sábado, 22 de fevereiro de 2020

Ritmos do Carnaval (Por Aldo Moraes)


O auge do carnaval brasileiro é o desfile das escolas de samba, na Sapucaí, no Rio de Janeiro. O espetáculo começou no século 19 com o entrudo, virou blocos de fantasias e depois se organizou ao som de tamborins, caixas e surdos. A diversidade da expressão cultural brasileira fez que tenhamos festas e ritmos diferentes que se moldam à luz da história e das características de cada região.
A marcha-rancho “Ó abre-alas” de Chiquinha Gonzaga praticamente inaugura o carnaval moderno. Este ritmo mais lento nasce como sugestão para bailes em salões e blocos de ruas. Seu lirismo nos deu também “As pastorinhas” (Noel Rosa/João de Barro); “Bandeira Branca” (Max Nunes/Laércio Alves) e “Máscara Negra” (Zé Ketti/Pereira Matos).
Sua versão mais acelerada e humorística é a marchinha destinada ao povo pular e brincar o carnaval nas ruas e salões: “Cachaça é água” (Marinósio Trigueiros Filho); “Mamãe eu quero” (Vicente Paiva/Jararaca); “Taí” (Joubert Carvalho) e “Jardineira” (Benedito Lacerda/Humberto Porto).
Em Pernambuco, uma criação inspirada na marcha originou o frevo (de ritmo mais acelerado e com acentuação no tempo fraco do compasso). Tanto o frevo tradicional quanto o frevo canção deram pérolas cantadas em todo o país como “Frevo Mulher” (Zé Ramalho); “Festa do interior”; “Roda e avisa” (J. Michiles) e “Madeira que cupim não rói” (Capiba). Pernambuco se destaca pelo do maracatu no carnaval de rua e nos palcos de Recife e do interior.
Na Bahia, canções e temas instrumentais acelerados marcam os trios elétricos. Olodum, Filhos de Gandhi e Timbalada trazem a magia de ritmos criados por seus músicos como samba-reggae e o resgate do afoxé. Ou seja, ritmos e danças não faltam nesta festa popular.
O samba é o grande gênero da música brasileira que representa o carnaval. Uma de suas variações, o samba-enredo, é a forma adequada para o tipo de carnaval que praticam as Escolas de Samba. Ele sustenta musicalmente o desfile e a letra conta à história que a escola procura abordar.
Grandes autores escreveram sambas para o carnaval. É o caso de Noel Rosa; Herivelto Martins; Ary Barroso; Martinho da Vila; Ataulfo Alves; Luis Carlos da Vila e Arlindo Cruz. Com a chegada do samba-enredo abriu-se espaço para a competição entre compositores e muitos se tornaram clássicos que resistem ao tempo, como: 1964 – Império Serrano – "Aquarela Brasileira" (Silas de Oliveira); 1969 – Salgueiro – "Bahia de Todos os Deuses" (Bala e Manuel Rosa); 1976 – Império Serrano – "A Lenda das Sereias, Rainha do Mar" (Vicente Matos, Dinoel e Veloso); 1978 – Beija-Flor – "A criação do mundo na tradição nagô" (Neguinho da Beija-Flor, Gilson Dr. e Mazinho); 1978 – União da Ilha – "O Amanhã" (João Sérgio) e por exemplo, 1982 – Império Serrano – "Bumbum Paticumbum Prugurundum" (Beto Sem Braço e Aluisio Machado). Ou seja, a poesia e as músicas criadas para o carnaval têm o tamanho da beleza e da geografia do nosso Brasil!






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