segunda-feira, 3 de março de 2014

Vila Casoni: O bairro pioneiro de Londrina

Originalmente projetado para ser uma granja, bairro transformou-se em loteamento e mantém a arquitetura dos anos 40.

Foto de Londrina
A Vila Casoni é um dos bairros mais antigos de Londrina, onde os mais velhos foram deixando seus lugares aos mais novos e aos que estão chegando. Ela foi objeto de pesquisa de antropólogos, que analisaram e detalharam a vida social do bairro e mostraram as dificuldades enfrentadas pelos pioneiros. Os antropólogos desvendaram um cotidiano que representa a história do bairro e dos segmentos sociais, mostrando gente simples e conservadora.
A pequena vila, que antes de se tornar bairro era uma imensa chácara de fruticultura, foi plantada numa clareira aberta pelos colonos e desempenhou o papel de núcleo de um projeto de ocupação responsável pelo povoamento de um território de 500.000 alqueires, hoje conhecido por Londrina.
A Casoni aos poucos foi cedendo lugar aos primeiros contornos urbanos, nas décadas de 40 e 50, dados pelos pioneiros paulistas, mineiros e nordestinos que traziam as tradições italianas, portuguesas, espanholas, orientais e eslavas, como o exemplo da família Ruiz. A matriarca Carolina Ruiz, de 70 anos, lembra que seu avô, João Ruiz, chegou a Londrina nos meados da década de 40, vindo de Joaquim Távora. Ele comprou partes das terras que hoje é o Jardim Ouro Verde, a fim de cultivar café.
Moradora da Rua Tupiniquins, ela lembra que as dificuldades do norte pioneiro eram imensas e a falta de trabalho obrigou a migração. “Meu avô tinha dez filhos e com a venda das terras, no atual Ouro Verde, comprou uma casa para cada um”, diz. Saudosista, Carolina diz que as profissões, eram as mais variadas possíveis como as de serralheiro, devido à abundância de madeira, carroceiro, leiteiro e que as plantações de café, predominantes na época, geravam muitos empregos e riqueza para Londrina.
Com tristeza ela lembra que muito mudou nestes 60 anos, como as ruas de terra e as casas de madeira, que ainda persistem, conservando os ares coloniais da década de 30, quando a matéria prima era barata e abundante. Porém, algo é evidente: o crescimento da Casoni estagnou-se e a violência aumentou. “Em outros pontos de Londrina, como na Vila Brasil, os bairros cresceram e a vila (Casoni) acabou esquecida. Aqui não tem correio, lotérica ou bancos, demonstrando a falta de segurança. Até as tradicionais festas na igreja e as quermesses, não existem mais”, lamenta a pioneira.
As casas de madeira ainda fazer parte do cotidiano da Vila Casoni.
As casas de madeira, que abrigam até quatro gerações, tornaram-se comércios familiares das mais variadas especialidades, como tinturarias, bares, mercearias, ferro velhos e bazares, como o de Cristina Moraes, de 42 anos e que guarda os traços eslavos. Nascida e criada na Casoni, ela viu poucas mudanças e percebe que o bairro mantém aspectos de cidades pequenas do norte paranaense, marcados pela arquitetura dos anos 30 e 40.
Ex-aluna do Colégio Estadual Dr. Willie Davids, fundado em 1º de agosto de 1947 com o nome de “Grupo Escolar da Vila Casoni”, num prédio de madeira, construído pela Prefeitura de Londrina, com quatro salas de aula, num terreno doado por Jorge Casoni, que até hoje permanece na rua Guaranis, Cristina guarda boas memórias do bairro. Mas, como Carolina, acredita que deve haver maiores investimentos num dos bairros que a porta de entrada do município. “A Casoni é um cartão postal de Londrina, onde tem a Rodoviária e o Estádio Vitorino Gonçalves Dias, o VGD”.



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