Elementos da coesão
Os
elementos de coesão são divididos em anáforas,
dêixis, anáfora indireta, anáfora encapsula, catáfora e introdução referencial.
A anáfora,
segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “é a repetição de uma
ou mais palavras no principio de duas ou mais frases; membros da mesma frase ou;
de dois ou mais versos. A anáfora é um elemento lingüístico referencial não independente,
mas ligada a um termo antecedente”. O dicionário Houaiss a cita como “o
processo pelo qual um termo gramatical retoma a referência de um sintagma
anterior usado na mesma frase”. No livro “Os sentidos do texto”, de Mônica
Magalhães Cavalcante, a anáfora se refere à continuidade referencial e a
retomada de um referente por meio de novas expressões.
Os
termos, já mostrados no texto, mas em outras palavras, são conhecidas por
anáfora diretas ou correferenciais, que tem por objetivo retomar o referente.
Um exemplo comum são os pronomes, como “ele”, que substitui nome. O leitor, ao
retomar o texto e observar a anáfora, tem plenas condições de interpretação
devido o termo ancorar algo dito antes, indicando a associação. A anáfora ativa
um novo objeto de discurso, cuja interpretação é dependente de dados
introduzidos.
A
anáfora indireta evidencia essencialmente três aspectos: a não vinculação da
anáfora com a correferencialidade; a introdução de referente novo e; o status
de referente novo expresso no cotexto conhecido. As anáforas indiretas têm
recebido relevante atenção nos estudos da linguagem. Segundo Cavalcante (2004),
“as anáforas indiretas são continuidades referenciais sem retomada, apenas com
remissão a uma âncora no texto.” Para Koch (2004), igualmente, temos anáforas
indiretas toda vez que um novo objeto-de-discurso é introduzido no texto a
partir do modo dado em razão de estabelecer algum tipo de relação com elementos
presente no texto ou no contexto sociocognitivo, passível de ser estabelecida
por associação e, também, por inferência.
Numa
tentativa de classificar as anáforas indiretas, Koch (2002) propõe as condições
semântico (baseadas no léxico), conceitual (baseadas no conhecimento de mundo e
esquemas) e inferencial (inferencialmente baseadas). Em razão de tanta
heterogeneidade, suscitam-se questionamentos acerca de as anáforas indiretas
poderem ou não ser explicadas de maneira consensual como fenômenos referenciais
e de coerência, e em que medida isso pode ser feito. Contudo, Koch (2002)
levanta alguns pontos fundamentais e princípios super ordenados. A autora
afirma que todos os tipos de anáforas indiretas são explicáveis como referência
textual dependente de domínios. Assim, todas as anáforas indiretas seriam a
expressão explícita de relações de coerência implícita em estruturas textuais.
Como tal, a interpretação de cada anáfora indireta desencadeia um processo de
estabelecimento de relações semânticas ou conceituais. Ademais, as anáforas
indiretas, consideradas do ponto de vista da estrutura informacional,
constituem tematizações remáticas que acarretam no texto continuidade e
progressão no fluxo informacional. Quanto a dêixis, elas são expressões
referenciais que tanto podem introduzir objetos de discurso como podem os retomar.
Um dêitico pode constituir uma introdução referencial ou compor uma retomada
anafórica. O que chama a atenção para o dêitico é ocorrência de certas
expressões que só podem ser plenamente entendidas se o interlocutor souber algumas
coordenadas do enunciador como quem fala, para quem fala, de onde fala e quando
se fala. Ou seja, a adequação e interpretação das expressões dêiticas
necessitam de coordenadas no tempo e espaço que vão além do que está explícito
no texto. A necessidade de tais coordenadas é fundamental para o fenômeno que diz
respeito à localização e identificação em diversos aspectos com pessoas, objetos
e eventos.
Quanto à expressão referencial, ela remete
ao que não se acha representado no texto, mas cuja imagem pode ser dividida no
tempo/espaço real. Isto exige que o interlocutor suponha quem é o enunciador e saiba
identificar dentre os objetos que o cercam qual deles se aproxima da imagem que
o falante constituiu. As expressões referenciais para serem reconhecidas exigem
que se saiba quem fala, com quem se fala e onde se fala.
A anáfora encapsulada é entendida
como uma expressão referencial que recupera uma parte do texto/discurso e não
apenas como um referente pontual por meio de nominalizações, rótulos ou
dêiticos. Segundo Cavalcante (2003) os encapsulamentos estão entre as anáforas
indiretas e diretas, porque, se por um lado não existe um referente pontual e
específico ao qual a anáfora remeta, também se pode dizer que ela recupera (sem
retomar), de alguma forma, um trecho qualquer que já foi ou será apontado no
co(n)texto. Para Koch (2004; 2005), esse tipo de anáfora funciona tanto para
rotular determinado trecho do texto, transformando-o em objeto-de-discurso e,
assim, auxiliando na progressão textual, como ir mais além, contribuindo para
avaliações subjetivas.
As
catáforas fazem referência a um termo subsequente, estabelecendo com ele uma
relação não autônoma, portanto, dependente. Para compreender a catáfora é necessário
interpretar o termo ao qual faz referência.
Por exemplo: A irmã olhou-o e disse: - João está com um ar cansado.
O
pronome “o” faz referência ao termo subsequente “João”, de
modo que só se pode compreender a quem o pronome se refere quando se chega
ao termo de referência.
A catáfora é um tipo de anáfora, pois
estabelece os mesmos tipos de relação coesiva entres os termos, porém o
termo anafórico se encontra antes do termo referente, acontecendo exatamente o
contrário nas demais tipos de anáforas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário