segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Jataizinho: Uma das principais fontes da construção de nossa identidade histórica e cultural.

Fundada em 1855, Jataizinho é o berço norte paranaense. Na década de 20, do século passado, ela abrangia as atuais Londrina, Rolândia, Arapongas, Mandaguari, Maringá, Ibiporã, Cornélio Procópio, Uraí, Sertanópolis, Jaguapita e Rancho Alegre. Banhada pelo rio Tibagi, a cidade ainda guarda riquezas histórias que constroem a identidade cultural da região.                                                

Segundo o diretor municipal de educação e cultura, Celso Ribeiro, o município passou por diversas fases e a história dessa localidade entrelaça-se com a História do Brasil. Foi palco da redução jesuítica de São José, onde pertencia a coroa espanhola, no século XVII e porto comercial de exploração de diamantes, na mesma época; Colônia Militar de Jataí, em 1851, por ordem de Dom Pedro II e de fundamental importância na Guerra do Paraguai; Aldeamento São Pedro de Alcântara, em 1855, com Frei Timóteo; sede da Vice Prefeitura do Sul Brasileiro em 1865; e ponto de partida da colonização do Norte do Paraná.                                                 

Secular, vivenciou os três regimes: Monarquia, Império e República. Variados, também, foram os personagens: escravos, índios, imperadores (D. Pedro II), princesas (Isabel), freis, militares, agricultores, políticos e pessoas comuns. Todos contribuindo para constituir a identidade cultural da colônia militar que, em quase 100 anos depois, se tornaria município, passando pelo status de aldeamento indígena, freguesia e distrito.                                                                      
No início do século XVII, após o Brasil se tornar colônia da Espanha, a Coroa Espanhola decidiu estabelecer, às margens do Rio Tibagi, uma Redução Jesuítica. Isso se deu por conta das ações dos exploradores Bandeirantes que iam atrás de desbravar novas terras, índios e pedras preciosas. O local se tornou um pequeno porto comercial ligado à exploração de diamantes.                                                                                                                                       

Dois séculos mais tarde, em virtude de conflitos com países fronteiriços, D Pedro II estabelece a criação da Colônia Militar de Jataí (1851). Joaquim Francisco Lopes foi o encarregado para a construção de vias de acesso. A Colônia foi de suma importância na resolução da Guerra do Paraguai, na qual os países que formavam a Tríplice Aliança (Brasil, Uruguai e Argentina) saíram vencedores. Documentos relatam que a Colônia Militar era entreposto entre a Província de Curitiba a Cuiabá, prestando relevantes serviços à pátria.                 

De grande importância também, é a localidade na esfera religiosa. Na segunda metade do século XIX, o Imperador traça orientações para catequizar os aldeamentos indígenas. Assim, entra em cena um dos principais personagens da história local: Frei Timóteo de Castelnuovo. O frei Italiano foi enviado para Jataí e passou a catequizar os índios recolhidos da selva. Em 1865, instalou-se a vice-prefeitura do sul brasileiro em São Pedro Alcântara, sob a direção de Frei Timóteo. Sabe-se que a construção da cidade deu-se através da ajuda de 111 índios caíuas e 12 escravos da nação. Entre as etnias indígenas, além dos caíuas vindos do Mato Grosso, viviam aqui os coroados (kaingangs) e guaranis. Nesta mesma época instalou-se uma escola de primeiras letras e no seu perímetro urbano construiu-se uma igreja, uma ferraria, uma estrebaria, uma olaria, senzala e diversas casas cobertas com telhas. Porém, a sua derrocada deu-se com o fim da monarquia, pois a República já não apoiava o sistema e aldeamento.                                
Esquecida até 1920, “Jatahy”, como se grafava na época, teve extrema importância para a efetiva colonização e progresso do Norte do Paraná. Ela tornou-se o portal de entrada de muitas famílias que vinham de varias regiões do Brasil e do exterior, em busca do próprio pedaço de chão para plantar as sementes de um futuro melhor. Os imigrantes vinham atraídos pelas propagandas da alta qualidade das terras, que eram vendidas a prazo longo e baixos preços.                       

A travessia sobre o Tibagi, em direção ao “norte novo”, terá feita por balsa ou canoas, não havendo rodoviária ou ponte ferroviária, sendo esta chegando em 1932 e inaugurada em 1935, transpondo a barreira entre o passado e o presente e viabilizando o extraordinário progresso da região.                                                                                                                                                  
Graças à argila e areia do Tibagi, as margens de Jataizinho, foi possível a construção dos municípios da região nas décadas de 40 e 50, aonde a cidade chegou a ser considerada a “capital Nacional das cerâmicas”, exportando manilhas, telhas e tijolos para todo o Brasil.                         

Tamanha é a importância de Jataizinho, que fora criado recentemente um museu para resgatar a história da região. “Desde 2001 faço o trabalho do resgate histórico”, revela Celso Ribeiro. Além do valor histórico ele cita que pesquisadores vêem a região em busca do resgate cultural indígena. “Foram realizadas escavações e encontramos artefatos indígenas as margens do Tibagi”. Conforme Celso Ribeiro, para que a história local não se esvaia, sempre que possível, alunos das escolas municipais, estaduais e das universidades visitam o museu para conhecer um pouco mais. “Isto agrega conhecimento e a valorização da cidade. O aluno se insere e cria uma identidade cultural”, finaliza.

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