terça-feira, 16 de setembro de 2008

Experiência como jornalista na Comunicação Popular e Comunitária.

Sou bacharel em Jornalismo, pela Universidade Estadual de Londrina. Desde 2005, após o curso, trabalhei como repórter na Rádio Comunitária Cincão FM.

A comunicação, especialmente a comunitária, é uma das formas libertária encontrada pelo homem e pela sociedade para expor necessidades e demonstrar atitudes de ordem organizacional e de formação, seja intelectual, educacional, social ou política. Independente de qual seja a forma de comunicação (fanzines, rádios, sites, impressos, folders, panfletagem, tv, etc), ela é o canal transformador responsável pela difusão das idéias, implica como instrumento na conscientização do coletivo e serve como multiplicador.

No atual contexto em que vivemos, onde a globalização, a cultura de massa e a indústria cultural são constantes ameaças as tradições locais, a comunicação comunitária surge para resgatar muitos valores populares perdidos. A afirmação é concisa a partir do momento que ela envolve os meios de comunicação locais feito pelos próprios habitantes de determinada localidade e onde haja a participação dos mesmos. Os exemplos são vários, como os jornais, as revistas, as rádios comunitárias ou rádios instaladas através de alto-falantes em escolas. Essa é a diferenciação: na comunicação comunitária: programação e produção feita pela comunidade. Por ser envolvente e local, ela não sai do foco principal, que é registrar o que acontece regionalmente e faz com que os moradores da região se identifiquem através de ferramentas emancipadoras e libertárias. É essa comunicação que identifica e resolve os problemas que os atingem.

Exemplos não faltam. Na Rádio Comunitária Cincão FM, existe um programa jornalístico, ao qual faço algumas participações. Numa das edições, uma ouvinte liga ao jornalístico e informa que estava sendo cobrada indevidamente, em sua fatura de energia elétrica, um valor que não estava de acordo com seu uso e muito menos com seu padrão normal de utilização. Após a ligação, a equipe jornalística foi a residência da ouvinte e constatou que o valor exorbitante não estava de acordo com o padrão social da usuária. O trabalho jornalístico foi feito no momento da apuração para que os direitos da ouvinte fossem assegurados. Depois dum ajuste na fatura, a ouvinte teve o valor cobrado de acordo com seu uso.

No caso citado, a rádio comunitária, ao abrir espaço popular e democrático, expôs um problema e da mesma forma, com a apuração jornalística, constatou que algo deveria ser retratado. Essa relação entre canal-receptor, cria mecanismos e ferramentas capazes de “dar voz” aos ouvintes para que eles possam questionar algo que não lhe agrada ou que os façam ser injustiçados, além de ser nítida a existência do feed-back.

A partir disso, a comunicação se torna fundamental para o exercício da cidadania, através da democratização e por ceder espaço as camadas mais populares da sociedade. Independente da forma, ela é decisiva no cumprimento de atribuições políticas, sociais e culturais.

É válido lembrar que a Comunicação Popular e Comunitária exerce mudança no contexto, seja social/político e fortalecer diversos segmentos sociais na divulgação de reivindicações e capacitando muitos, ao ser um processo de transformação social, criadora de diferentes conceitos na utilização dos meios de comunicação.

A comunicação me possibilitou contato e alguns trabalhos com a comunidade indígena de estudantes da UEL. Foi uma grata experiência, pois a comunicação para os estudantes indígenas é de grande valor cultural e principalmente libertário. Pela comunicação eles puderam mostrar seus projetos e sua cultura, além de educar, conscientizar e criar valores dentro de uma cultura tão maltratada e explorada.

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