Jataizinho
foi o berço do Norte do Paraná, além de ter um povo festivo. Uma das particularidades
do município na sua entrada são os pequenos comércios como bares e lanchonetes.
Um desses locais é o Bar Jatay. O prédio (na Avenida Carmela Dutra, 301) foi
construído há mais de 40 anos e abriga o estabelecimento há duas décadas
A proprietária, Eliana Cristina
Alves, trabalha no bar com o esposo Ademir Alves. A comerciante disse que já
viu muitas situações engraçadas e tristes, como a de fregueses que beberam
tanto, ao ponto de serem levados embora de carriola ou que dormiram ali mesmo,
na porta do bar. Outro atrativo, segundo Eliana, é a sinuca, onde os fregueses
“ferram” a mesa durante a semana e principalmente no domingo de manhã, onde
muitos se espremem na porta no intuito de ver as partidas. “Já cansei de vender
salgados e bebidas fiado, uma prática perigosa devido os calotes. Também foram
inúmeras às vezes que os clientes consumiam bebidas e saiam sem pagar. Tinha
que ir atrás e dar um puxão de orelha”, recorda.
O Bar Jatay fica
próximo a ponte do Rio Tibagi. Por ser um local alto não sofre com as enchentes
corriqueiras na época de chuvas. Mas por estar próximo a BR 369, com freqüência
a clientela é testemunha de acidentes com veículos que entram nas casas e
comércios próximos. Outro fato curioso, por conta da rodovia, é a presença de
andarilhos e romeiros que vão para o Santuário de São Miguel Arcanjo, em
Bandeirantes e para Aparecida do Norte. “Os romeiros seguem a pé ou de
bicicleta. Quando retornam deixam lembranças, como as fitas de Nossa Senhora de
Aparecida”, relata.
O bicheiro João
Lucas dos Santos também atua no Bar Jatay. Com a morte do pai José Maria
Pereira, ele teve que assumir a função para sustentar a casa. “Meu pai fazia
jogo do bicho aqui há mais de 40 anos e desde criança eu o acompanhava”, cita.
Quanto aos jogos e bichos sorteados, ele relata que são diversos e as apostas
variam de dez centavos a cento e cinquenta reais. “Essa aposta de 150 reais
teve um prêmio de 1800 reais. O maior valor ganho aqui foi de 4800 reais”,
recorda.
As apostas variam de milhar, centena, grupo, dezena,
unidade, centena combinada seca e assim por diante. Neste arcabouço o que não
faltam são histórias de sonhos e situações que resultam numa combinação de
números. “Um cliente sonhou que pescava. Ele jogou na águia e ganhou. Há outros
que vêem placas de veículos, como de caminhões que passam na rodovia e fazem
suas apostas. Sempre deixo o Livro dos Sonhos na banca para as pessoas lerem e
tentar interpretar o que é representado no subconsciente através dos sonhos.
Por incrível que pareça, os apostadores ganham. Outra técnica comum é jogar um
palito de fósforo num copo com café. A imagem da fumaça, no liquido, para
muitos representam um bicho do jogo, como urso, touro, vaca ou veado”, pontua.
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