segunda-feira, 3 de maio de 2010

Texto: Glória e desdita de um dono de butique, de Roberto Pompeu de Toledo

Publicado pela Revista Veja de 6 de julho de 2005

O texto de Roberto Pompeu de Toledo, publicado pela Revista Veja, sobre o atual contexto político brasileiro e as tribulações vividas pelo ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, narra de forma coesiva e coerente, sobre uma parte da vida, história e episódios recentes de Dirceu. Entretanto, as palavras de Toledo dão ao escândalo o caráter de “pastelão“. Toledo é coerente e coesivo não só quanto a questão política, mas também ao explicar a “crise de identidade” vivida por Dirceu. A coerência se torna evidente quando o autor usa a linearidade para narrar o momento da renuncia, passando pela entrega do ministério a sua sucessora e chegando a época em Dirceu viveu na clandestinidade. Sem abstrações, ele narra um período real, sendo de forma coerente e coesa, para que o leitor não se perca, pensando que pode ser algo falso, mas sim, o fruto de pesquisas e leituras, que dão mais relevância ao leitor. Foi nesta época, segundo Toledo, que o ex-ministro, que hoje é alvo de várias denúncias na CPMI dos Correios, adotou o pseudônimo de Carlos Henrique Gouveia de Melo e se tornou proprietário de uma loja de roupas masculinas.
O texto em si não carrega nada de imaginário ou fantástico, mas é repleto de situações e afirmações que nos levam a um sentido real vivido pelo personagem José Dirceu. Fato concreto que é possível de ser encontrado no decorrer do ensaio. Além disso, o nosso conhecimento de mundo nos possibilita a interpretação dos acontecimentos a partir do momento em conhecemos algo ligado a nossa cultura, que obviamente seria a perseguição política ao qual José Dirceu foi submetido. Hoje o contexto histórico e político do Brasil, remonta uma crise política sem precedentes, ao qual o PT, José Dirceu e o publicitário Marcos Valério, sujeito ao qual Toledo cita no final do texto, estão no centro dos holofotes da mídia. Outro ponto observado é quanto aos conectivos de ligação sintática e as seqüências lingüísticas com total lógica. Todas as sentenças tem sentido próprio e são objetivas quanto a seu caráter. A forma lingüística apresentada por Toledo, dissertação e narração, são cercados por sentido unitário e global, mantendo sempre a seqüência das idéias. A afirmação e aceitação disto é tão clara, que podemos usar como exemplo uma parte do texto, que diz o seguinte: “Da biografia do ex-chefe da Casa Civil, caso alguém não se lembre, consta um período de quatro anos em que viveu clandestinamente na pequena Cruzeiro do Oeste, no Paraná. Fazia-se passar por um empresário sem nenhum interesse pela política, tanto que, quando o viam com um jornal na mão, estava sempre aberto na página de esportes”. Este trecho têm sentido próprio, sem obstruções ou falta de conectivos as palavras. Há entendimento do texto para seus leitores e usuários, pois a comunicação presente não é difícil de ser interpretada, que no caso seria José Dirceu se passando por empresário no Paraná.
Quanto a coesão, há situações que evidenciam sua prova. A estrutura linear possibilita que a coesão de ao leitor entendimento do conteúdo. Outro ponto da coesão, é a prova que a mensagem expressa pelo emissor não tem nenhum ruído identificado, possibilitando entender o que acontece, seus desdobramentos, conseqüências e num raciocínio mais lógico, ter a certeza que o ensaísta explica no texto algo que aconteceu na vida de José Dirceu.

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