Com o apoio dos deputados federais Alex Canziani e Luiz Carlos Hauly, do deputado estadual Luiz Eduardo Cheida e do ex- prefeito Nedson Micheleti, o presidente da Câmara dos Vereadores, José Roque Neto, assumiu interinamente a Prefeitura de Londrina. Roque, que foi empossado no dia 1º, prometeu economizar na nomeação de cargos comissionados e que fundirá secretarias, que podem cair de 16 para até 50% do que existe hoje.
A posse selou a coalizão entre os partidos contrários a Antônio Belinati, que venceu as eleições, mas teve o registro de candidatura cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O resultado acabou com a esperança de um governo provisório até o julgamento final do Supremo Tribunal Federal, que ainda pode dar a Belinati o cargo de prefeito.
Durante a transmissão do cargo, Hauly, Canziani, Cheida e Nedson discursaram em nome do governo interino. Nos discursos, os quatro quase não conseguiram esconder a satisfação pelo controle político da prefeitura e por terem evitado, ainda que temporariamente, o retorno de Belinati. "No governo interino temos que ser unidos, independentemente da coloração partidária. Padre Roque, você vai dar o exemplo com iniciativas que não vão comprometer o orçamento da cidade. No fim, Londrina vai reconhecer como você administrou", discursou Canziani.
"Claro que os deputados fizeram um acordo. O único apelo é para que possamos nos unir. Ninguém merece uma cidade com tantos sobressaltos. A escolha representa os anseios de todos os londrinenses", disse Cheida. A escolha do novo prefeito, através da eleição da mesa diretora da Câmara, se estendeu até a madrugada. O deputado Hauly, que pode concorrer a um novo "terceiro turno", entendeu que isso é um mecanismo da democracia. "Os partidos que não foram contemplados têm de se preocupar com Londrina. A cidade não pode parar", disse.
Cercado pelos deputados, Roque se esforçou para demonstrar que não se deixará manipular pelas pretensões do grupo que o elegeu. "O Alex não me coagiu nem me obrigou a nada. Numa nova eleição, não vamos apoiar nem Barbosa nem Hauly. Podem ficar tranqüilos porque apenas quero beber dessa fonte de experiência. Estou começando agora e não posso ser ingênuo", afirmou. "É o governo interino do Padre Roque", frisou.
Em nome da coalizão, o prefeito interino divulgou o manifesto "Pacto Político por Londrina", que diz ser à base de concordância entre os partidos. "Política é conversa e diálogo. Queira ou não o ser humano é movido por interesses. Mas, os interesses aqui tinham que ser a missão de trabalhar pela cidade", desconversou, quando perguntado sobre a divisão do bolo de cargos na prefeitura e na Câmara. No documento do pacto, uma lista de medidas para a Prefeitura e a Câmara de Vereadores, demonstra que o grupo "dará as cartas" nos dois poderes.
A previsão é de que o mandato de Padre Roque dure de três a seis meses, prazo necessário para a realização de novo segundo turno na eleição para prefeito em Londrina entre Luiz Carlos Hauly e Barbosa Neto.
Para quem não o conhece, Padre Roque foi eleito vereador com 2.708 votos, a maioria de católicos. Homônimo do ex-deputado estadual Padre Roque, do PT, ele é pouco conhecido da população em geral, mas ficou famoso entre os religiosos na última década ao lotar missas na cidade graças ao talento com o violão. Ele tem 48 anos e nasceu em Ibitinga, cidade do interior paulista com cerca de 50 mil habitantes. Mudou-se para Londrina em 1990 para estudar Teologia e foi ordenado padre em dezembro de 1995. Também é graduado em Filosofia.
Primeiramente, Roque foi padre na Catedral, onde instituiu a missa do meio dia, uma das mais procuradas pelos fiéis. Em 1997 tornou-se pároco da Igreja Santa Rita de Cássia, no Jardim Califórnia e começou a ganhar popularidade. "Priorizava ouvir as pessoas", justifica. Foi nesse período que adotou dois irmãos, um com oito e outro com cinco anos. Hoje o mais velho, Paulo, está com 18 anos e mora novamente com a mãe biológica. O mais novo, Gabriel, com 12 anos, está no seminário.
No ano de 2003 o prefeito interino foi ao Canadá, em uma missão para trabalhar em duas paróquias de comunidades açorianas e brasileiras. No Canadá, em outubro de 2004, pediu licença do sacerdócio e voltou para Londrina em 2005. "Quando achava que não estava bem como padre, pedi para sair. Após, surgiu à possibilidade de entrar na vida política. Quando pedi a licença, nem pensava nisso. A decisão de entrar na política foi para ajudar a cidade e isso nunca precisou tanto de ética", afirmou o Padre Roque, após tomar posse como prefeito.
Antes de ser candidato a vereador, ele ainda fazia pregações. "Fazia de tudo, só não celebrava missa", afirmou. Nesse período chegou a trabalhar em um supermercado e foi assessor do vereador Sidnei de Souza, que não foi reeleito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário