natural a
ele, mas que após a descoberta do erro, davam-lhe a liberdade, mas não sem
antes enfrentar as intoleráveis humilhações e pressões psicológicas.
Em 1945 Mané já acompanhava
o movimento dos posseiros em Guaraci, que perdurou até 1947 e abrangeu várias
localidades da região, como Jaguapitã, Miraselva e Centenário do Sul. Em 1949
ele atuava fortemente em Londrina no trabalho de organizar as primeiras
associações profissionais, que depois se transformaram em Sindicatos e também ponta
de lança da União dos Trabalhadores de Londrina. Mais tarde, ele viu de perto a
formação da AROL (Associação de Recreação Operária de Londrina), além de entrar
de corpo e alma, na década de 50, na criação da Liga Camponesa de Londrina, que
mais tarde deu origem ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais (o mais forte do Paraná
antes de 64).
Estas mobilizações fizeram
com que ele não enfrentasse muitas dificuldades para se eleger vereador em 1947,
ao lado de outro amigo seu e também comunista, o médico Newton Câmara. Com o PCB
na ilegalidade, a solução foi manter um acordo com o PTB em troca de duas
legendas. Mas infelizmente Mané e Newton só não sabiam que terminariam seus
mandatos na prisão devido à perseguição política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário