sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Elementos da coesão


Elementos da coesão

Os elementos de coesão são divididos em anáforas, dêixis, anáfora indireta, anáfora encapsula, catáfora e introdução referencial.                                 
A anáfora, segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “é a repetição de uma ou mais palavras no principio de duas ou mais frases; membros da mesma frase ou; de dois ou mais versos. A anáfora é um elemento lingüístico referencial não independente, mas ligada a um termo antecedente”. O dicionário Houaiss a cita como “o processo pelo qual um termo gramatical retoma a referência de um sintagma anterior usado na mesma frase”. No livro “Os sentidos do texto”, de Mônica Magalhães Cavalcante, a anáfora se refere à continuidade referencial e a retomada de um referente por meio de novas expressões.                                                                                             
Os termos, já mostrados no texto, mas em outras palavras, são conhecidas por anáfora diretas ou correferenciais, que tem por objetivo retomar o referente. Um exemplo comum são os pronomes, como “ele”, que substitui nome. O leitor, ao retomar o texto e observar a anáfora, tem plenas condições de interpretação devido o termo ancorar algo dito antes, indicando a associação. A anáfora ativa um novo objeto de discurso, cuja interpretação é dependente de dados introduzidos.          
                                                                         
A anáfora indireta evidencia essencialmente três aspectos: a não vinculação da anáfora com a correferencialidade; a introdução de referente novo e; o status de referente novo expresso no cotexto conhecido. As anáforas indiretas têm recebido relevante atenção nos estudos da linguagem. Segundo Cavalcante (2004), “as anáforas indiretas são continuidades referenciais sem retomada, apenas com remissão a uma âncora no texto.” Para Koch (2004), igualmente, temos anáforas indiretas toda vez que um novo objeto-de-discurso é introduzido no texto a partir do modo dado em razão de estabelecer algum tipo de relação com elementos presente no texto ou no contexto sociocognitivo, passível de ser estabelecida por associação e, também, por inferência.                            
Numa tentativa de classificar as anáforas indiretas, Koch (2002) propõe as condições semântico (baseadas no léxico), conceitual (baseadas no conhecimento de mundo e esquemas) e inferencial (inferencialmente baseadas). Em razão de tanta heterogeneidade, suscitam-se questionamentos acerca de as anáforas indiretas poderem ou não ser explicadas de maneira consensual como fenômenos referenciais e de coerência, e em que medida isso pode ser feito. Contudo, Koch (2002) levanta alguns pontos fundamentais e princípios super ordenados. A autora afirma que todos os tipos de anáforas indiretas são explicáveis como referência textual dependente de domínios. Assim, todas as anáforas indiretas seriam a expressão explícita de relações de coerência implícita em estruturas textuais. Como tal, a interpretação de cada anáfora indireta desencadeia um processo de estabelecimento de relações semânticas ou conceituais. Ademais, as anáforas indiretas, consideradas do ponto de vista da estrutura informacional, constituem tematizações remáticas que acarretam no texto continuidade e progressão no fluxo informacional. Quanto a dêixis, elas são expressões referenciais que tanto podem introduzir objetos de discurso como podem os retomar. Um dêitico pode constituir uma introdução referencial ou compor uma retomada anafórica. O que chama a atenção para o dêitico é ocorrência de certas expressões que só podem ser plenamente entendidas se o interlocutor souber algumas coordenadas do enunciador como quem fala, para quem fala, de onde fala e quando se fala. Ou seja, a adequação e interpretação das expressões dêiticas necessitam de coordenadas no tempo e espaço que vão além do que está explícito no texto. A necessidade de tais coordenadas é fundamental para o fenômeno que diz respeito à localização e identificação em diversos aspectos com pessoas, objetos e eventos.                                                                                                                  
Quanto à expressão referencial, ela remete ao que não se acha representado no texto, mas cuja imagem pode ser dividida no tempo/espaço real. Isto exige que o interlocutor suponha quem é o enunciador e saiba identificar dentre os objetos que o cercam qual deles se aproxima da imagem que o falante constituiu. As expressões referenciais para serem reconhecidas exigem que se saiba quem fala, com quem se fala e onde se fala.                                   
A anáfora encapsulada é entendida como uma expressão referencial que recupera uma parte do texto/discurso e não apenas como um referente pontual por meio de nominalizações, rótulos ou dêiticos. Segundo Cavalcante (2003) os encapsulamentos estão entre as anáforas indiretas e diretas, porque, se por um lado não existe um referente pontual e específico ao qual a anáfora remeta, também se pode dizer que ela recupera (sem retomar), de alguma forma, um trecho qualquer que já foi ou será apontado no co(n)texto. Para Koch (2004; 2005), esse tipo de anáfora funciona tanto para rotular determinado trecho do texto, transformando-o em objeto-de-discurso e, assim, auxiliando na progressão textual, como ir mais além, contribuindo para avaliações subjetivas.                                                                                                        
As catáforas fazem referência a um termo subsequente, estabelecendo com ele uma relação não autônoma, portanto, dependente. Para compreender a catáfora é necessário interpretar o termo ao qual faz referência.                       

Por exemplo: A irmã olhou-o e disse: - João está com um ar cansado.
            
O pronome “o” faz referência ao termo subsequente “João”, de modo que só se pode compreender a quem o pronome se refere quando se chega ao termo de referência.
A catáfora é um tipo de anáfora, pois estabelece os mesmos tipos de relação coesiva entres os termos, porém o termo anafórico se encontra antes do termo referente, acontecendo exatamente o contrário nas demais tipos de anáforas.

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