segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Manifesto contra a violência fecha as portas do comércio


No último dia 11 de agosto, o comércio de Jataizinho fechou as portas em protesto a constante violência no município. Não apenas os comerciantes, mas os agricultores e moradores da área urbana estão sofrendo com este problema. Diversas pessoas estiveram na manifestação, como o ex-prefeito e agropecuarista Humberto Chamilete (59). Ele diz que a violência é crescente e isto se vê na quantidade de assaltos, que passa de quatro por dia e atinge comércios, residencias e áreas rurais, além das recentes tentativas de explosão a duas agencias bancárias. “A situação está precária e a comunidade urbana e rural sofre. Quando fui prefeito houve apenas o roubo de um caminhão, mas logo foi recuperado. Havia um relacionamento constante com as policias, as rondas eram ostensivas e quatro motocicletas percorriam a cidade. Ações efetivas devem ser implantadas, como a constituição da Guarda Municipal; maior comunicação por rádio; remanejamento de valores pagos a cargos comissionados para o investimento em segurança e; a organização da comunidade através do vizinho solidário”, diz o ex-prefeito. Outro problema, segundo Chamilete, é que após os bandidos serem presos, em pouco tempo são libertos e novamente entram em ação. “Somos mais de 15 mil habitantes e uma solução deve ser tomada. Os comerciantes evitam receber em dinheiro e escondem mercadorias. As autoridades devem tomar as devidas providências”, relata.
Já Neri dos Santos (65) diz que a manifestação dos comerciantes é legitima, além de ser reflexo do descontentamento. “A população evita sair dos imóveis após as 21 horas e os assaltos ocorrem a luz do dia. Nem as igrejas são respeitadas. Muitas foram arrombadas e os ladrões esperam os fiéis sair do culto para agir. A delegacia não funciona e caso haja necessidade do boletim de ocorrência é preciso ir a Ibiporã. Apesar da segurança pública ser de responsabilidade do Estado, o município pode investir em ações efetivas”, declara.

Uma das comerciantes que participou do ato foi Sônia Aparecida Bergamin Schiavon. Ela teve seu comércio assaltado diversas vezes e afirma que há um descaso das autoridades, pois as prisões são efetuadas e num curto período os bandidos são libertos. “Os ladrões são conhecidos da polícia e não há condições deles viverem em sociedade”, afirma a comerciante, que fechou as portas do comércio em apoio ao movimento. “Caso a situação persista, iremos organizar mais atos como este. Há três anos passávamos pelo mesmo problema e fizemos algo parecido. A violência está de volta e cabe a nós se organizar”, declara.

O segmento político esteve presente na manifestação representado pelo vereadores Fábio Morais, Jorge Pereira e Alex Faria. Fábio Morais, atual Presidente da Câmara dos Vereadores, explica que a manifestação tem por objetivo comover o Governo Estadual e Federal para haver aumento de efetivo policial. Ele cita que Jataizinho pertencia ao Batalhão Militar de Cornélio Procópio e a mudança para Londrina apenas agravou a situação. “Estamos a mercê dos bandidos e o povo juntou forças para trazer a solução. Como presidente do legislativo foram diversos ofícios encaminhados a Secretaria de Segurança Pública”, diz. O vereador Jorge Pereira cita que o Poder Público local estuda uma forma de ajudar os policiais, oferecendo combustível e a manutenção das viaturas quando danificadas. “São três viaturas mas apenas dois policiais por turno. Outro problema é o fechamento da delegacia, alegando-se que não há profissionais para trabalhar. Dependemos das equipes de Ibiporã” afirma. Já Alex Faria diz que o crime deve ser oprimido e há diversas iniciativas da Câmara dos Vereadores, no entanto o Governo do Estado se mostra omisso e faz pouco por Jataizinho. “A cidade cresceu na área urbana e a zona rural é extensa. O Governo precisa reformular a segurança no município”, declara.
Além da sociedade civil organizada, comerciantes e políticos, os servidores públicos também se engajaram na causa, como os funcionários do SAAE, representados por Suzan Goto. Atuando na área administrativa, ela afirma que a violência é crescente e a insegurança toma conta da população. “As crianças não brincam nas ruas e estamos trancados dentro de casa. Chegamos ao ponto de haver explosões com dinamites em bancos”, diz. Membro do Conselho da Criança e do Adolescente, o pastor Frank Rodrigues da Silva afirma que o município passa por uma crise na segurança publica. “Nossa igreja sofreu dois arrombamentos este mês, além de uma tentativa de assalto contra fiéis após o culto. Temos que articular ações conjuntas da prefeitura e conselhos para haver suporte as policias, uma vez que os dois policiais lotados no município dão turno de 24 horas, algo exaustivo”, diz Frank. Ele ressalta que o Conselho da Criança e do Adolescente atua com políticas públicas e em breve apresentará um plano de ação ao Executivo local. Ele tem dez anos e é relacionado a educação, trabalho, direito a saúde, à vida e a profissionalização. “São direitos assegurados que se aplicados evitam futuramente situações de violência e criminalidade”, pontua.

O movimento, encabeçado pela Associação Comercial, também se reuniu com juízes e promotores. Foi ressaltado todas as situações de criminalidade devem ser denunciadas e gerado boletim de ocorrência, uma vez que nas estatísticas os números não aparecem. 

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