domingo, 7 de setembro de 2008

Votar ou não votar, eis a questão - Por Paulo Monteiro

Apesar dos pesares, políticos envolvidos em corrupção podem ser eleitos novamente. Eleitores necessitados tornam-se vítimas frágeis desses candidatos.

Com pouco mais de vinte anos de democracia, o Brasil tem em sua história cicatrizes causadas pela corrupção. Londrina, por exemplo, que é a terceira maior cidade do sul do país e irmã-vizinha de Ibiporã, não escapou ilesa aos ferimentos. Vereadores, deputados e prefeitos, mostraram que apesar do poder de mudança em suas mãos, para transformar a triste realidade de seu povo, se enfraquecem e caem corrompidos. O que seria motivo de humilhação, desgosto e o final de suas carreiras políticas, se torna algo de experiência e, muitos deles estão de volta em 2008 como candidatos a mais uma eleição.
Os eleitores se dividem entre votar ou não votar em candidatos que se envolveram em casos de corrupção no passado. O estudante Jonas Sinfrónio Mendonça expressa sua opinião. Com fisionomia negativa após a pergunta do repórter, Mendonça diz negar voto a um político com o passado ilícito. Ele comenta que "quando as pessoas não sabem que está dirigindo seu voto a um corrompido, tudo bem. Mas, quando se conhece o candidato e mesmo assim vota nele, é tão cúmplice quanto o corrupto". Na opinião do estudante, quem anula o voto é porque está conivente com a situação. "Não acredita em mudança para um novo mandato do político que esteve envolvido em escândalo. Uma vez corrupto, sempre corrupto", finaliza.
Opiniões se confrontam em relação ao assunto. O auxiliar de produção, Genildo Costa Lino, não vê diferença se o político é corrupto ou não. Sobre a reeleição de um político envolvido em escândalos, ele afirma: "posso votar no candidato outra vez. Se ele vai ou não roubar, não me importo, ele rouba, mas faz".
Muitos dos que acusados em esquemas de corrupção ainda permanecem e foram reeleitos, independente da esfera do poder. Mudam-se as figuras do executivo, permanecendo o legislativo. Cabe a população e ao eleitor não confiar em políticos que já se corromperam e os indícios da continuidade dos erros são enormes.
Professor e sociólogo, Wilson Sanchez explica que muitos votam em candidatos de passado negativo porque estes políticos, através do assistencialismo, conquistam a simpatia dos eleitores com ajuda imediata. Necessidades como arroz, feijão, uma casa ou matricular filhos em escolas próximas de sua casa. "Os políticos sabem muito bem como trabalhar este discurso e assim se reelegerem", diz. Sanchez aponta que o maior problema é a lei brasileira que permite políticos corruptos a se candidatarem. "Devido à falta de credibilidade, o povo imagina que todos os políticos são ou serão corruptos. Por conseqüência, votam no que será melhor a ele", completa.

Paulo Monteiro é acadêmico de Jornalismo e contribui para o Jornal Nossa Terra, de Ibiporã.

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