O
auge do carnaval brasileiro é o desfile das escolas de samba, na Sapucaí, no
Rio de Janeiro. O espetáculo começou no século 19 com o entrudo, virou blocos de
fantasias e depois se organizou ao som de tamborins, caixas e surdos. A diversidade
da expressão cultural brasileira fez que tenhamos festas e ritmos diferentes
que se moldam à luz da história e das características de cada região.
A
marcha-rancho “Ó abre-alas” de Chiquinha Gonzaga praticamente inaugura o
carnaval moderno. Este ritmo mais lento nasce como sugestão para bailes em
salões e blocos de ruas. Seu lirismo nos deu também “As pastorinhas” (Noel
Rosa/João de Barro); “Bandeira Branca” (Max Nunes/Laércio Alves) e “Máscara
Negra” (Zé Ketti/Pereira Matos).
Sua
versão mais acelerada e humorística é a marchinha destinada ao povo pular e
brincar o carnaval nas ruas e salões: “Cachaça é água” (Marinósio Trigueiros
Filho); “Mamãe eu quero” (Vicente Paiva/Jararaca); “Taí” (Joubert Carvalho) e “Jardineira”
(Benedito Lacerda/Humberto Porto).
Em
Pernambuco, uma criação inspirada na marcha originou o frevo (de ritmo mais
acelerado e com acentuação no tempo fraco do compasso). Tanto o frevo
tradicional quanto o frevo canção deram pérolas cantadas em todo o país como “Frevo
Mulher” (Zé Ramalho); “Festa do interior”; “Roda e avisa” (J. Michiles) e “Madeira
que cupim não rói” (Capiba). Pernambuco se destaca pelo do maracatu no carnaval
de rua e nos palcos de Recife e do interior.
Na
Bahia, canções e temas instrumentais acelerados marcam os trios elétricos.
Olodum, Filhos de Gandhi e Timbalada trazem a magia de ritmos criados por seus
músicos como samba-reggae e o resgate do afoxé. Ou seja, ritmos e danças não
faltam nesta festa popular.
O
samba é o grande gênero da música brasileira que representa o carnaval. Uma de
suas variações, o samba-enredo, é a forma adequada para o tipo de carnaval que
praticam as Escolas de Samba. Ele sustenta musicalmente o desfile e a letra
conta à história que a escola procura abordar.
Grandes
autores escreveram sambas para o carnaval. É o caso de Noel Rosa; Herivelto
Martins; Ary Barroso; Martinho da Vila; Ataulfo Alves; Luis Carlos da Vila e
Arlindo Cruz. Com a chegada do samba-enredo abriu-se espaço para a competição
entre compositores e muitos se tornaram clássicos que resistem ao tempo, como: 1964 –
Império Serrano – "Aquarela Brasileira" (Silas de Oliveira); 1969 –
Salgueiro – "Bahia de Todos os Deuses" (Bala e Manuel Rosa); 1976 –
Império Serrano – "A Lenda das Sereias, Rainha do Mar" (Vicente
Matos, Dinoel e Veloso); 1978 – Beija-Flor – "A criação do mundo na
tradição nagô" (Neguinho da Beija-Flor, Gilson Dr. e Mazinho); 1978 –
União da Ilha – "O Amanhã" (João Sérgio) e por exemplo, 1982 –
Império Serrano – "Bumbum Paticumbum Prugurundum" (Beto Sem Braço e Aluisio
Machado). Ou seja, a poesia e as músicas criadas para o carnaval têm o tamanho
da beleza e da geografia do nosso Brasil!
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