terça-feira, 14 de outubro de 2008

Paulo Freire e Martin Buber na tradição da comunicação dialógica

Nos últimos anos, paralelamente ao surgimento das novas mídias e das tecnologias interativas, ressurge a discussão sobre uma “inacabada” revolução das comunicações. A primeira produziu o telefone, rádio e a impressora gigante: a segunda foi à introdução da cibernética e das técnicas de motivação de massa; a terceira – a “revolução digital” - está diluindo as diferenças entre as telecomunicações, os mass média e a informática; a mais nova e ao mesmo tempo a mais antiga revolução, porque permanente, refere-se à redescoberta da comunicação humana como dialogo em oposição à comunicação como monólogo, identificada com a manipulação e a persuasão.
Dois teóricos que, embora oriundos de práticas diferentes – religiosa e educacional –se aprofundaram no tema do diálogo são Martin Buber e Paulo Freire. Existe uma questão decisiva sobre Buber e a visão dialógica da qual ele se constitui em principal paradigma: é a sua ambigüidade política – a bidirecionalidade radical de Buber está expressa como uma alternativa renovadora.Freire baseia-se inteiramente na comunicação como diálogo. Ele aceita seus pressupostos básicos: o amor como fundamento, a auto-suficiência como tabu, a confiança recíproca como “bem supremo” e o homem como ser de relação à priori. Freire busca estabelecer o diálogo como centro do processo de libertação humana, sendo um claro exemplo de como o compromisso e o engajamento religiosos influenciam profundamente a teorização e a atividade de uma pessoa.

Diálogo entre antagonistas: O primeiro paradoxo envolve a impossibilidade do diálogo entre antagonistas. Freire coloca uma grandiosa tarefa: a dos oprimidos libertarem ao mesmo tempo a si mesmos e a seus opressores. Ele insiste que o diálogo não é possível entre oprimidos e opressores, isto é, entre os que desejam dar nome ao mundo e as coisas e os que impedem esse processo de nomeação.

Diálogo e desconfiança: Um segundo paradoxo emerge quando Freire preconiza uma desconfiança em relação aquilo que denomina a “ambigüidade dos oprimidos”. O autor cita que o homem dialógico confia nos outros homens antes mesmo de conhece-los, pessoalmente, entretanto, sublinha que os líderes revolucionários “devem sempre desconfiar da ambigüidade dos homens oprimidos e desconfiar do opressor que esses trazem dentro de si.

Diálogo por testemunho: O terceiro paradoxo refere-se ao testemunho como forma de diálogo da liderança política com os oprimidos. Freire enfatiza a necessidade de que os dirigentes dêem testemunhos do fato de que a luta pela libertação é uma tarefa comum, sendo que por meio do testemunho que uma relação dialógica entre os dirigentes e oprimidos pode ser estabelecida.

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