segunda-feira, 3 de maio de 2010

Apesar de muito antiga, a profissão de “lambe-lambe” resistente ao tempo

Eles são tão antigos, que certamente, o pesquisador que quiser mais dados e imagens sobre Londrina, irão encontrar nestas pessoas valiosas fontes. São eles os “lambe-lambe”, nome popular dado aos fotógrafos que ficam na Praça da Bandeira, em frente a Catedral. Dividindo espaço com artesãos e ambulantes, o fotógrafo “lambe-lambe” cobra a bagatela de R$ 5,00 para fazer o seu retrato. E se o sujeito quiser, a foto pode ser datada, guardando-a para a posteridade, além de poder se observar no espelho, para pentear o cabelo ou passar a maquiagem. Messias Bezerra trabalha como fotógrafo da praça, há mais de 30 anos. “Com as novas invenções, estúdios e máquinas modernas, o trabalho diminuiu, mas ainda é grande o número de pessoas que vêm até a ‘cidade’ para tirar foto”, afirma Messias. Ele lembra que na época que começou a trabalhar, os recursos eram poucos e que hoje há mais material para fazer as fotos. Quanto ao apelido de “lambe-lambe”, Messias Bezerra diz que o nome é devido a um fato curioso do ofício. “Antigamente, para revelar a fotografia em laboratórios era trabalhoso e o processo poderia custar caro. Então, os fotógrafos tiravam a fotografia impressa numa chapa de vidro, depois o profissional “lambia”, literalmente, “lambia” o papel fotográfico e o pressionava contra o vidro. Pronto, a imagem estava impressa no papel, pronta ser recortada e dado ao cliente”, falando isso com muito orgulho de ser de uma época em que nem se imaginava que poderia existir a câmera digital. Antes de ser fotógrafo, Messias Bezerra trabalhou em fazendas da região, devido a sua família ser de Águas Belas, Pernambuco. Mas para quem pensa que o trabalho do “lambe-lambe” é resumido em tirar retratos de pessoas nas praças, está enganado. Entre as outras atribuições, fotografa casamentos, faz reportagens e participa de Bienais de Fotografias. Messias disse que nos casamentos existe até um certo “glamour”, pois os noivos e os convidados gostam faz poses para as fotos e também, pela revelação ser instantânea. Para trabalham em um casamento, que dura em torno de cinco horas de trabalho, ganha em torno de R$300.00. Mas segundo Messias, é a Bienal da Fotografia, que ocorre em Curitiba todos os anos, que lhe possibilita mostrar a sua arte aos que gostam e querem aprender mais sobre a fotografia. “O trabalho em uma Bienal é simples, tem que explicar para visitantes e estudantes, como funciona a máquina e como trabalham. Ao todo são seis fotógrafos lambe-lambe que trabalham na Bienal. Mas o trabalho é compensador devido ao interesse das pessoas sobre a nosso trabalho”. Apesar de parecer um trabalho arcaico e ultrapassado, a máquina de Messias Bezerra tem muita resistência, apesar do tempo de uso. Com uma máquina construida por ele mesmo, Messias usa filme ASA 125, devido as fotos serem 3x4 e de cor preto e branco. Apesar de parecer um trabalho pouco qualificado e de menor valor, o lambe-lambe está sempre se aperfeiçoando e ensinando muitas coisas para quem queira ir lá conhecer um pouco de seu trabalho.

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