quinta-feira, 12 de junho de 2008

2079 - Parte IV

Lopes, de alguma forma, sabia que a descoberta do metal e a construção do futuro da humanidade não foram por acaso. Havia um segredo maior naquele planeta e, cabia a ele, como um predestinado cientista, descobrir do que se tratava. Se fizesse a viagem ao planeta inabitado e com recursos naturais abundantes, seria reconhecido pelo resto da sua vida pela humanidade e teria a chance de construir um novo mundo para ela. Com estudos avançados em matemática, física e astronomia, descobriu que a viagem para Auríferus, levaria em torno de oito anos. Suas pesquisas, registros fotográficos e sensoriais apontam que a atmosfera de Auríferus é igual a da Terra e a quantidade daquele meteorito, no mar e nos rios, era imensa. Com esse conhecimento, Lopes, dono da Compus, a corporação que mais crescia e exercia influência no mundo e com capital maior que todos países da Europa, Ásia e América juntos, resolveu investir nesta viagem. Contratou milhares de engenheiros, técnicos, mecânicos e uma imensa equipe para a construção dos comboios estrelares para a exploração da Galáxia. Não tinha a ambição pela descoberta de novos materiais ou de dominação, mas queria provar ao mundo que o homem sempre poderia desenvolver a ciência, mesmo que, para isso, tivesse muitos desafios. Na Terra, após as suas descobertas, não havia escassez de metais, porém, não era mais permitida a exploração. A matéria-prima sempre vinha de Marte e, algum tempo atrás, o Conselho da Corte Suprema criou uma lei que não permitia a extração de recursos naturais no planeta. Isso ocorreu porque, aos poucos, a depredação do meio ambiente tornou-se assustadora e a vida na Terra estava a se extinguir. Quando os problemas de aquecimento global e falta de água começaram a prejudicar os países, o mundo não dormia e as bolsas de valores ficaram tensas. A criação dos campos de exploração de Marte foi a alternativa para a salvação da humanidade, sem que houvesse declínio do seu desenvolvimento industrial e tecnológico.
Após a construção das naves, Lopes, com as imagens dos amigos de Auríferus guardadas na lembrança, convocou a todos que queriam ir naquela expedição. Havia sábios cientistas, nobres filósofos, médicos, bombeiros e uma infinidade de pessoas capacitadas. Seu comboio era gigantesco. Havia mais de 1.000 naves. Naquela longa expedição, os intergalácticos levaram os devidos mantimentos para sobreviver, mas decolaram da Terra sem saber se voltariam. Na despedida, muitos abraços e a convicção de que a Terra já não estava só e que a descoberta do outro planeta deveria ser realizada.
Foram oito longos anos, mas sempre em contato com a Terra, até que as naves espaciais cruzassem em chamas os céus de Auríferus. Lopes, com seus próprios olhos, pode, ao mesmo tempo, contemplar a beleza daquele planeta primitivo e os resquícios do que um dia foi uma civilização. Ao chegar no planeta despovoado, se defrontou com uma rica vida animal e maravilhosas obras na natureza.
Toda a tripulação saiu na nave e Lopes escreveu na tela de seu computador:

“À nossa volta, o mundo infinito. Ao olhar para o céu, fiquei pasmo com as cinco luas no céu, que brilhavam sobre o efeito de um astro que saltava em chamas, bem ali, muito próximo aos meus olhos. Suas explosões são constantes, mas as luas protegem este mundo distante. Ao olhar para o alto, vi montanhas de nuvens no céu azulado. São rochas infinitas em altas colinas embranquecidas pela neve. Ao longe, pude ver a formação da chuva que ofereceu, para a terra, o espetáculo das águas. Ao me aproximar da água que forma longos rios, observei, aos meus pés, o nascimento de uma árvore frutífera. Era a vida e o alimento que ali nascia”.

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