sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

O que é Linguística Textual e Texto?


O que é Linguística Textual e Texto?

            A autora Ingedore Kock, no livro “Introdução a linguística textual”, entre as diversas concepções que fundamentaram os estudos em lingüística textual, ressalta as seguintes definições de texto: Frase complexa ou signo lingüístico mais alto na hierarquia do sistema lingüístico (concepção da base gramatical); signo complexo (concepção de base semiótica); expansão tematicamente centrada de macroestruturas (concepção de base semântica); ato de fala complexo (concepção de base pragmática); discurso “congelado”, como produto acabado de uma ação discursiva (concepção de base discursiva); meio especifico de realização da comunicação verbal (concepção de base comunicativa); processo que mobiliza operações e processo cognitivos (concepção de base cognitivista) e; lugar de interação entre atores sociais e de construção interacional de sentidos (concepção de base sociocognitiva-interacional).      
                                                                                                                            
Na mesma obra ela cita que a época do surgimento da Linguistica Textual foi na segunda metade da década de 60 e na primeira metade da década de 70. A Linguistica Textual teve como preocupação básica o estudo dos mecanismos interfrásticos que são parte do sistema gramatical da língua, cujo uso garantiria duas ou mais sequências do estudo de textos. Entre os fenômenos a serem explicados, contava-se a co-referência, a pronominalização, a seleção do artigo (definido/indefinido), a ordem das palavras, a relação tema/tópico-rema/comentário, a concordância dos tempos verbais, as relações entre enunciados não ligados por conectores explícitos, diversos fenômenos de ordem prosódica entre outros. Os estudos seguiam orientações heterogêneas de cunho estruturalista, gerativista e funcionalista. O texto era concebido como “frase complexa”, “signo lingüístico primário” (Hartmann, 1968), “sequência coerente de enunciados” (Isenberg. 1971) e “cadeia de pressuposições” (Bellert, 1970).                                                                   

Os lingüistas observaram a necessidade de ir mais além nos estudos da abordagem sintático-semântica, visto ser o texto a unidade básica de comunicação/interação humana. A adoção da perspectiva pragmática vai se impondo e conquistando proeminência nas pesquisas sobre o texto: surgem as teorias de base comunicativa, nas quais ora apenas se procurava integrar sistematicamente fatores contextuais na descrição dos textos. Com isso, a pesquisa em Linguistica Textual ganha uma nova dimensão: já não se trata de pesquisar a língua como sistema autônomo, mas sim o seu funcionamento nos processos comunicativos de uma sociedade concreta. Passam a interessar os “textos-em-funções”. Isto é, os textos deixam de ser vistos como produtos acabados, que devem ser analisados sintática ou semanticamente, passando a ser considerados elementos constitutivos de uma atividade complexa como instrumentos de intenções comunicativas e sociais do falante (Heinemann 1982).
                                                                                                                                 
Desta forma, na metade dos anos 70 passa a ser desenvolvido um modelo de base que compreendia a língua como uma forma especifica de comunicação social, da atividade verbal humana, interconectada com outras atividades (não linguísticas) do ser humano. Heinemann & Viehweger (1991), em sua “Introdução à Linguistica do Texto”, asseveram que os pressupostos gerais que regem esta perspectiva podem ser assim resumidos: usar uma língua significa realizar ações. Esta ação verbal constitui uma atividade social efetuada por indivíduos sociais com o fim de realizar tarefas comunicativas, ligadas com a troca de representações, metas e interesses. Ela é parte de processos mais amplos de ação pelos quais é determinada; a ação verbal é sempre orientada para os parceiros da comunicação, portanto é também ação social, determinada por regras sociais; a ação verbal realiza-se na forma de produção e recepção de textos. Os textos são, portanto, resultantes de ações verbais/complexos de ações verbais/estruturas locucionais que estão intimamente ligadas com a estrutura proposicional dos enunciados; a ação verbal consciente e finalisticamente orientada origina-se de um plano/estratégia de ação. Para realizar seu objetivo, o falante utiliza-se da possibilidade de operar escolhas entre os diversos meios verbais disponíveis. A partir da meta final a ser atingida, o falante estabelece objetivos parciais, bem como suas respectivas ações parciais. Estabelece-se, pois, uma hierarquia entre os atos da fala de um texto, dos mais gerais aos mais particulares. Ao interlocutor cabe, no momento da compreensão, reconstruir essa hierarquia; os textos deixam de ser examinados como estruturas acabadas (produtos), mais passam a ser considerados no processo de sua constituição, verbalização e tratamento pelos parceiros da comunicação.

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