Sem dúvidas,
a contribuição e influência da mulher no ambiente moderno da sociedade é
fundamental. Em muitos aspectos elas têm ocupado o protagonismo, seja pelos
cargos que ocupam ou pela postura de vanguarda, sensibilidade e respeito ao
próximo. Na semana que o mundo comemora o Dia Internacional da Mulher, nossa
coluna chama a atenção para a presença de gênero no ambiente criativo da
cultura em nosso país. Ao lembrar alguns nomes, pretendo que o leitor tenha
pistas e elementos para pesquisar mais a fundo e conhecer histórias e nomes
importantes para a vida brasileira na música, pintura, literatura e cinema.
Tudo a luz de mulheres que contribuíram com material inédito para nossa
cultura.
Chiquinha
Gonzaga foi pioneira como progressista, maestrina e compositora. Escreveu a
primeira marcha de carnaval, “Ó abre alas” e defendeu a abolição dos escravos. No
universo da MPB, Dolores Duran viveu apenas 29 anos, mas deixou uma obra de
sambas-canções que são gravados até hoje e foi parceira de Tom Jobim. Sua obra
mais conhecida é “A noite do meu bem”.
Dos anos 60
em diante e em diversos estilos musicais, a mulher brasileira se destaca como
compositora. São os casos de Maysa, Dona Ivone Lara, Rita Lee, Marina Lima, Pitty,
Marisa Monte, Ângela Roro, Roberta Miranda e Adriana Calcanhoto. Gal Costa,
Maria Bethânia, Elis Regina e Cássia Eller agregam força absurda ao interpretar
canções de outros autores e por isso merecem citação em qualquer lista de
referências.
Na
música clássica brasileira, Jocy de Oliveira se destaca mundialmente pela
capacidade de inovação e ao integrar elementos diversos em sua obra. As artes plásticas trazem
nomes que até hoje causam barulho: são os casos de Anita Malfati e Tarsila do
Amaral, ambas reveladas na Semana de Arte Moderna em 1922. Fayga Ostrower,
Lígia Clark e Tomie Ohtake fundamentaram boa parte da arte contemporânea no
Brasil. A atriz Carla Camurati foi ativa na retomada do cinema brasileiro a
partir de 1995. Dirigiu e escreveu Carlota Joaquina, Irma Vap e Copacabana.
“Aqui
está minha vida, esta areia tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha herança, este mar solitário, que de um lado era amor e, do
outro, esquecimento.” Cecília Meirelles
A
literatura brasileira não seria a mesma sem o olhar subjetivo e diferenciado da
mulher, desde o vigor nordestino de Rachel de Queiroz; ao mergulho interior de
Clarice Lispector; a urbanidade de Lígia Fagundes Telles e a denúncia e o
verdadeiro milagre que se chama Carolina de Jesus. A poesia nacional é rica em
metáforas e signos. Devemos muito a Cecília Meirelles, Ana Cristina César,
Alice Ruiz, Helena Kolody, Adélia Prado, Hilda Hilst, Marina Colasanti e outro
milagre que foi a doceira de Goiás, Cora Coralina.
Há a força feminina na literatura
infantil: a inesquecível Maria Clara Machado, Ruth Rocha e Lydia Bojunga. E a
consolidação num universo que foi por muito tempo dominado por homens: a
novela. Janete Clair é o grande nome em qualquer listagem, mas também deixam
marcas profundas o trabalho autoral de Ivani Ribeiro, Glória Perez, Lícia
Manzo, Maria Adelaide Amaral e Gisele Joras. Todas criadoras de universos
(musicais, literários e visuais) que comovem e fazem pensar.
Deixo
aqui meu tributo e profunda admiração a mulheres que conheço e que demonstram
ousadia e criatividade em suas áreas: a jornalista Zolaine Zubinski; as
poetisas Camila Gomes, Lívia de La Rosa, Luciana Bittencourt, Edra Moraes, Anna
Quiles e Christine Vianna; a contista Cínthia Cortegoso; minha mãe Maria Helena
de Oliveira Morais (autora de Memória de Mulher); as compositoras Elda Assoni e
Indayana, as artistas plásticas Ângela Diana, Luzia Coutinho, Sandra Bathista e
a consultora de moda Naiara Ramos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário