terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Uma vida. Várias histórias: Zé Mineiro ajudou a formar a região atuando como tropeiro e ceramista, além de deixar um legado histórico.


A vida de José de Oliveira Lima, o Zé Mineiro, se confunde com o desenvolvimento de Jataizinho e região. Nascido em 8/8/1918, em Capitólio, Minas Gerais, ele chegou a Ibiporã após seguir os passos da irmã e do cunhado, Izabel e Acácio Goulart. Residente em Jataizinho até 1/7/2002, quando faleceu aos 84 anos, viveu seus últimos dias na Rua Barão de Antonina, 832, no imóvel hoje habitado pelos filhos. Sua companheira, Conceição Alves de Lima, faleceu em 11/11/1994.
Zé Mineiro chegou à Ibiporã em 1938. Anos depois se casoucom Conceição e tiveram 13 filhos. Era o principio da colonização do Norte do Paraná. Aos 20 anos de idade morou onde hoje fica a rodoviária e trabalhou por dez anos na serraria “Lugô & Cia”, em companhia dos irmãos Figueira, Jotinha e Voltariano. Seu labor consistia no embarque de madeira nas gondolas na ferroviária.
Dez anos se passaram e Zé Mineiro mudou a atividade. Foi para Londrina, com Aquiles Pimpão, trabalhar na pecuária. Foram mais dez anos de trabalho e, com os parcos recursos, que não lhe permitia adquirir um lote de terras, começou a trabalhar como tropeiro e a fazer “rolos”. Em relatos familiares, Zé Mineiro dizia que “se havia um carreador, a gente entrava. Não ficou uma trilha na região por onde não passei”. Osmildo Lopes, conhecido como Português e genro de Zé Mineiro, lembra que quando chegavam animais pelo trem, o sogro ia lá fazer “rolo”. “O empenho era tamanho, que eram constantes as idas à Apucarana (fim da linha férrea na época) com a tropa de 60 burros e mulas, afim de engorda-los. Além dos equinos, Zé Mineiro criava e vendia porcos, os levando a região de São Jerônimo da Serra, numa propriedade sua em Terra Nova. Lá fazia “rolo” de carroças, animais e sítios”, lembra.
Com o árduo trabalho e cansado pelas viagens de tropeiro, Zé Mineiro botou fim as “peregrinações” e comprou cinco alqueires as margens do Tibagi, onde se situa o Jardim John Kennedy. Aos poucos ele aumentou a área da propriedade e chegou aos 20 alqueires, aproximando-se da denominada “jaqueira”.As terras, vendidas a Luiz Evangelista, anos depois foram recompradas pela família, que retomou as atividades de cerâmica, ramo no qual Zé Mineiro constitui quatro fábricas.
Foi no Jonh Kennedy que ele conheceu Conceição e criou os filhos Hélia Alves de Moraes, Célia Alves, Agnel José de Lima, Sinélia Maria de Lima, José Carlos de Lima, Mário Divino de Lima, Lucélia Aparecida de Lima Lopes, Noel Aparecido de Lima, Noélia Conceição de Lima, Manuel Antônio de Lima, Leone Mário de Lima, Maria José de Lima e Silvia Márcia de Lima.
         Em seus últimos dias de vida, ele viveu rodeado de filhos, netos e bisnetos, curtindo a velhice e orgulhoso de ter ajudado a desenvolver a região, ao transportar e vender animais para montaria e tração. Em sua sala, havia esculpido em madeira, um belo garanhão que o fazia recordar os tempos de tropeiro, das longas montarias e caminhadas.
         Osmildo Lopesconheceu o sogro na infância e é membro da família há mais de quarenta anos, pois é casado com Lucélia Aparecida de Lima Lopes. “O Zé Mineiro foi humilde. Mas isto não impediu que tivesse algumas propriedades. Em vida, chegou a ter 94 casas na Vila Frederico, bairro que ajudou a fundar, além de outras no Jonh Kennedy. Ele foi ligado a Igreja Católica e ajudou as famílias carentes, além de doar terrenos à igreja e a famílias”, cita.

         Com este legado, o pioneiro Zé Mineiro sintetiza a identidade cultural do norte paranaense, onde figura o tropeiro, o agricultor e o caipira, tudo expressado numa única pessoa. “Filhos, netos e bisnetos sentem orgulho do legado. Eles continuam a sua história e buscam, através do trabalho, desenvolver a região, seja na área rural, cerâmica (atividade na qual a família possui três fábricas), além de outras. No entanto, ainda falta seu reconhecimento público. Falta um projeto em sua homenagem, dando seu nome a uma rua, bairro ou escola”, finaliza o genro. 

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