segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A construção social da realidade: A sociedade como realidade subjetiva

A interiorização da realidade

A socialização primária: O ser humano vive em comunidade e o conhecimento/convivência desenvolve seu caráter e personalidade. Isso começa na infância e tem envolvimento biológico.
- Conforme há aprendizagem, ela se retrata ao 1ª Conhecimento. A criança, que é inocente, para se ajustar a realidade, deve absorver as informações pela linguagem adequada.
- Cada sociedade tem parâmetros e as classes sociais também. Essa é a socialização 1ª, onde conceitos são interiorizados e estabelecidos na consciência/biografia ulterior.
A socialização secundária: A Socialização 2ª é a interiorização de “submundos” institucionais ou baseados nas instituições, na divisão do trabalho e na distribuição social do conhecimento. Seus portadores são facilmente reconhecidos pela aquisição do conhecimento de funções específicas, direta ou indiretamente na divisão do trabalho.
Ela exige a aquisição de vocabulários específicos e interiorização dos campos semânticos específicos. É parcial, vive em contraste com a socialização 1ª, mas é
coerente. Depende de aparelhos legitimadores acompanhados de instrumentos materiais, ritos, símbolos e linguagens. Os símbolos são interiorizados fazendo-o ser tornar-se parte disso ao compreender e assimilar a linguagem. Com isso, o ser humano se comunica com seus comuns em alusões ricas na comunidade, mas obtusas a quem não é do círculo. Sua sustentação e legitimação se dá por ritos, máximas, construções mitológicas, cerimônias e objetos físicos.
A Socialização 2ª depende do status do conhecimento no universo interior da totalidade, se dá numa personalidade formada e mundo exteriorizado. Assim, as limitações biológicas são menos importantes e o conhecimento primário é fundamental no embasamento.
As relações 2ª são anônimas devido a qualquer um poder representá-las, tornando o fator afetivo mais distante. Porém é menos subjetivo e mais fácil de anular. Isso estabelece distância do EU total e sua realidade. No entanto a socialização 2ª nos possibilita o saber e o conhecimento, seja intrínsecas ou não.
Na Socialização 2ª há transformação da realidade do indivíduo. Com isso há maior grau de afetividade necessária, quando o ser se “entrega e se sacrifica”.

- Declínio da instituição família: CONSERVAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE SUBJETIVA

Há diversos movimentos e procedimentos para conservar a realidade subjetiva apreendida na consciência individual contra metamorfoses e situações marginais. A rotina é algo que conserva a realidade.
EXEMPLO: TREM
É pela conservação da identidade que define-se a realidade objetiva e a manutenção da realidade subjetiva. Existem os “coros”. São as pessoas ao redor que definem sua identidade e relações que mantém sua realidade. Seja degradante ou não. Conforme o grau de proximidade, maior a influência na realidade.
O diálogo/conversa, são veículos pertinentes na conservação da realidade ao modificar e reconstruir a realidade subjetiva, além de conservar a coerência dum mundo julgado como verdadeiro. A perca da casualidade assinala a quebra de rotinas e ameaça a realidade conservada verdadeira.
A conversa modifica a realidade ao abandonar, acrescentar ou explicar, pela discussão, experiências vividas ou que estão no consciente. É a atualização necessária do ser-humano, que de frente com o emprego da língua, mantém a realidade.
A descontinuidade é uma ameaça as relações. Quem supri a falta dela são as correspondências ou conversas intensas e freqüentes. Mas é a conversa face-a-face que intensifica as relações e a conservação da realidade subjetiva.
A dúvida pode ser uma desintegradora da realidade. Para isso há procedimentos contra colapsos. Rituais coletivos se institucionalizam nas catástrofes ou procedimentos conservadores da realidade são estabelecidos para enfrentar estrangeiros que possuem outra realidade. Se faz uma “higiene mental” ao se ter contato com outra realidade.
Devemos pensar que: Viver em sociedade acarreta processos contínuos de modificação da realidade subjetiva. Isso é ALTERNAÇÃO. Ela se dá pela re-socialização e assemelha-se a socialização primária. No entanto é diferente porque o ser deve desmantelar e desintegrar a estrutura subjetiva. Para isso é necessária a interação.
O maior protótipo da alternação é a conversão religiosa. Sendo importante, também, conservá-la, levar a sério e ser plausível. É a comunidade/meio que dá plausividade a nova realidade (A doutrinação política e a psicoterapia imitam a religião).
Concluí-se que as transformações são comuns na sociedade contemporânea devido a mobilidade social ou treinamento profissional. Ela é aceitável porque se insere na realidade, mas também cria problemas para conservar coerência entre os primeiros e os tardios elementos da realidade subjetiva. Cabe a re-socialização e a interpretação do passado para harmonizar a realidade presente.

A INTERIORIZAÇÃO E A ESTRUTURA SOCIAL: A socialização realiza-se sempre no contexto duma estrutura social específica. Para que haja sucesso, deve haver estabelecimento de um elevado grau de simetria entre a realidade objetiva e subjetiva. A socialização totalmente bem sucedida, antropologicamente é impossível. A mal sucedida é rara e limitada a casos de indivíduos em graves condições patológicas orgânicas.
O sucesso se dá pela simples divisão do trabalho e mínima distribuição de conhecimento. Com isso, as identidades são socialmente pré-definidas e delineadas.
Ao assumir o papel social, suas identidades são definidas (soldado/fidalgo), sendo que tais, são desconhecidas por todos, mas que se tonam definidas pela superfície na sociedade e na escala.
Há casos de socialização imperfeita, como o leproso. Ele não vive na sociedade em geral, mas sim no mundo dos leprosos. Isso imperfeição gera a perfeição mais adiante.
Outro caso da socialização imperfeita é quando o ser, na socialização primária, se separa com biografias distintas. É cito a criança, filha de aristocratas, educada por uma ama camponesa. Pode haver assimetria social escondida em biografia pública e privada. A discrepância é comum, mas a socialização imperfeita cria complexos e crises de identidade externada e materializada.
Discordâncias entre a socialização primária e secundária conduzem a socialização imperfeita. Ela é visível em realidades e identidades subjetivas opostas. O exemplo está no sujeito que não realizou sua identidade subjetiva escolhida, tornando-a fantasia. O fato gera tensões e inquietudes.
A manipulação é comum quando se veste, deliberadamente e de propósito, uma interiorização não afetiva duma nova realidade. Seu uso se dá por diversas finalidades. A consternação é comum em mundos discrepantes e com base no mercado. O papel, no qual pode desliga-se em sua consciência, desempenha, muitas vezes, fins de manobra.
O SER REPRESENTA O QUE NÃO É. SUPÕE SER AQUILO QUE É. ISSO NÃO É DE SE RECRIMINAR, MAS SE TORNA TÍPICO NA SOCIEDADE INDUSTRIAL PLURALISTA CADA VEZ MAIS DINÂMICA.

TEORIAS SOBRE A IDENTIDADE: A identidade, formada por processos sociais, é elemento chave da realidade subjetiva. Uma vez cristalizada, é mantida, modificada ou remodelada pelas relações e estruturas sociais.
A identidade se cria pela dialética entre teoria e realidade. São comuns problemas quando há conflito entre identidade subjetiva e atribuições sociais de identidade. Para reverter quadros patológicos negativos, existem os psicólogos e os psiquiatras. (Cito horário/data. Não sabe porque é louco ou veio do oriente ou casos de possessão demoníaca/neurose, explicadas empiricamente/experiência na vida social cotidiana).

ORGANISMO E SOCIEDADE: O organismo afeta cada fase da construção da realidade, sendo ele também afetado pelas atividades. “A animalidade do homem transforma-se em socialização, mas não é abolida”. A animalidade e socialidade coexistem. Assim a dialética entre natureza e sociedade renova-se em cada indivíduo. É a dialética entre o substrato biológico do indivíduo e sua identidade socialmente produzida.
Fatores biológicos limitam a gama de possibilidades sociais abertas a qualquer indivíduo. Por outro lado a sociedade impõe limites ao ser biológico. Exemplos como longevidade, sexo e nutrição são comuns e determinados pela sociedade.
A socialização causa frustração biológica, quando o esfomeado ou o sonolento não podem atender suas necessidades. Porém a existência social depende da resistência biológica do indivíduo como legitimação ou institucionalização.
Tendo conhecimento de que é um organismo, existe a constante e dialética luta entre o “eu-superior” e um “eu-inferior”. A equiparação é feita entre a identidade social e sua animalidade social. Isso faz o “eu-social” vencer o substrato biológico.

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