domingo, 4 de janeiro de 2009

A atualidade do conceito de Comunicação em Paulo Freire

Nos anos 70, Paulo Freire era muito estudado fora do Brasil em outras áreas além da Educação: filosofia, serviço social, teologia, lingüística. Com base no trabalho que desenvolveu como consultor internacional das Nações Unidas em projetos de reforma agrária e extensão rural no Chile na década de 1960, Freire identificou a necessidade de repensar a noção de comunicação. Não a comunicação instrumental, transmissiva, mas aquela no sentido de ter em comum, compartilhar, estar conectado pela mesma teia simbólica construtora de sentido, em um contexto histórico desigual e contraditório.
Neste inicio do século, a emergência de novas e revolucionarias tecnológicas interativas de comunicação obriga a uma rediscussão conceitual, cada vez mais interligada à cultura. Esse, aliás, é um aspecto fundamental que ainda não foi absorvido em sua devida proporção pelos teóricos do campo intelectual das comunicações.
Uma das tendências que pode ser identificada como característica do novo cenário tecnológico, é a interatividade ou a possibilidade de interação simultânea entre emissor e receptor. Otimistas chegam a chamar as sociedades deste inicio de século XXI de sociedades interativas, muito diversas da sociedade de massas, idealizada no século XIX e que serviu de referencia aos modelos teóricos da Manipulação e Persuasão.

Pequeno Histórico

A única oportunidade que Freire discutiu conceitualmente a noção de comunicação foi num trabalho escrito em 1968 para o Instituto de capacitacion e Investigación em Reforma Agrária do Chile.
O ensaio, que tem o título Extensão ou comunicação?, Constitui uma crítica radical da tradição “difusionista” norte americana, que na época tinha grande penetração na América Latina, submetida a rubrica geral de “comunicação e desenvolvimento”
Contrapondo a comunicação de transmissão, Freire argumenta que comunicação é a “co-participação de Sujeitos no ato de conhecer” e que a extensão implica transmissão, transferência, invasão. Freire não atribui a palavra extensão o mesmo sentido neutro que normalmente lhe é atribuído nos modelos behavioristas da Manipulação e da Persuasão. Na verdade, ele encara a transmissão como algo que impede o conhecimento.
Na obra de Freire, está presente o conceito subjacente de comunicação, que tem claras implicações não só para a critica da tradição ”difusionista” como também para os dos demais modelos de estudo das comunicações que tem sua origem na tradição behaviorista americana. Na década de 1960, Freire fez uma ligeira referencia positiva à mídia existente em sua época como sendo portadora de “influencia renovadoras”

Nenhum comentário: