sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Violeiros de Londrina preservam a cultura popular através da música


A melhoria dos espaços na Rádio Nova Geração propiciou a entrega de vários itens, como a geladeira doada pelo comerciante Wilson Cardoso Aguiar, proprietário do Bar Cardoso, em Londrina. Casado com Simone Leite, filha do vereador Adir Leite, Wilson Cardoso é funcionário público aposentado e tem o bar há cinco meses. Antes ele funcionou como Ted´s Bar. “Vou a Jataizinho com frequência e sempre me recepcionam bem. Após ir ao programa da Rádio Nova Geração, reúno-me com amigos no Bar do Serginho ou no Posto Água Branca, da Família Vieira. A cidade tem potencial para desenvolver rota gastronômica e turística devido os restaurantes rurais e ilhas do Baiano e Luís Quitério”, diz.
            Uma peculiaridade do Bar Cardoso é a música de viola com duplas e comitivas, como a Saquarema, de José Carlos Funes. “Tudo começou numa brincadeira que hoje reúne cantadores e violeiros famosos, como Rossi, Luiz Meneguini, Humberto (Japonês da Viola), Alcino Alves, Manoel e Mineirinho, Lucas e Léo e demais violeiros. Outro integrante é Lauro Natel, que escreve músicas para cantores e duplas famosas como Teodoro e Sampaio e Rio Negro e Solimões. Seu trabalho é reconhecido Brasil afora e atualmente ele grava o CD “La Natel feito em casa”, com trechos de berrante.
            Funes e Natel viveram na roça, carregam tradições e recordações do rádio, como programas do Siqueira Martins. “A viola retrata o caipira. Nasci no Patrimônio Regina, em Londrina e de lá trouxe a vivência no campo e costumes”, relata Funes, pai de Igor Funes da banda gospel Teatro dos Anjos. Lauro Natel veio de Ponta Grossa, do distrito de Faxinal dos Índios. Em versos ele disse: “Quando criança nunca imaginei que pegaria na caneta para escrever versos. Mas quando me chamaram para vim a Londrina sabia apenas seu nome. Diziam que era a Capital Mundial do Café e havia muito emprego. Era algo cosmopolita. Saímos em três amigos de Ponta Grossa e Londrina nos recebeu de braços abertos”, recorda. Natel começou a tocar na igreja com o Zé da Viola e gravavam as Edições Paulinas com apoio do Padre Zezinho. “Nem sonhava com o sertanejo. Quando o Zé da Viola fez dupla com o Diplomata comecei a escrever”, diz o violeiro que tem gravada mais de 200 músicas e se orgulha em resgatar e preservar a tradição caipira. “O sertanejo é popular e cria a identidade local. É importante os jovens manterem a cultura caipira escrevendo, produzindo e tocando músicas que valorizem o trabalho rural, a enxada, o gado, a roça e os amores. São manifestações populares”, diz o violeiro, que tem uma extensa coleção de vinil e fitas K7.
            Membro da Comitiva Saquarema, Ted do Berrante toca o instrumento desde os cinco anos, quando morava em Rondonópolis, no Pantanal. “Tocava boiada com mais de 600 cabeças do gado Nelore. Com o fim das comitivas abandonei a profissão, mas preservo a tradição da música caipira”, pontua Ted do Berrante, que se reúne com a Companhia da Viola quinzenalmente na AABB, em Londrina.


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