quinta-feira, 23 de julho de 2009

A primeira forma que o ser humano tem de ver o mundo e com ele se relacionar é a da individuação. Ao nascer, tudo para ele se resume às sensações de tensão e relaxamento geradas por necessidades fisiológicas a serem satisfeitas como frio, calor, fome, sede, não distinguindo seu próprio corpo e nem esse do mundo exterior. Tudo é ele e para ele.

É com a vivência dos limites impostos pelo mundo exterior, através de um jogo de satisfações e frustrações que ele se depara com os princípios da dependência e da realidade. Dá-se início a um processo que o acompanhará até o final da vida que é o de procurar entender o mundo e os relacionamentos que esse irá lhe proporcionar.
No começo, o que existe são relacionamentos unilaterais, não baseados em troca. Aos poucos, inclui o outro em seu mundo tão particular, mesmo sem perceber e não sendo essa a sua vontade.

Todas as vezes que o ser humano se vê imbuído de poder, seja ele real ou ilusório, transitório ou duradouro, tem a oportunidade de reviver essa conhecida atração pela individuação atuando tendenciosamente a favor de seu próprio domínio.
Assim é com o trabalho, separando o pensar do fazer, tornando-se apenas um reprodutor de atos e movimentos, minimizando o empobrecimento a que se submete e as conseqüências que o próprio corpo delata através das doenças laborais.
Assim é com os que fazem parte de seu mundo de relacionamentos, buscando o domínio e a submissão às verdades que, para ele, devem ser assumidas por todos sob pena de não serem agraciados com sua simpatia.

Esquece o homem que ele só existe quando refletido em outro, pois, diferentemente dos demais animais, já nasce dependente de alguém. A busca de afirmação e confirmação de sua própria identidade através do outro será uma constante em sua trajetória de vida.

Assim, relacionar-se é um ato de consciência da sua condição de ser incompleto, inacabado, aprendiz. Lidar com as frustrações de não ser o centro do mundo, mas parte dele é uma tarefa difícil que nem todos conseguem exercer com naturalidade e maestria.

Sônia Carreri - Psicóloga
Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho
Especialista em Gestão de Pessoas

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