O amor ao Tibagi e a pesca
fez José Antônio Vieira Marcondes construir sete barcos destinados a pesca e
navegação. Figura popular de Jataizinho ele é conhecido por Sargento, devido
ser policial aposentado. “Sou da reserva há 18 anos. No passado a Banda de
Música do 5º Batalhão em Londrina estava aceitando inscrições e me candidatei.
Na época tinha 23 anos e fui aceito. Durante anos vivi entre Londrina e
Jataizinho”, diz Sargento, que desde criança era músico da Assembléia de Deus.
Nascido na Ponte Seca, no
Distrito da Água do Tigrinho, antes de ser policial ele já era pescador. No período como militar abandonou a
pesca, mas não o rio. Por conta disto ensinou a esposa Maria Mercedes técnicas
para continuar o trabalho. “A Maria Mercedes é uma excelente companheira.
Nasceu na Fazenda São José em Rancho Alegre e por muitos anos foi professora”,
cita.
Com a aposentadoria, tempo
ocioso, amor a pesca e ao Tibagi, Sargento, junto com Celso Pereira (filho do
ceramista Vicente Pereira), há cerca de dez anos fizeram os barcos e abriram
nas margens do rio, próximo a Cerâmica VP, um local destinado a pesca e locação
de barcos. “Locamos o barco e mostramos locais para “apoitar”. Aqui é um local
público onde as famílias passam o fim de semana. Por isto existem algumas
regras de comportamento e conduta, como evitar o uso excessivo de bebidas
alcoólicas, além de ser proibido, de acordo com a Força Verde, cavar a margem
do rio em busca de minhocas”, relata. Outra recomendação é para os visitantes
recolher o lixo gerado. “É comum eu incinerar objetos como roupas íntimas.
Devemos ter consciência ambiental e preservar a natureza. Isto torna o ambiente
agradável”. Quanto a locação ela custa trinta reais o dia todo. Porém o barco
não tem motor. Sua tração e navegação são por remos. Apesar do trecho calmo,
obrigatoriamente deve-se usar colete salva-vidas.
O colete ajuda a manter a
estatística da inexistência de acidentes e mortes por afogamentos. Ainda assim,
Sargento fica de prontidão com o barco motorizado e auxilia quem não tem
experiência. Ele relata que próximo ao ancoradouro há um canal com doze metros
de profundidade. Mas existem locais na margem de Ibiporã que a profundidade
varia entre dois a três metros. Rio abaixo a correnteza é mais forte e o local
foi batizou de “Tira Fubá”. “Antigamente havia mijolas, rodas d'água e moinhos
que debulhavam e moíam milho para obter fubá. Por isto o nome. Meu avô por
muitos anos viveu em frente à Ilha da Japonesa e dizia que as corredeiras
giravam os moinhos bem rápidos”, afirma.
É notório que o pescador
conhece histórias e “estórias” do rio. Uma delas que habita o imaginário
popular de Jataizinho é de uma ilha no Tibagi onde vivem onças, jaguatiricas,
jacarés, sucuris, macacos e outros animais selvagens. Sargento desmitifica a
lenda e afirma que é tudo invenção. No entanto, às margens do rio vivem
capivaras, tatus e lagartos. Quanto às ilhas, elas são de grande quantidade e é
impossível adquiri-las. “A Marinha não permite a posse das ilhas. Elas
pertencem à natureza, aos animais e servem de abrigo aos pescadores que ali
descansam ou pernoitam”, relata. Ele recorda que ao edificar uma casa numa ilha
teve prejuízos devido à enchente arrastar o imóvel e tudo que havia nele”, diz.
Ele também fala que após a construção da Usina de Mauá, a responsabilidade pelo
monitoramento hidrológico do Tibagi em Jataizinho está por conta da Duke
Energy. A Força Verde fiscaliza a navegação, pesca e se as embarcações estão
regulares quanto às condições de manutenção, taxas e habilitação dos
condutores.
Apesar de ser um local
destinado a pesca, acampamento e recanto familiar, Sargento relata que os
barcos são de grande valia a população que mora as margens do rio quando há
enchentes. “Na última cheia do Tibagi resgatamos muitas famílias ilhadas após
os imóveis ficarem completamente em baixo d água e as famílias abrigadas nos
telhados. Uma cena angustiante. A prefeitura ajudou com a gasolina em estamos
abertos a parcerias com a Defesa Civil no intuito de ajudar a população. Além
disto, observo que durante o dia o rio fica baixo e a noite, quando são abertas
as comportas da Usina de Mauá é notada uma diferença, como se o Tibagi
estivesse mais cheio. Não posso afirmar que isto representa um risco para a
cidade, mas na última enchente o rio ficou mais de cinco metros acima do normal
e os barcos foram parar quase na linha de trem, o que dá uma distância maior de
vinte metros do local original”, pontua.
Os barcos para locação do
Sargento ficam as margens do Tibagi, na estrada que vai para Frei Timóteo,
quase de frente a Olaria do Vicente Pereira. Mais informações podem ser obtidas
no telefone 98407 2334.
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