Uma
grande discussão de hoje é a inserção cultural das minorias e da diversidade
social que faz parte do cotidiano do Brasil. É um esforço que áreas como a
educação, sociologia, jornalismo e a cultura tem feito para que o debate e a
inserção sejam reconhecidos como legítimos e provoquem na sociedade a
necessidade de rever conceitos ultrapassados e excludentes.
Vista
como matéria que os pertence, os grupos dominantes sempre são surpreendidos
quando a cultura revela sua face libertadora e acolhedora para os mais fracos.
Isso aconteceu na Europa quando jovens plebeus dominaram a música erudita e
foram reverenciados por reis e sacerdotes como Haydn e Beethoven. Isso se deu
no Brasil quando poetas, artistas plásticos e intelectuais se colocaram contra
a escravidão e convenceram jovens idealistas de famílias ricas a trocarem jóias
pela alforria de negros.
A Semana
de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, rompeu com a arte tradicional e
acadêmica para revelar o Brasil que já pulsava nas ruas e festas rurais pela
espontaneidade de danças e cantos dos sertanejos, negros e indígenas. Uma
cultura desconhecida pelos estudiosos de então e que provocou furor quando os
artistas a colocaram em primeiro plano.
Mário
de Andrade conta em seu trabalho sobre o samba rural paulista, que numa visita
a esta festa tradicional de negros nos anos 30, precisou chamar a atenção de um
colaborador que questionava porque um intelectual como ele dedicava tempo e
estudo aquele povo inculto e pobre. O autor de Macunaíma faz uma reflexão sobre
preconceito e falta de talento do assessor para as coisas do povo e conta que o
mesmo pouco contribuiu nas pesquisas.
Ao
longo do século XX, o direito ao voto, a consolidação da democracia e as leis
de compensação passam pela cultura nacional (cinema, TV, música e literatura)
como voz do clamor social e instrumento de luta e divulgação.
No
campo das minorias e da vitória da vida sobre o preconceito, o cinema e a
teledramaturgia têm prestado grandes serviços ao inserir portadores de
necessidades especiais, cegos, cadeirantes e downs em filmes, séries e
novelas. É o caso do conhecido Luiz
Felipe Badin, ator e pianista que superou o estigma das pessoas com Down e
brilhou em novelas como “O Mapa da mina” e “Coração de Estudante”. O bom de
tudo isso é mostrar a humanidade a história de pessoas e personagens da ficção,
aproximando-as do público e dando possibilidade de maior compreensão e afeto.
Por
outro lado, a sociedade atual está dividida por ideologias e tecnologias que
acentuam os problemas de identidade e aceitação. Nesse campo, mais uma vez a
cultura pode influenciar na tolerância e no conhecimento sobre o outro, fazendo
com que esta mesma sociedade possa oferecer mais dignidade e respeito aos
demais.
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