João Batista de Castro, o popular João Sanfoneiro, chegou a Cambé
em 1982 vindo do Espírito Santo. Casado com Maria Aparecida dos Santos, ele
recorda que aos 12 anos ao ver a Folia de Reis em sua casa se admirou tanto que
seguiu o grupo interpretando o palhaço Bastião, num elenco composto de 12 artistas.
Com o passar dos anos foi para Ibiporã e atuou até os 25 anos naquele município.
“Com a morte dos integrantes idosos em Ibiporã, montei um grupo no Jardim Tupy,
em Cambé, que permaneceu por seis anos. Geralmente a Folia de Reis atua por
sete anos e após o período novos integrantes assumem”, cita João Sanfoneiro,
que ainda não fechou o ciclo. Há sete anos sem se apresentar, ainda existe a
esperança de formar um novo grupo. Ele guarda roupas, fardas, bandeiras e
instrumentos musicais, porém não acha outros cantadores, pois é difícil.
Tradição antiga dos católicos, a Folia de Reis anuncia o
nascimento de Jesus em 25 de janeiro. “Em 25 de março um anjo disse que ia
nascer o menino Jesus em nove meses, que é dezembro. Na mesma época havia muitos
reis, sendo Heródes o principal. Ao saber que nasceria o grande rei da Terra
não gostou disto e assim que soube da noticia começou a procurar o menino.
Neste mesmo tempo, três fazendeiros ricos se interessaram e tinham interesse em
dar dinheiro ao “Rei dos Reis”. Um rei, numa noite sonhou que Jesus nasceria num
determinado lugar. Em outros dois locais, dois reis tiveram o mesmo sonho. Eram
os três Reis Magos: Gaspar, Baltazar e Brechó, importantes na Jerusalém da
época. Eles sabiam que uma estrela os guiaria até o local. Assim que Heródes
soube da notícia, começou a segui-los através da estrela. Após isto, a mesma se
apagou porque Heródes queria tirar a vida de uma criança. Com a estrela se
apagando eles aguardaram. Heródes se cansou e foi embora. Isto culminou no retorno
do brilho, levando-os e Belém, onde estava o menino Jesus e o presentearam com ouro,
mirra e incenso, presentes caros na época. Ao retornarem as suas terras, os
três combinaram de fazer uma grande festa nas comunidades para comemorar o
nascimento de Jesus. Ali começava a Folia de Reis, baseado na historia bíblica
e tendo o seis de janeiro como uma tradição religiosa”, cita.
João Sanfoneiro integrava o Grupo Estrela do Oriente no Jardim Tupi
e relata que após julho eles se juntam e começam a treinar as músicas. Em 25 de
dezembro após a meia noite, se inicia a cantoria no presépio e nas casas, onde
o Embaixador faz o primeiro verso e depois o grupo responde cantando com
instrumentos. Ao retornarem fazem uma festa onde todos são convidados. “A Folia
de Reis é uma tradição que traz fé e harmonia as pessoas. Muitos devotos dos
reis magos receberam milagres dos santos, pois é uma festa religiosa”, relata
João Sanfoneiro, que pratica o catolicismo na Igreja Matriz. Ele ressalta que a
Folia de Reis deve ser preservada para as novas gerações e não pode parar.
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