segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015


Youssef El Kadri guarda memórias de quando chegou ao Brasil em 30/11/56, vindo do Líbano. 

Nascido em 15 de novembro de 1943, Youssef El Kadri iniciou-se no ramo funerário em Ibiporã em meados de 1971, vindo posteriormente trabalhar em Jataizinho. Tamanha é sua ligação com o Líbano, que com frequência viaja para lá, além de ter três filhos que moram na região. “O Líbano é um país hospitaleiro, mas tem problemas devido questões geográficas”, afirma. Ressaltando que o Brasil é um excelente lugar para morar e trabalhar, ele recorda que no início teve dificuldade quanto à língua portuguesa, apesar se muitas palavras do idioma local ter influência da língua árabe.

Casado em 1968 com Munifa Jamal e pai de cinco filhos: Nasser Hassen El Kadri, Najib El Kadri, Jamal El Kadri, Youssef El Kadri e Nádia Mujab El Kadri, ao chegar no Brasil, a primeira atividade exercida foi de engraxate, conciliando o trabalho com os estudos nos colégios Olavo Bilac e Francisco Beltrão. Posteriormente se formou em Contabilidade e depois iniciou o curso de Direito, ambos na Universidade Estadual de Londrina.

Com saudosismo, Youssef cita que além da graduação e do trabalho de engraxate, também foi ambulante e mascate, onde viajou por diversas cidades da região oferecendo roupas e armarinho de casa em casa. Com o sucesso comercial, sua família constituiu duas lojas em Ibiporã, entre 1959 e 1974, porém um incêndio as destruiu, junto com o estoque. E, como já trabalhava no ramo funerário, investiu na atividade e expandiu. Nesta época o ex-prefeito Evilásio Rangel Cordeiro, o convidou para prestar o serviço na cidade. “Montamos a primeira funerário em Ibiporã em 1971 e após dez anos em Jataizinho, onde colaborávamos com a prefeitura, administrando o cemitério Frei Timóteo”, afirma.

Com um trabalho de qualidade, Youssef El Kadri diz que em 1998 o cemitério saturou, pois era preciso colocar de dois a três corpos na mesma sepultura, por falta de espaço. Com a situação precária, foi convidado pela Câmara Municipal, no intuito de dar sugestões, já que é impossível construir outro cemitério em Jataizinho devido questões ambientais, pois a cidade é cercada de rios e se deve preservar solo e lençóis freáticos. Outro ponto, segundo Youssef, é que a construção de um novo cemitério tem custo elevado, como preparo de subsolo, terraplanagem do terreno e depósito de lixo. “Fundado em 1935, o Cemitério Frei Timóteo é o menos poluente da região, pois é calçado e asfaltado, não ocorrendo invasão de águas nos rios. Toda água que sai dele, sai limpa. Sugerimos a construção de ossário público às famílias que não tem condições para sepultamentos, banheiros, capelas para velórios e arborização. Por fotos antigas, vemos que houve transformações”, pontua.

Segundo Youssef, a prefeitura viu necessidade de terceirizar serviço e no contrato havia a obrigação de padronizar o local, obrigando a regularização dos túmulos abandonados, mal localizados ou que infringe a estética ou segurança do cemitério. “A lei foi criada pelo ex-prefeito Wilson Chamilete e em 44 anos de vigência é a mais perfeita sobre as necessidades dos cemitérios. Nela, há determinações sobre responsabilidade, padronização, construção e alinhamento, além de caber a prefeitura receber taxas e tributos”, ressalta. Ele cita que ao assumir a responsabilidade, fez a planta, organizou e levantou os túmulos existentes. “Tenho catalogado quase todos os sepultamentos, porém os mais antigos não estão registrados. Há mais de 7428 sepultamentos ordenados desde 1964. No passado, as pessoas faleciam e eram sepultadas em locais diferentes, como propriedades rurais. O Frei Timóteo, por exemplo, foi enterrado num sitio e em 1935 trouxeram seus restos mortais para cá”, afirma. Ele destaca que foi protocolado junto à prefeitura um projeto afim de ampliação, devido ser mais fácil ampliar do que construir um novo. “Se não houvesse o Cemitério Frei Timóteo, não seria possível, hoje, construí-lo no mesmo local”, finaliza.

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