quinta-feira, 12 de junho de 2008

Aquecedor Solar gera economia e ensina estudantes sobre o valor da energia.

O tema energia renovável e preservação dos recursos naturais estão pautados e discutidos por toda sociedade. Diversos são os projetos e estudos que visam diminuir o custo da geração e uso das fontes de energéticas. Em Londrina, o professor de Química e Educação Ambiental do Colégio Olympia Moraes Tormenta, Márcio Adriano Medina, desenvolve, junto com alunos do curso de Técnico em Meio Ambiente, placas que capturam raios solares que aquecem água de reservatórios. Medina explica que a placa é constituída de material reciclado, tem baixo custo e aquece água para uso em chuveiros e torneiras. “O aquecedor economiza energia elétrica, beneficia o meio ambiente com a reciclagem direta, sem qualquer processo industrial nos descartáveis. As embalagens, após o consumo, têm aplicação útil até no lado social”, afirma. Medina diz que a construção do artefato demanda garrafas pet cristal, caixas de leite, tubos e conexões. Os raios solares incidem no painel e causam o efeito estufa. A água, em constante circulação pelos tubos, aumenta a temperatura, podendo chegar a 60 graus. Para cada garrafa pet, um litro de água é aquecido e mesmo num compartimento único, água quente e fria não se misturam. A instalação é feita no telhado com painéis sempre direcionados ao norte, onde a incidência de raios solares é maior. O mecanismo influência nos custos por diminuir o uso da eletricidade e gerar conforto. Mesmo com o tempo nublado, a água é aquecida e uma família de cinco pessoas economiza até R$50,00 por mês. Para a confecção de um aquecedor, para um reservatório de 500 litros, o custo é inferior a R$100,00.
Medina relata que a idéia surgiu a partir da necessidade de implantar técnicas pedagógicas diferenciadas. Através de pesquisas na internet descobriu o invento, construído por José Alcino Alano, de Tubarão, Santa Catarina. Os resultados foram positivos, tanto em sala de aula, quanto na aplicação prática e de economia. “Temos um aquecedor na escola que foi visto como uma inovação pelo baixo custo. Não há restrições e ele pode ser instalado tanto em residências, escolas e creches”, afirma.
Uedes Lins de Souza, aluno do curso de Técnico em Meio Ambiente, participa da elaboração de um aquecedor, com 500 garrafas pet, que será instalado na Creche do Maria Cecília, coordenada por Aparecida Cândida Araújo. A creche atende 80 crianças em período integral e a água aquecida será usada nos chuveiros e na cozinha. “São boas iniciativas projetos que educam e racionalizam o uso dos recursos. Em breve, devido a industrialização, a demanda por energia será maior e devem ser criadas alternativas”, completa Aparecida.
O aquecedor solar foi à primeira experiência dos alunos e inovou em termos de aproveitamento de recursos renováveis, da reciclagem e inclusão social. A tendência, explica Uedes, é um projeto piloto que deva se expandir às empresas, que tem por objetivo economizar eletricidade e refletir no comportamento do consumidor. “O vilão da energia é o chuveiro, que representa em torno de 25% da conta”.

Em 2003, a Secretaria de Educação do Paraná implantou diversos cursos técnicos, mas com uma visão diferenciada e destinado a alunos que já concluíram o ensino médio e com duração de três semestres. Na época da adoção, a secretaria pesquisou os interesses da comunidade e notou a necessidade da prestação de serviços. Hoje, a forma é integrada ao Ensino Médio e em quatro anos o aluno terá o conhecimento do ensino médio e a qualificação técnica, além de um currículo mais aprofundado quanto a Legislação Ambiental, preservação do meio ambiente, reciclagem, cuidados com rios, solos e reciclagem. Em Londrina, o curso de técnico de meio ambiente é oferecido no Colégio Olympia de Moraes Tormenta e Albino Feijó. Maria Isabel Felix (3371-1341), coordenadora da equipe de ensino do Núcleo Regional de Educação, diz que a aplicação do aprendizado da área ambiental está ligada a esfera pública, como autarquias, e secretarias. Os mesmos oferecem estágios e concursos. “Ainda não existe uma legislação que obriga as empresas a contratar um técnico para conservar e analisar o meio ambiente”.
Existem, no ramo da construção civil, empresas interessadas neste tipo de profissional. Uedes é formado em Segurança do Trabalho e se interessou pelo Técnico em Meio Ambiente. Com a formação marcada para junho deste ano, Uedes diz que o curso abre perspectivas de conhecimento e maiores possibilidades no mercado de trabalho. Com um programa na Rádio Comunitária Dinâmica, que faz parte de um projeto do curso, no sábado, durante uma hora, ele transmite informações sobre meio ambiente, alerta sobre os cuidados e perigos da dengue, e ensina o que é o 3R (Reutilizar, Reciclar e Reduzir). Além disso, Uedes faz estágio numa construtora. “Desenvolvo um projeto ambiental para cumprirmos as normas. Isso agrega valor, conscientiza pela prática da cidadania e na economia dos recursos. É uma tendência às empresas entrarem na onda da reciclagem”.
O professor de Educação Ambiental, Anderson Gomes Vieira, explica que o estágio é obrigatório e tem duração de 360 horas/aula, onde a metodologia é aplicada na prática. São quatro horas por dia. Em Londrina, o Parque Arthur Thomas e Daisaku Ikeda oferecem estágios, onde os estagiários dão palestras sobre a ocupação do solo urbano de Londrina; monitoram escolas a visitas a empresas relacionadas ao meio ambiente e aos parques; discutem temas relacionados ao meio ambiente; atualizam, recolhem e sistematizam material para a Biblioteca do Meio Ambiente; e buscam informações sobre o Programa Rio da Minha Rua. “É um mercado novo, mas promissor. Um técnico em meio ambiente, formado, ganha em torno de R$1.200,00”, diz. Anderson diz que o curso, além de técnico, aborda questões sobre a conscientização e a discernimento para a realidade que cerca o aluno. “O meio ambiente deve ser visto como o homem inserido na natureza e formas de harmonizar essa relação para obter resultados positivos. Tudo isso ajuda na formação do caráter do cidadão”.

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