O que é
Linguística Textual e Texto?
A autora Ingedore Kock, no livro “Introdução a linguística
textual”, entre as diversas concepções que fundamentaram os estudos em
lingüística textual, ressalta as seguintes definições de texto: Frase complexa
ou signo lingüístico mais alto na hierarquia do sistema lingüístico (concepção
da base gramatical); signo complexo (concepção de base semiótica); expansão tematicamente
centrada de macroestruturas (concepção de base semântica); ato de fala complexo
(concepção de base pragmática); discurso “congelado”, como produto acabado de
uma ação discursiva (concepção de base discursiva); meio especifico de
realização da comunicação verbal (concepção de base comunicativa); processo que
mobiliza operações e processo cognitivos (concepção de base cognitivista) e; lugar
de interação entre atores sociais e de construção interacional de sentidos (concepção
de base sociocognitiva-interacional).
Na mesma obra ela cita que a época
do surgimento da Linguistica Textual foi na segunda metade da década de 60 e na
primeira metade da década de 70. A Linguistica Textual teve como preocupação básica
o estudo dos mecanismos interfrásticos que são parte do sistema gramatical da
língua, cujo uso garantiria duas ou mais sequências do estudo de textos. Entre
os fenômenos a serem explicados, contava-se a co-referência, a
pronominalização, a seleção do artigo (definido/indefinido), a ordem das
palavras, a relação tema/tópico-rema/comentário, a concordância dos tempos
verbais, as relações entre enunciados não ligados por conectores explícitos,
diversos fenômenos de ordem prosódica entre outros. Os estudos seguiam
orientações heterogêneas de cunho estruturalista, gerativista e funcionalista. O
texto era concebido como “frase complexa”, “signo lingüístico primário”
(Hartmann, 1968), “sequência coerente de enunciados” (Isenberg. 1971) e “cadeia
de pressuposições” (Bellert, 1970).
Os
lingüistas observaram a necessidade de ir mais além nos estudos da abordagem
sintático-semântica, visto ser o texto a unidade básica de
comunicação/interação humana. A adoção da perspectiva pragmática vai se impondo
e conquistando proeminência nas pesquisas sobre o texto: surgem as teorias de
base comunicativa, nas quais ora apenas se procurava integrar sistematicamente
fatores contextuais na descrição dos textos. Com isso, a pesquisa em
Linguistica Textual ganha uma nova dimensão: já não se trata de pesquisar a
língua como sistema autônomo, mas sim o seu funcionamento nos processos
comunicativos de uma sociedade concreta. Passam a interessar os “textos-em-funções”.
Isto é, os textos deixam de ser vistos como produtos acabados, que devem ser
analisados sintática ou semanticamente, passando a ser considerados elementos
constitutivos de uma atividade complexa como instrumentos de intenções
comunicativas e sociais do falante (Heinemann 1982).
Desta forma, na metade dos anos 70
passa a ser desenvolvido um modelo de base que compreendia a língua como uma
forma especifica de comunicação social, da atividade verbal humana,
interconectada com outras atividades (não linguísticas) do ser humano. Heinemann
& Viehweger (1991), em sua “Introdução à Linguistica do Texto”, asseveram
que os pressupostos gerais que regem esta perspectiva podem ser assim
resumidos: usar uma língua significa realizar ações. Esta ação verbal constitui
uma atividade social efetuada por indivíduos sociais com o fim de realizar
tarefas comunicativas, ligadas com a troca de representações, metas e
interesses. Ela é parte de processos mais amplos de ação pelos quais é determinada;
a ação verbal é sempre orientada para os parceiros da comunicação, portanto é também
ação social, determinada por regras sociais; a ação verbal realiza-se na forma
de produção e recepção de textos. Os textos são, portanto, resultantes de ações
verbais/complexos de ações verbais/estruturas locucionais que estão intimamente
ligadas com a estrutura proposicional dos enunciados; a ação verbal consciente
e finalisticamente orientada origina-se de um plano/estratégia de ação. Para
realizar seu objetivo, o falante utiliza-se da possibilidade de operar escolhas
entre os diversos meios verbais disponíveis. A partir da meta final a ser
atingida, o falante estabelece objetivos parciais, bem como suas respectivas
ações parciais. Estabelece-se, pois, uma hierarquia entre os atos da fala de um
texto, dos mais gerais aos mais particulares. Ao interlocutor cabe, no momento
da compreensão, reconstruir essa hierarquia; os textos deixam de ser examinados
como estruturas acabadas (produtos), mais passam a ser considerados no processo
de sua constituição, verbalização e tratamento pelos parceiros da comunicação.
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