segunda-feira, 13 de julho de 2009

Contratar funcionários com deficiência é uma questão de Responsabilidade Social

A inclusão de deficientes no mercado de trabalho é pratica comum e que mostra bons resultados. Roseli Lima de Carvalho Gonçalves atua como psicóloga na Agência do Trabalhador de Ibiporã (SINE) e intermédia às contratações. “Segundo a lei de amparo ao deficiente, às empresas que possuem de 100 a 200 funcionários, dever destinar uma cota de 2% para deficientes. De 500 a 1000 funcionários a cota é de 4% e acima disso, 5%”, relata.

Para existir a contratação, o candidato à vaga deve comparecer no SINE com o RG, CPF, Carteira de Trabalho e laudo médico que comprove a deficiência. O processo de seleção é igual e o candidato é contratado como um trabalhador normal, com os mesmos salários e garantias. Ele exerce as mais diferenciadas funções, conforme a capacitação e a deficiência. São encaminhados deficientes auditivos, visuais e cadeirantes. Conforme Roseli, mesmo o candidato que não tenham nenhum tipo de experiência ele é colocado no mercado de trabalho, pois há vagas, mas não há demanda de mão-de-obra para preenchê-las. “A escolaridade é exigida como em qualquer outro trabalho. O que cabe ao deficiente é se qualificar”.

Outro caminho para que o deficiente possa se colocar no mercado de trabalho é pela APAE. Paulo Silvério Pereira, Diretor do Centro Educacional João XXIII, diz que muitos alunos são encaminhados para a Agência do Trabalhador, mas que muitos empresários procuram à escola. “A APAE sensibiliza o empresário”, relata.
Ele explica que a entidade visita à empresa para observar as condições de trabalho relacionadas à segurança. Após é assinado um termo de compromisso de estágio que isenta o empresário de taxas e impostos. “Para o aluno é uma oportunidade de estágio”, diz. O período probatório é de três meses, podendo ser renovado por mais seis meses. No estágio os coordenadores da escola acompanham o aluno por uma semana, fazendo o trabalho de adaptação e garantindo o sucesso do empregado e do empregador. Após o processo de contratação a APAE acompanha o empregado para que haja suporte. “O deficiente muitas vezes não tem problemas físicos, mas de ordem cognitiva, que o torna mais sensível e influência na personalidade. Isso deve ser acompanhado pela vida toda”, afirma. Como educador, Silvério observa que esse conselho constante, feito por um representante da APAE, que se dirige aos locais de trabalho, dá apoio e fortalece a parceria entre escola e empresa.
Vale citar que a APAE qualifica seus alunos através de três etapas, na qual os alunos acima dos 16 anos passam pela Educação Profissionalizante. A 1ª etapa é a preparação para o trabalho e pré-profissionalização. A 2ª etapa é a qualificação com cursos e estágios e por fim, a última fase é a de encaminhamento e colocação no mercado de trabalho.

O diretor diz que a APAE está aberta a empresários que desejem conhecer suas oficinas e trabalhos desenvolvidos. “Quando uma empresa contrata um deficiente, isso é Responsabilidade Social”, diz.
Um dos empresários que aderiram a essa idéia, foi Wilson Mendonça, proprietário do Supermercado Super Sul. Ela diz que sua empresa sempre teve uma relação de cooperação com a APAE e quando há vagas, existe uma parcela aos deficientes. “Contribuímos prestando um serviço à comunidade. O mercado dá oportunidades e os alunos são excelentes e competentes profissionais. Isso é Responsabilidade Social. Deveria existir uma política de governo para que diversos empresários a seguisse”, finaliza.

Entre as pessoas com deficiência, não é raro encontrar aquelas que têm uma excelente qualificação profissional, como Patrícia Augusto Moreno de 31 anos. Ela é formada em Psicologia, Pós-Graduada em Recursos Humanos e trabalha na Universidade Norte de Paraná (UNOPAR), em Londrina. Entre as atividades estão o recrutamento de pessoas com deficiência, menores aprendizes e a execução do projeto “Desenvolvendo competências em funcionários com deficiência”, que capacita pessoas com deficiências para o mercado de trabalho.

Com problemas de visão, Patrícia diz que a oportunidade é excelente e iniciativas como essa serve como exemplo e deveriam ser seguidas por diversos segmentos empresariais. “A inserção no mercado de trabalho se mostra através da competência”, diz. Hoje, a UNOPAR tem 42 funcionários que são deficientes e, entre as funções, as mais variadas possíveis, como por exemplo as de auxiliar administrativo e docente. “A deficiência é um fator que não impede a inserção. Devem existir adaptações nos computadores ou sinalizações em escadas. Isso varia conforme a deficiência”, relata.

A psicóloga finaliza dizendo que a oportunidade resultou em crescimento por estar inserida em outra realidade. “O trabalho traz a pessoa à socialização e ao convívio social, onde as diferenças são amenizadas”.

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