O livro “Uma História Social da Mídia: de Gutemberg a Internet (Jorge Zahar Editor), publicado em 2004 por Asa Briggs e Peter Burke, centra a atenção sobre as mudanças ocorridas nos meios de comunicação nos últimos séculos e enfatiza os contextos sociais em que se deram desde a invenção da prensa gráfica a internet. É apresentada uma vigorosa análise dos meios de comunicação, destacando os contextos sociais e culturais em que emergem e se envolvem e as novas linguagens que elas criaram para a civilização ocidental. O livro é repleto de citações bibliográficas e segue uma cronologia
- Os autores afirmam que apesar de muitos imaginarem que Gutemberg inventou a imprensa, no século VIII, no Japão e na China, já existia a impressão. O modelo usado era o da “impressão em bloco”: um bloco de madeira, com ideogramas, como matriz
- A prática dos tipos móveis surge em 1450, com Gutemberg imprimindo a Bíblia
- Apesar da invenção ser muito apreciada na Europa, no mundo muçulmano a prática era proibida, resistindo até a era moderna. Imaginava-se (na cultura islã), que era pecado imprimir livros religiosos. O radicalismo era tanto, que em 1515, o sultão Selim I, de Istambul, fez um decreto que punia com pena de morte a prática da impressão
- O mundo moderno e as descobertas, deram a concepção do “progresso da mente humana”, e a criação do trio imprensa-pólvora-bússola, afirmou a idéia. A prensa, na Idade Média e Renascimento, deu conceitos onde toda escrita ficaria para sempre e nada seria perdido
- Com os Correios, a noção da comunicação física se torna mais evidente. Um mensageiro, que utilizava três cavalos (que ficavam em pontos estratégicos), percorria cerca de 200 quilômetros, por dia, entregando correspondências. A comunicação via água, aumentou fluxo e quantidade de cartas, livros e pessoas que circulavam na Europa e América
- Mesmo antes da prensa, autores relatam sobre a importância da comunicação oral, realizada nos púlpitos das igrejas (pregações de Domingo), ensino acadêmico, canto, teatro, boatos e invenções que faziam parte de uma determinada cultura oral
- Para o aprendizado da leitura, a comunicação, imprensa e escrita, foram marcantes. Na Suécia Luterana, a catequese media grau e conhecimento do indivíduo sobre leitura
- Numa nova sociedade, onde o conhecimento estava se expandindo, educando, criando novos conceitos e idéias, surge a figura opressora da Igreja Católica, que cria a censura, publicando, em 1564, o “Index de Livros Proibidos”. Entre as obras, estavam livros considerados heréticos, imorais, de magia e de uma nova força que surgia na Europa: o Protestantismo. Livros como, O Príncipe, de Maquiavel e Decameron, de Boccaccio, estavam no Índex. Para serem aceitos, os livros, após passar por um conselho da Igreja Católica, deveriam ser reformulados. Muitos, após a reformulação, perdiam o sentido. Outros, para enganar a censura, criavam artifícios, baseando-se em La Fontaine e Esopo
- Apesar de toda a repressão, é a igreja e os reis que mais utilizavam a imprensa para divulgar suas idéias, se manter no poder, realizar conflitos entre reinos> Foram os impressos que ajudaram a criar novas ocupações (profissões), além de fortalecer a Revolução Francesa, Iluminismo e a Independência dos EUA. Nesta época, segundo Junger Habermas, da Escola de Frankfurt, surge os primeiros conceitos de opinião e esfera pública.
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