quinta-feira, 26 de junho de 2008

Palavras ao avesso

O mundo é escrito com uma palavra,
se não existissem, não haveria mundo.
Elas ditam seu significado, as razões para se viver e tudo que há nele,
dão sentidos às formas e aos sentimentos, libertam o amor oprimido.

Palavras expressam maravilhas, são ondas que saem das nossas bocas
e adormecem aqueles que nos ouvem,
como um eco infinito que ressoa no ar.

Na minha mente,
imagens se constroem.
Emaranhados de palavras mostram que a vida é infinita
ao gole das doces letras pujantes.

O sabor da noite exaspera,
ouço o grito ardido
da boca flamejante que ressoa em versos.

Aos olhos caninos
e ouvidos taciturnos,
voam signos longínquos no espaço perdido,
no mar sideral semântico.

O mel de seu hálito
invade a minha boca
e me leva ao delírio com torpor.

Em absoluto, sinto a falta de sua companhia,
esses são indícios da solidão
no futuro do indicativo
que me leva a construir abstrações verbais.

Seu nome será forjado e fundido nas estrelas
com o fogo e o aço da paixão
pecaminosa de libido pelo lastro dos sentimentos da lenda eterna.
Assim, meu amor será proibido
pelas letras manchadas
de sangue exaurido
pelas mechas que rasgam o coração.

As palavras são guiadas pela boca
no vento do redemoinho
do poeta que sorri sem razão.

Na noite fria regada a vinho,
Peço, a ti, o beijo escaldado pela compaixão,
mas a donzela, armada de espada, tocha e canhão,
dorme sorrindo.

Anda nua pela ponte ilusionista dos verbos e dos pronomes,
sem ao menos que lhe guie para o lado dos amores perdidos da minha direção
Sei que não ama ninguém, por isso a desejo em sonhos íntimos.

Aos olhos do gênio
do artista
do poeta
e do rei

À procura de alguém que a ame
no horizonte perdido,
enrubescido por um dia ter amado ninguém.

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