segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Política Nacional de Humanização do Atendimento no SUS é implantado no Hospital Zona Norte

O Sistema Único de Saúde, implantado há vinte anos no Brasil, está inserido nos hospitais, clínicas e unidades básicas de saúde, porta de entrada das mais diferencias doenças, traumatismos, consultas ambulatoriais e uma infinidade de outros casos.

Sistema que mudou o conceito de saúde pública, nestes vinte anos o SUS, além de realizar serviços e procedimentos, primeiramente produz afeto e relações num contraditório cenário mercantilista, onde enfrentou adversas dificuldades. É neste quadro que seus gestores procuram soluções efetivas para melhorar o atendimento e a qualidade do serviço.

Uma das ações encontradas está na PNH, Política Nacional de Humanização, proponente duma nova relação entre gestores, servidores e usuários. O tema foi aplicado no Hospital Anísio Figueiredo, no último dia 31 de julho, através de palestra e treinamento sobre acolhimento com avaliação e classificação de risco aos funcionários do hospital e das UBS da região.

A PNH, incorporada ao HumanizaSus, consiste na alteração dos níveis de atenção e de gestão das práticas de saúde, onde casos de menor complexidade devem ser resolvidos nas UBS; aposta no trabalho coletivo na direção de um SUS acolhedor, resolutivo e confiável; propõe uma nova relação entre os usuários, redes sociais e trabalhadores; estabelece grupalidades e vínculos solidários; valoriza o fomento da autonomia e protagonismo dos diferentes sujeitos e; pede o aumento do grau de co-responsabilidade e do compromisso com a luta pela melhoria das condições de trabalho.

Com isso, objetiva-se reduzir as filas e o tempo de espera com ampliação do acesso, atendimento acolhedor e resolutivo baseados em critérios de risco; informações aos usuários, a fim dos mesmos conhecerem quem são os profissionais que cuidam da sua saúde, com o compromisso do serviço público assumir a responsabilidade por sua referência territorial, com as UBS garantindo informações ao usuário, acompanhando pessoas de sua rede social, assim garantindo direitos e uma gestão participativa aos trabalhadores e usuários.

De acordo com a enfermeira Vivian Biazon El Redá Feijó, Chefe da Divisão de Pronto Socorro do Hospital Universitário de Londrina e Mestranda em Saúde Coletiva, pela Universidade Estadual de Londrina, a humanização no SUS é precisa devido o baixo investimento na qualificação dos trabalhadores, especialmente no que se refere à gestão participativa e ao trabalho em equipe; poucos dispositivos de fomento à co-gestão e á valorização e inclusão dos gestores, trabalhadores e usuários no processo de produção da saúde; e o desrespeito aos direitos dos usuários. A enfermeira cita que a fragmentação do processo de trabalho, das relações entre os diferentes profissionais e da rede assistencial, dificulta a complementação entre a rede básica e o sistema de referência. Além disso, a precária interação nas equipes e despreparo para lidar com a dimensão subjetiva nas práticas de atenção, pede urgentemente a humanização no atendimento.

Para o sucesso do HumanizaSus, Vivian cita que serão implantadas medidas para ampliar o acesso dos usuários como o acolhimento responsável e resolutivo baseado em critérios de classificação de risco; defesa dos direitos dos usuários; ampliação do campo de atuação dos profissionais clínicos, pediatras, cirurgiões, enfermeiros e assistentes sociais; e principalmente: a análise morbi-mortalidade e procedência da demanda.

Segundo o mestre em enfermagem em Saúde Pública, Carlos Aparecido Oliveira, atual supervisor do Pronto Socorro do HU e do Pronto Atendimento Municipal, o PNH é um ato administrativo, mas sem desassistência à população, que propõe ampliar as consultas nos casos de referência hospitalar, melhorar o acesso da população às agendas e capacitar os profissionais de saúde no tratamento das urgências e emergências. “No Brasil, especificamente nos hospitais do Rio de Janeiro, onde a espera para o atendimento era demorada, temos resultados positivos da diminuição das filas. Com o exemplo a ser seguindo em Londrina, procuramos o mesmo resultado, diminuindo a superlotação nos serviços de urgência e priorizando as consultas baseadas em critérios clínicos e não mais por ordem de chegada”, diz.

O mestre cita que a maior parte das consultas, registradas nos hospitais, não são graves e a população deve contribuir em casos menos complexos como dor lombar, cefaléia leve, curativos, verificação e controle de pressão arterial, atestado, retirada de pontos, check-up e outros, buscando a UBS. “Um procedimento simples pode ser resolvido na UBS, mas o paciente, por falta de informação procura o hospital, agravando a situação da espera. O importante é a população ficar ciente que o objetivo do PNH é classificar o risco e dar prioridade a casos mais graves”.

A residente em Gerência de Serviços de Enfermagem, pela Universidade Estadual de Londrina, Mariana Ângela Rossaneis, presente na palestra, relata que diariamente o HU é obrigado, devido à elevada demanda, encaminhar ao Hospital da Zona Norte os mais diferenciados casos porque o paciente não procurou o serviço correto anteriormente. “O Ministério da Saúde, para dar conta da demanda, criou este sistema de classificação de risco (PNH) a fim de avaliar os pacientes de emergência. Infarto, parada cardiorespiratória, casos de sofrimento agudo ou politraumatismo tem maior prioridade que uma cefaléia ou a retirada de pontos”, ressalta.

Em relação aos profissionais do Hospital Anísio Figueiredo, eles avaliam que a qualificação foi de grande importância para organizar e diminuir a fila do pronto socorro, porta de entrada do hospital, além de construir uma rede de serviços junto as UBS da região. Quanto ao atendimento, Denise Scarneiro Sardinha, Coordenadora de Enfermagem, lembra que ninguém deixará de ser atendido, mas que será priorizado casos mais graves e com gravidade de risco. “O segredo é ouvir o paciente e dar atenção aos que precisam. Isso são caminhos para melhorar a qualidade na assistência ao usuário e ao trabalhador da saúde”.

Para o auxiliar de enfermagem Paulo Diniz, o que está sendo aprendido pelos trabalhadores deve ser expandido as comunidades, através das associações de moradores, igrejas, escolas, creches, lideranças, imprensa ou via PSF, o Programa Saúde da Família, para haver maior entendimento e participação. Já a técnica em enfermagem, Rosália Cristina Alignani, acredita que o treinamento ajuda a renovar os conhecimentos numa área tão delicada, a da saúde pública. “A demora na fila do SUS é causada pelos próprios pacientes, que deveriam ter maior discernimento e antes procurar a UBS. Porém, nada impede que o trabalho de conscientização seja feito”.

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