quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Teologia da Libertação: O Cristianismo a favor dos excluídos

Recentemente, em busca da religião e do “encontro com Deus”, descobri a Teologia da Libertação. Mas o que é isso? Para se pensar em Teologia da Libertação, antes de tudo, é preciso considerar a Doutrina Social da Igreja.

Até meados do século XIX, a Igreja Católica permanecia atrelada aos poderosos da sociedade antiga e medieval, esquecendo que, na própria Bíblia há um conteúdo e um apelo acerca da fraternidade universal e que coloca todos os homens como irmãos e semelhantes a Deus. A partir da Carta Encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, 15 de maio de 1891, é que a Igreja Católica insere-se nos tempos modernos, ou melhor dizendo, viu-se cercada por mudanças substanciais no mundo ocidental, como as reformas sociais e políticas que as revoluções burguesas trouxeram, e também pelos novos ventos dos movimentos socialistas e comunistas e foi então, repensando seu papel.

A Encíclica Rerum Novarum, trata principalmente da “questão operária” e teve grande ressonância para o debate sobre a ação social da igreja. Seu efeito foi comparado com o que foi o “Manifesto Comunista” e o “Capital” de Karl Marx para a ação socialista, esta encíclica foi para a ação social cristã.

Pouco a pouco, a igreja foi vendo que a sua encíclica fora aclamada e posta em prática pelos católicos do campo social, pois havia muita sede de mudanças neste campo. Com ela, a Igreja Católica dá um salto qualitativo entre o liberalismo e o socialismo, propondo uma via própria guiada nos princípios cristãos. Durante todo o século XX a caminhada foi sendo duramente trilhada e construída. Tomou mais fôlego, depois do Concílio Vaticano, que ajudou a impulsionar esta grande mudança.
Neste ponto, coloca-se a questão fundamental de como anunciar o evangelho, de modo que ele será compreendido e livremente acolhido. Acolhido por todas as classes sociais, pois somos irmãos em cristo.

No caso da América Latina, não devemos esquecer que a igreja católica entrou de companheira da Europa, no processo de colonização, sendo conivente inclusive, com a escravidão. Mas, se olharmos com mais atenção para este mesmo continente, veremos que foi na América latina o nascedouro da Teologia da Libertação, surgida através das quatro Conferências Gerais realizadas pelo Episcopado da América Latina:

1955 – Rio de Janeiro
1968 – Medellín
1979 – Puebla
1992 – Santo Domingos

Elas constituem marcos profundos da vida eclesial do continente latino-americano e grande dignificado pela dimensão histórica, teológica e renovadora. Ao longo de mais de cinqüenta anos, estas quatro Conferências transformaram-se em fonte de reflexão teológica e de fomento que impulsiona processos de renovação, modificando visões de mundo, pois, uma coisa é ver a história e a teologia pela ótica dos pobres e oprimidos, e outra, é ver pela ótica dos poderosos como antes.

Passou também, a ser um marco referencial para outros grupos que se consideram oprimidos: os cristãos pobres da África e da Ásia, as minorias discriminadas nos Estados Unidos (negros e hispanos) e os diversos movimentos feministas.

A temática da libertação aflorou no Brasil, nos primeiros anos da década de 60, no contexto da análise do fenômeno do subdesenvolvimento. Ensinava-se que o subdesenvolvimento era um problema de atraso técnico, pois éramos “países em desenvolvimento” e que mais tarde se resolveria com a modernização tecnológica, causando assim, uma interdependência entre os países ricos de tecnologia avançada, e os países pobres que dependiam de sua tecnologia para desenvolverem-se e, gerou-se também a crença de que era necessário ter um país rico, para dar esses suportes. Gerou-se assim, o centrismo norte-americano, nos aspectos técnicos, financeiro-econômicos e até culturais. Nesse centrismo, seriam estreitadas as relações com os países ricos e desenvolvidos, para que fosse gestado um desenvolvimento mais homogêneo, sem mudar o sistema.

Há um sistema global de inegável desenvolvimento mas profundamente desigual, gerando um centro rico e uma periferia pobre, gerando um relacionamento de dependência e opressão. O povo oprimido, juntamente com os movimentos populares ligados aos interesses da libertação, começaram a reunir-se e formar cristãos comprometidos e sobretudo organizados em grupos, pastorais e comunidades eclesiais de base.
Eis aí, a Teologia da Libertação funcionando em toda sua organicidade através dos seguintes movimentos:

- Movimento de Educação de Base (M.E.B) e Ação Popular (AP), ambos no Brasil e utilizando o Método Paulo Freire, como método pedagógico de prática totalmente libertadora.

Nos movimentos populares ligados aos interesses de libertação social, surgiram:

Ação Católica Operária - ACO
Juventude Universitária – JUC
Juventude Estudantil Católica – JEC
Comissões de Justiça e Paz – CJP

Em seus círculos, introduzira-se pela primeira vez as reflexões de fé no marco teórico sobre Dependência versus Libertação.
O mais importante na mente dos Teólogos da Libertação, não é a teologia, e sim a Libertação concreta dos oprimidos. Sempre que isso acontece, é sinal de que o Reino de Deus já se aproximou.

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