sábado, 15 de agosto de 2009

Mas, com o tempo, Hearst foi ficando mais conservador, segundo um biógrafo, porque tinha mais para conservar. Passou a antagonizar os sindicatos e ficou preocupado com o espantalho do comunismo e com o "perigo amarelo" representado pelo Japão. Ficou cada vez mais isolacionista. O que não impediu que, dono de um enorme rancho no México, o Babicora, pregasse a intervenção dos Estados Unidos para proteger os investimentos dos cidadãos americanos nesse país. Quando as tropas dos Estados Unidos desembarcaram no porto mexicano de Veracruz, em 1910, ele atacou furiosamente o presidente Wilson, por achar a medida muito tímida e insuficiente. Em outra ocasião, seus jornais divulgaram com estrondo documentos revelando que havia um complô contra os Estados Unidos ao sul do Rio Grande envolvendo latinos, japoneses e comunistas e que o governo mexicano havia subornado editores de jornais, religiosos e quatro senadores americanos.

Embora afastado pessoalmente da política, a ele é atribuída, em boa parte, a eleição de Franklin Roosevelt à Presidência dos Estados Unidos, em 1932. Inicialmente, Hearst lançou o nome do presidente da Câmara, John Nance Garner, que foi pego de surpresa, para disputar a indicação como candidato do Partido Democrata, e conseguiu para ele mais de 100 votos nas eleições primárias. Roosevelt precisava desses votos no colégio eleitoral para derrotar Al Smith; se não os conseguisse imediatamente era quase certo que seus eleitores o abandonariam. Hearst acenou com os votos de Garner caso Roosevelt se comprometesse com uma política de isolacionismo na área internacional. Contra todas suas convicções, Roosevelt concordou e fez um discurso criticando a participação dos Estados Unidos na Liga das Nações. Hearst não teve nenhum problema em convencer Garner a repassar seus votos e entrou na chapa de Roosevelt como candidato a vice-presidente.

Mas ao ser eleito, o novo presidente e o New Deal, seu plano de recuperação econômica, sofreram ataques virulentos da imprensa de Hearst. Isto chega a ser surpreendente. Quando Herbert Hoover ainda era presidente, Hearst sugeriu, em cadeia de rádio e em todos seus jornais, fazer um enorme projeto de obras públicas no valor de US$ 5 bilhões. Disse que era essa "a ocasião para aumentar a dívida nacional e aumentar os gastos do governo em obras públicas para criar empregos e dessa maneira aumentar a prosperidade. Depois, com a prosperidade, pagar a dívida". Um programa semelhante ao que Roosevelt aplicaria anos depois. Por um tempo, admirou Mussolini e o padre Coughlin, de tendência fascista.

Ele sempre se considerou, acima de tudo, um jornalista. Mas seu faro pelo jornalismo popular começou a falhar. Não percebeu, por exemplo, a importância dos jornais em formato tabloide, achando que eram um modismo. Quando acordou, um concorrente, o "New York Daily News" já estava com mais de 750 mil exemplares, ultrapassando um de seus jornais, o "New York American", e ameaçando o "Journal". O lançamento do tabloide lembra precisamente as batalhas, no fim do século XIX, do recém-chegado Hearst para enfrentar um Pulitzer já consolidado. Como contra-ataque ao "Daily News", ele lançou o "Mirror", que não conseguiu igualar o concorrente nem em qualidade, nem em circulação. Hoje não existe em Nova York nenhum dos jornais de Hearst, mas o "Daily News" continua circulando. Outro jornal que cresceu de maneira lenta e segura foi "The New York Times", que adotou um estilo totalmente diferente de jornalismo.

Os gastos extravagantes, de US$ 15 milhões por mês e a queda da receita de publicidade de US$ 113 milhões para US$ 40 milhões - a circulação pouco sofreu - durante a depressão dos anos 1930 levaram as empresas de Hearst à beira da falência. A dívida subiu a US$ 126 milhões. Cada vez era mais difícil atacar os banqueiros dos quais dependia para garantir a sobrevivência de seu império. Um interventor indicado pelos credores passou a dirigir os negócios do grupo. Alguns jornais, para desespero do magnata, assim como quase toda as coleções de obras de arte, tiveram que ser vendidos. A prosperidade voltou durante a II Guerra, quando os jornais tiveram dificuldades em atender a procura de leitores e anunciantes.

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