domingo, 23 de fevereiro de 2020

É truco, seu rato velho!


Uma cena comum em Ibiporã é o aglomerado de pessoas na Praça Pio XII, que diariamente jogam baralho. Osvaldo Vicentino, de 77 anos, é um deles. Frequentador assíduo das rodas de baralho, há cerca de doze anos ele se aposentou como servidor publico, sendo que ali, ele se reúne com amigos. “Moro no Las Vegas e todos os dias, às sete horas da manhã começamos as partidas, onde fico, mais ou menos, até a hora do almoço. Somos em oito pessoas que variam os parceiros. Mas, sempre que posso jogo com meu irmão, o Nelson Vicentini. Diariamente, mais de 40 pessoas jogam baralho na praça, sendo no estilo “leite de pato”, ou seja, não vale nada, apenas a diversão”, cita
O aposentado recorda que o local é antigo e a estrutura foi construída pela Prefeitura. “O trucódromo tem cobertura, banheiro, mesas e bancos. Trazemos toalha para cobrir a mesa, baralho e fichas de marcar pontos. No decorrer do jogo os ânimos se exaltam e a gritaria é alta, principalmente à tarde. Aqui o baralho corre solto o dia todo, de domingo a domingo. São seis mesas de concreto e se quiser jogar é só ficar de lado que logo alguém chama para a parceria no truco ou escopa”, afirma.
Questionado sobre a origem do “trucódromo”, Osvaldo Vicentino relata que os idosos se reuniam nos fundos da Igreja Matriz, no antigo campo de bocha, para jogar baralho. No entanto a igreja fez diversas construções no local e o “trucódromo” foi reinstalado na praça.
Outro frequentador assíduo é Sidnei Aparecido, morador da Vila Romana. “As partidas começam em torno das seis horas da manhã. A maior parte é de aposentados, sendo que alguns vêm de Londrina e Jataizinho para jogar”, relata.
Nelson Oliveira Barbosa, morador da Serra Pelada, confirma a fala de Sidnei Aparecido. “Há mais de 40 anos o pessoal faz o carteado aqui na cidade. É proibido jogar valendo dinheiro. Porém fazemos uma vaquinha para comprar batidinha de amendoim e jurubeba. Cada um toma um golinho e se sociabiliza. Agora, jogar valendo dinheiro, é só no campo de bocha. Aqui já é uma gritaria e converseiro, imagina se valesse? Pode até dar confusão”, diz aos risos.
Nesse clima de jogo e amizades, apelidos não faltam, como “rato velho”, velho gordo”, “barrigudo”, “espantalho”, “velho carçudo”, “bêbado”, “trouxa”, “bocó” ou “ladrão”. Brincadeiras a parte, o jogo vai até as 18 horas. A partir deste horário encosta a “pingaiada” e os “maconheiros”, tornando o ambiente mais pesado.

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