sábado, 19 de julho de 2008

Moradores afirmam que durante três anos, foram descarregados mais de mil caminhões com entulhos no fundo de vale

No terreno onde fora construído o Conjunto José Giordano, em 1996, funcionava o Sítio Emaús. Haviam plantações de café, soja, algodão, pomar e uma grande represa. Diversas gestões de associações de moradores, em vão, tentaram fazer um campo de futebol no Giordano. Para isso, foram despejados milhares de caminhões com entulhos no fundo de vale. “Durante três anos, a cada dia vinham mais de sessenta caminhões jogar entulho. Formou-se uma montanha com mais de cinqüenta metros. Por fim, o campo não saiu do papel”, diz Antonio Rogério Santos Ribas, 39, pioneiro no Giordano. Devido à falta de limpeza e roçagem, o mato cresceu e o fundo de vale se tornou depósito de lixo e potencial criadouro para insetos, como o mosquito da dengue, além de cobras. “Antes dos entulhos, era feita a limpeza e roçagem do fundo de vale. Tamanha era a limpeza, que até tentaram invadir o local”, diz Jiobide Pinto de Souza, 35. Celso Melchiades, 48, membro da FECAMPAR (Federação das Entidades Comunitárias e Associações de Moradores do Paraná) confirma o alerta. “Foram encontrados pneus e lixo hospitalar no fundo de vale. Jogaram um cachorro morto em frente da minha casa. O matagal virou esconderijo de marginais. É perigoso uma criança ir brincar no local, cair num fosso ou se cortar com pedaços de piso, vidro ou vasos sanitários”, completa Celso. Um dos primeiros moradores do Giordano, o comerciante José Adilson Santos, 44, conhecido como Tamarana, diz que a revolta dos moradores é tanta, que existem vídeos gravados com os caminhões despejando entulho. Tamarana afirma que após muita insistência, a CMTU (Companhia Municipal de Transito e Urbanização), forneceu nove placas indicando que é proibido jogar lixo no local. É comum, moradores de outros bairros depositarem lixo no fundo de vale. “A CMTU deveria multar quem faz isso”, diz o comerciante. Em resposta ao ZN, o secretário de Meio Ambiente, Gerson da Silva, disse que a empresa Só Obras foi à responsável pelo lançamento de entulhos, a pedido da Associação de Moradores do José Giordano. Sendo que em 2007, um caminhão da empresa foi apreendido, ficando proibido de se jogar entulho no local. A infração/multa será compensada/revertida na reforma do Parque Arthur Thomas. “Não há como punir os responsáveis, muito menos se fazer a retirada do entulho”, diz Gerson. O secretário afirma que para essa gestão não existe nenhum projeto para o fundo de vale, devido o custo ser muito alto. “A atitude partiu da Associação de Moradores por falta de conhecimento. Serão necessários engenheiros e técnicos para um estudo aprofundado”, conclui. Luis Bárbara, atual presidente da Associação de Moradores do José Giordano afirma que “aquilo não começou de uma hora para outra e isso dura mais de cinco anos”, se referindo ao acumulo de entulho no fundo de vale. Bárbara diz que não há previsão para que tudo seja solucionado e que o campo já poderia ser construído, mas há impedimentos jurídicos. “Se houver liberação, entramos com as máquinas e construímos o campo”, concluí. Quanto a capina e roçagem, o responsável, pelo setor, Marcelo Barreto, da CMTU, afirma que foram diversos os ofícios encaminhados a companhia e que em breve, será feita a limpeza da área.

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