quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A história de Telêmaco Borba


A Colônia Militar e Aldeamento Indígena, hoje atual Jataizinho, tiveram um personagem ilustre do Paraná, que poucos sabem que viveu um período na região, sendo que no cartório foi registrado o nascimento de uma de suas filhas. Seu nome era Telêmaco Borba.

 Seu  nome  completo  era  Telêmaco  Augusto  Éneas  Morocines  Borba.  Nascido em  15  de setembro de 1840, em Curitiba, era filho de Vicente Antonio Rodrigues Borba (capitão veterano de guerra)  e  Joana  Hilária  Morocines  (uruguaia,  descendente  dos  doges de  Veneza).  Sua  obra  está intimamente  ligada  a  trajetória  de  sua  vida  pessoal. Passou  a  infância  e  boa  parte  da  adolescência nas cercanias de Curitiba, em Borda do Campo (hoje Piraquara), sempre acompanhando de perto a atuação  de  seu  pai  como  militar  e  vivenciando  vários  processos  políticos,  como  a  emancipação política do Paraná. Não localizamos nenhum material que nos permitisse falar de sua infância. As poucas referências sobre esse período de sua vida estão no livro escrito por VARGAS (1970) que é seu tataraneto e que escreveu uma biografia romanceada sobre a vida de seu tataravô. Telêmaco Borba casou-se  com  Rita  Maria  do  Amaral,  filha  do  amigo  comerciante  em  1860, quando  tinha  20  anos  e  com  ela  teve  nove  filhos.  Em 1861  mudou-se  com  sua  família  para  a Colônia Militar do Jataí, por estar cansado da vida sedentária do comércio. 

A Colônia Militar do Jataí, fundada em 1851, por influência do Barão de Antonina e era um importante  núcleo  de  defesa  dos  limites  territoriais  do  país.  Foi  criada,  por  recomendação  de  dois exploradores: John Elliot e Joaquim Francisco Lopes. Sua posição geográfica era fundamental aos meios  de  proteção  dos  interesses  nacionais, pois  estava  situada  no  fim  da  estrada  carroçável  que ligava  o  porto  de  Antonina  a  uma  rede  de  rios  navegáveis.  Na  hipótese  de  uma  guerra,  poderia servir  para  o  transporte  de  munições  e  de  guarnições  para  as  fronteiras  com  as  nações  vizinhas. Também  informam  as  fontes,  que  o  governo  decidiu  dar  a  Colônia  a  atenção  merecida.  Para “catequizar”  os  índios  que  povoam  a  região  ao  longo dos  rios,  o  governo  decidiu  criar  um aldeamento na outra margem do rio Tibagi, em frente à colônia militar, chamando Aldeamento de  São  Pedro  de  Alcântara.  Para  dirigir  o  aldeamento  convoca  Frei Timóteo  de  Castelnuovo  - “que  tinha  como  dever  incutir  conhecimentos  gerais, de  arte  e  de religião aos índios Kaingang cuja etnia dominava a área”.

Para o Presidente da Província do Paraná, Joaquim do Carmo, não bastava à implantação de uma  Colônia  Militar  no Jataí  e  a  ação  missionária  dos  capuchinhos,  que  cumpriam  a  sua  parte,  na ocupação  e  posse  da  região.  Era  necessário  o  trabalho  paralelo  de  aproveitamento  do  braço indígena, pois os Kaingang atacavam e trucidavam as expedições, dificultando o desbravamento e a posse do território. O que estava faltando era o trabalho dos sertanistas para derrubar a mata e atrair os índios. Então decide convidar os irmãos Borba (Jocelim, Telêmaco e Nestor) para atuarem como sertanistas. Jocelim  segue  para  o  Aldeamento  de  Paranapanema,  Nestor  para  Guarapuava e Telêmaco para o Tibagi.

Registro de Nascimento da filha de Telêmaco Borba, que se encontra no Cartório de Jataizinho

N. 4. – Aos vinte nove dias do mez de Fevereiro do anno de mil oitocentos setenta e seis, neste lugar, districto de Subdelegacia de Policia da parochia de Nossa Senhora da Conceição do Jatahy, Municipio de tibagy, provincia do Paraná, compareceu no meu cartório Telemaco Morocines Borba e em presença das testemunhas abaixo nomeadas e assignadas, apresentou-me uma criança do sexo feminino e declarou: - Que no dia dous do mez de Fevereiro do anno de mil oitocentos setenta e seis, na casa de sua residência, nesta Colonia Militar, pelas duas horas da manhã, nascia a referida criança, filha de mulher livre, a qual é sua filha legítima, (ilegível) pela declarante, natural da Provincia de (ilegível) (ilegível), na Parochia de de São Sebastião de Porto Meira, da referida provincia com Rita Maria do Amaral Borba, natural da provincia acima declarada, brasileira, costureira, sendo ambos residentes nesta Colonia Militar do Jatahy; são avós da recem-nascida o capitão reformado do exercito Vicente Antonio Rodrigues Borba, já fallecido e Dona Hilaria digo Joanna Hilaria Morocines, tambem fallecida, pela parte paterna e Lupercio José do Amaral e Maria Marques dos Santos, ambos fallecidos, pela parte materna.
De que para constar lavrei este termo que leio perante o declarante e as testemunhas Antonio Joaquim Moreira Coelho, negociante e Antonio Diniz Gonçalves, feitor, todos moradores nesta Colonia Militar do Jatahy. Eu, Antonio Crispim de Oliveira Fernandes, escrivão juramentado da Subdelegacia de policia, o escrevi.

Antonio Crispim de Oliveira Fernandes
Telemaco Morocines Borba
Antonio Joaq.ni Moreira Coelho
Antonio Deniz Gonçalves





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