sábado, 19 de fevereiro de 2011

O amor!

Um dia quem sabe
Ele que também gostava de bichos
Apareça, Numa alameda do zólógico
Sorridente
Tal como agora está no retrato sobre a mesa
Ele é tão belo, que por certo hão de ressuscitá-lo,

Vosso trigésimo século ultrapassará o enxame
de mil nadas, que dilaceravam o coração
Então,
De todo o amor não terminado seremos pagos
Em inumeráveis noites de estrelas,
Ressuscita-me,
Nem que seja só porque ti esperava como um poeta
Repelindo o absurdo cotidiano!
Ressuscita-me
Nem que seja só por isso!
Ressuscita-me

Quero viver até o feim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos, concupiscência, salários...
Para que maldizendo dos leitos, saltando dos coxins,
O amor se vá pelo universo inteiro
Para que o dia que o sofrimento degrada.
Não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:

Camaradas!!
_ atenta, se volte a terra inteira.
Para viver longe dos nichos das casas,
Para que doravante a família
Seja o pai, pelo menos o universo
A mãe
Pelo menos a terra.

Maiakovski