Além de paixões nacionais, música e futebol são dois parceiros
antigos e com memoráveis páginas na história do nosso país. A criatividade,
conceito de ritmo e jogadas surpreendentes unem ambas em expressões que ganham
sentido no Brasil como em poucos países do mundo, como: improviso, ginga,
suingue, ritmo, harmonia e direção. Não por acaso, os jogadores são ligados em
música. E os grandes compositores nacionais dedicaram versos e melodias ao
famoso esporte.
Gravado pela primeira vez em 1946, o choro “Um a zero” de Benedito
Lacerda e Pixinguinha, foi composto
em 1919, com o intuito de celebrar a conquista da Seleção Brasileira sobre o
Uruguai no campeonato sul-americano de futebol.
Convidados pelos diretores Paulo Laender e Ricardo Gomes Leite
para compor a trilha sonora do filme “Tostão, a Fera de Ouro”, Milton
Nascimento e o letrista Fernando Brant escreveram canções que ultrapassaram o
período enfocado. “Aqui é o país do futebol” é um samba cuja letra exalta o
poder de atração do esporte sobre os brasileiros.
Jorge Benjor com seu samba que dialoga com o rock, o funk e a soul
music é um cronista da vida brasileira, narrando histórias interessantes sobre
malandros, brasileiros de origem simples, mulheres, a cena carioca e até os mais
queridos santos de devoção nacional como São Jorge, São Valentim e São Tomaz de
Aquino. Apaixonado por futebol e torcedor do Flamengo, Benjor é talvez o autor
que mais dedicou melodias a esse esporte: “Umbabarauma: o homem gol”, “Fio
Maravilha”, “Cuidado com o Buldog”, “Cadê o pênalti”,“O nome do Rei é Pelé”,“Eu
vou torcer” e a famosa “País Tropical”.
Garrincha pendurou as chuteiras em 1972, ao defender o seu último
clube profissional, o Olaria. Sua vida pessoal dramática bem como as jogadas
geniais foram narradas pelo compositor Alberto Luiz na “Balada Número 7: Mané Garrincha”, de 1971 e que foi gravada por Moacyr
Franco.
Em 1973, Gilberto Gil homenageia o jogador Afonsinho, habilidoso
meia do Fluminense que tinha uma combativa postura contra a ditadura militar
instaurada no Brasil desde 1964. “Meio de campo” foi gravada por Elis Regina e
ainda cita Tostão e Pelé.
“Camisa 10” (samba,
1974) de Hélio Matheus e Luís Vagner ficou imortalizada na voz de Luiz Américo
e ainda hoje embala seus shows.
Outro apaixonado pelo
futebol e que tem seu próprio time (o Politheama), Chico Buarque torce pelo
Fluminense e o esporte é citado em versos de várias de
suas músicas, como "O Futebol" (com a homenagem ao ídolo de infância
Pagão) e “Ilmo Ciro Monteiro” (a hilária resposta ao amigo que presenteou a
recém-nascida filha Silvia com uma camisa do Flamengo).
Mais recentemente, os Paralamas do Sucesso regravaram no disco Bora Bora
(de 1988) o antológico samba “1 a 1”, de Edgar Ferreira: “Esse jogo não é um a um, (se o meu time perder tem zum-zum-zum),
Esse jogo não pode ser um a um”...
E, em 1996, Nando Reis e Samuel Rosa escreveram “Uma partida de
futebol”, que virou hit no álbum “O samba Poconé”, do
grupo Skank. A parceria futebol e música é ampla e com certeza ainda render muitas
obras primas e grandes alegrias ao povo brasileiro!
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