quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

O homem da palavra (Por Aldo Moraes)

“Obrigado poeta. Viaja agora para caminhar entre as estrelas!”


A obra e o pensamento de Ferreira Gullar ficam para a cultura brasileira como um legado de inteligência e inquietude. Nos últimos anos, sua visão do Brasil político e cultural brilhava como colunista polemico e sem rodeios da Folha de São Paulo e outros grandes jornais. Mas Gullar foi o agitador cultural que colaborou na fundação do Grupo Opinião e do Jornal “O Pasquim” em plena ditadura militar. E por suas opiniões e oposição ao regime foi exilado. Quando voltou ao país em 1977 foi preso.                                                                              
Gullar foi o grande poeta que dividiu com Drummond e Cabral as atenções a partir da segunda metade do século XX. Como eles, o maranhense também foi cogitado para o Nobel de Literatura. A vida política, os dilemas sociais e a liberdade permeiam boa parte de sua obra poética. “Poema Sujo” em que mescla a infância com a denuncia das torturas na ditadura é seu trabalho mais emblemático.                                                                                                        
Ferreira Gullar se destacou na TV brasileira a partir dos anos 80 com a criação de textos para o seriado “Carga Pesada” e a novela “Araponga” (com Lauro César Muniz e Dias Gomes). Freqüentou as paradas de sucesso com a versão para “Borbulhas de amor” (hit na voz do cantor Fagner) e atualmente sua poesia pode ser ouvida todas as noites na abertura da novela “A lei do amor” e na letra para Trenzinho do caipira (Villa Lobos) na voz de Ney Matogrosso.                                                                                                                                      
O poeta também traduziu para o teatro; se destacou como critico de arte; colunista e continuou escrevendo poesia, se tornando referência. Incorporado ao cotidiano do Brasil, nos acostumamos a ouvir seu nome e ler seus textos e poesias.  Em 2014 se rendeu a Academia Brasileira de Letras e se tornou poeta imortal.         
                                                                                                               
O homem da palavra parte aos 86 anos como iluminado e enorme farol para o futuro cultural do país. E sua fonte será água límpida onde devemos sempre buscar motivo para a poesia e a arte do Brasil!

Aldo Moraes é músico, escritor e jornalista


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