segunda-feira, 13 de julho de 2009

Trem criminoso

Nenhum candidato a prefeito ou a vereador endossou minha tese, visando conscientizar a sociedade ibiporãense quanto à necessidade em remover a linha férrea do perímetro urbano da cidade. Nenhum político manifestou interesse em mobilizar as autoridades no sentido de promover sua transposição, mesmo sabendo que várias cidades do Norte do Paraná já atingiram esse objetivo.

É chegado o momento de elegermos nossos representantes na esfera municipal, e o que nos pasma são a comodidade e indiferença daqueles que pretendem fazer Ibiporã uma cidade limpa, bonita e bem traçada. Sonho de ver ali, onde está plantada a linha férrea, um eixo de mão dupla, separada por canteiro central, com via sinalizada e sem quebra-molas. O exemplo está na Avenida Leste-Oeste de Londrina. A nossa Leste-Oeste poderia começar no Conjunto Habitacional Caluana e se estender ao Santa Paula.

Mas afinal, qual o benefício que a linha férrea e o trem oferecem à cidade? O que eles nos apresentam de positivo ou negativo?

De positivo apenas a lembrança saudosista dos idos da colonização, a partir de 1935, quando às 14hs30min, o trem se aproximava com seu estridente apito, sempre trazendo gente nova. Centenas corriam à estação para ver as locomotivas chegar, esperando receber visita de algum parente que só conhecia o lugarejo através de notícias. Era um verdadeiro formigueiro humano e a cada chegada mais e mais pioneiros ávidos por encontrar, neste paraíso, terra para plantar café, ou criar a prole.

Que saudades da pensão do Indalécio Teixeira, da Dona Santa, do Landioso, o bar do André Sert, da venda do Zé Silva Sá! Todos localizados pertinho da estação e ponto de referência para os que chegavam. As serrarias Carlos Seco, a Lugô & Cia., Carlos de Almeida à margem da Rua Explanada, atual São Vicente de Paula, desempenharam um papel social assaz importante, como o primeiro emprego ao trabalhador braçal, que não possuía profissão definida ou que ainda não tinha um destino.

O trem chegava apitando e os corações palpitando.

É reminiscência da década de 30, quando o trem transpõe o Rio Tibagi, o único meio de transporte interestadual. O espanhol Sanches e seus companheiros realizavam o serviço de terraplanagem, bem como o transporte de dormentes por meio de carrocinhas. Dezenas delas eram vistas dia após dia nessa faina estafante.

Atualmente, o trem oferece inúmeras inconveniências. Não pega e nem deixa nada na estação, que há anos está desativada. O que fica para Ibiporã é apenas a poluição sonora e ambiental. Ele divide a cidade ao meio classificando-a como: acima e abaixo da linha. Os imóveis localizados na parte inferior têm valores achatados e tachados de pejorativamente de abaixo da linha. Muitas vezes consta na escritura que o imóvel se localiza na zona central. Conste o jardim Semprebom, Ouro Verde e outros mais que você chegará a essa conclusão.

Hoje, três locomotivas tracionam 39 vagões, vibrando tudo por onde passam, resultando em rachaduras e trincos nas construções localizadas as margens. Provoca sérios transtornos, interceptando a passagem de veículos que têm urgência em cumprir suas tarefas, mormente na área da saúde que transportam doentes e acidentados, do Corpo de Bombeiros e da Polícia.

Há outros males que pudemos enumerar: o barulho causado, sobretudo no período noturno; o matagal que cresce às margens da linha, deixando feia a paisagem de Ibiporã. Neste local se proliferam a fedentina de cães, gatos e cavalos mortos. O mais grave, porém, é o grande número de vitimas que perderam suas vidas ao tentarem atravessar a linha férrea. Constantemente, pessoas são vitimadas e mortas, enquanto as autoridades, passivamente, vêem aumentar as estatísticas, sem nada fazer.

Devemos considerar, ainda, os descarrilamentos em vários pontos, oferecendo grande perigo quando transportam combustíveis inflamáveis, ameaçando seriamente os moradores às margens da linha.

Nossa crítica vem acompanhada da seguinte sugestão, que redundaria num grande benefício, justificando a continuidade de circulação do trem nestas cidades: a volta da transporte de passageiros entre as cidades de Jataizinho e Rolândia. Tal iniciativa propiciaria á inclusão desse serviço no roteiro turístico, enriquecendo e embelezando grandemente a região. E, por outro lado, desafogaria o tráfego de veículos nas rodovias, atualmente preocupante. Simultaneamente oferecendo uma excelente opção de lazer. Esse tipo de exploração turística, idêntica, é vista em várias regiões brasileiras como Bento Gonçalves – Garibaldi (RS), Ouro Preto – Mariana (MG), São João Del Rey – Tiradentes (MG).

Não havendo boa vontade em operar no transporte de passageiros, devemos considerá-lo desnecessário e inconveniente para que seja traslado distante da cidade. Onde está a linha, seria construída uma moderna via em mão dupla, cujo nome poderia ser Avenida do Café, cujo canteiro central seria cultivados cafeeiros dentro da técnica moderna. Todos sabem que o café é o símbolo permanente da grande riqueza responsável pelo progresso do região e do Paraná. A avenida viria desafogar o trânsito de veículos, atualmente assaz preocupante.

Faz-se mister que nossos representantes, coesos, em todas as esferas: senadores, deputados, prefeitos e vereadores, interfiram junto ao Ministério dos Transportes, sobretudo quando se trata em propiciar geração de empregos, chavão tão propalado ás vésperas das eleições.

A comunidade deve reagir coesa, participando de todas as formas possíveis: com abaixo-assinados, ofícios, passeatas e em ultima instância bloqueando a passagem desse assassino, que impunemente, tantas vidas preciosas tem ceifado.

O gigante que passa roubando nosso sono, segurança e paz, precisa ser vencido, pois ele não passa de um simples “TREM”.

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