quarta-feira, 22 de abril de 2009

Filho do ex-Governador José Richa, Beto Richa, fala um pouco para nós a respeito de sua vida.


- O senhor poderia falar um pouco de sua vida em Londrina, quando estudou
no Colégio Hugo Simas?

Foram momentos marcantes, com muita alegria e muitos amigos. Tive uma
infância bastante saudável, próximo da natureza. Eu gostava muito de
estudar e de praticar esportes. Eu tinha muito zelo pelos meus cadernos de
estudo, caprichava na letra e gostava sempre de fazer ilustrações nos
cadernos. Certa vez, houve uma tarefa escolar na qual deveríamos fazer um
trabalho sobre a cidade, sobre obras da Prefeitura, algo assim. Meu pai,
José Richa, já era prefeito e pedi ajuda. Mas ele disse que eu não
precisava de ajuda, pois eu acompanhava o que ele fazia na Prefeitura e
tinha condições de fazer o trabalho. Eu fiz o trabalho todo sozinho, O
professor disse que estava excelente, mas que provavelmente meu pai tinha
ajudado. Aquilo me deixou muito chateado. Contei a meu pai e ele me
tranquilizou, ensinando-me uma grande lição. Ele disse que, se na minha
consciência estava a convicção de ter feito um bom trabalho, eu não devia
me preocupar com o que os outros pensavam, mesmo sendo diferente da
verdade. O que importava era que eu sabia que tinha feito sozinho um bom
trabalho.


- Qual é a memória guardada da nossa cidade?

Minha grande memória de Londrina é das inúmeras vezes que acompanhei meu
pai em inaugurações pela cidade, aos sábados e domingos. Como durante a
semana meu pai trabalhava muito e não podia ter o contato que desejava com
a família, nos fins de semana ele nos levava para as inaugurações, pois
era a oportunidade de toda a família estar junto. Foram momentos marcantes
para mim porque ia a todos os cantos da cidade e também porque via como os
moradores recebiam com entusiasmo nossa família e mostravam muita gratidão
pelas obras que a Prefeitura inaugurava. Também lembro com muita saudade
do futebol na Cancha Acústica e na Acel (Associação Cultural e Esportiva
de Londrina). Na Acel também praticava natação.


- O que levou a entrar na vida política e como a experiência de seu pai
lhe influenciou nesta trajetória?

Até terminar o curso de Engenharia Civil na PUC, em 1987, eu não havia
pensado em seguir carreira política. Mas logo que me formei, alguns amigos
me convidaram para concorrer ao cargo de vereador pela Câmara de Curitiba.
Isso aconteceu em 1992. Resisti muito à idéia, mas acabei cedendo aos
apelos do grupo. Tudo aconteceu muito rápido, não foi uma idéia maturada
pelo tempo, tanto que não fui eleito e continuei tocando a vida. Logo
depois, outro convite, desta vez para participar da eleição para a
Assembléia Legislativa. Pensei muito, mas acabei aceitando o desafio e fui
eleito.

Não tenho dúvidas que essa decisão, que acabou acontecendo de forma
natural, teve influência do contato com a política que tive com meu pai,
naquelas inaugurações nos fins de semana, e das diversas reuniões
políticas que vi meu pai fazer, muitas vezes dentro de casa. Meu pai fazia
política intensamente e eu acabei acompanhando isso com muita proximidade.
Aprendi com meu pai a fazer política com tranqüilidade, transparência e
simplicidade; aprendi em casa a prática da boa política.


- Como José Richa, um londrinense que chegou ao Governo do Paraná é visto
na capital? Quais são os legados históricos e políticos deixados?

Tenho orgulho de ver que meu pai é uma pessoa muito admirada, não só em
Curitiba, mas também em vários lugares do Brasil. Em Curitiba, quando
encontro pessoas que conheceram meu pai, os elogios são muitos. Isso tem
acontecido também quando vou a lugares como Brasília e São Paulo, onde
políticos importantes de gerações anteriores falam com emoção do trabalho
de meu pai, ao lado de Mário Covas, Franco Montoro, Fernando Henrique
Cardoso e José Serra, entre outros. Creio que meu pai se destacou por ter
feito um governo descentralizado, com tolerância aos adversários
políticos. No plano nacional, ele também lutou intensamente pela
redemocratização do País e foi um político conciliador. Meu pai era um
homem de grande caráter, de boa fé, um paranista de carteirinha, pois
dedicou-se intensamente ao desenvolvimento do Estado; e era um defensor
implacável da democracia, que certamente ajudou a tornar realidade em
nosso País.


- Na ultima eleição, o senhor fez 77,27% dos votos. A que se deve esta
marca?

Na gestão, abrimos um diálogo franco com a população, pois são os
moradores da cidade que conhecem melhor as necessidades de cada bairro.
Construímos uma relação de intensa proximidade, de respeito, uma sintonia
muito franca e produtiva. Fizemos 245 audiências públicas em quatro anos,
em todos os bairros, permitindo que a população participasse da
administração. Com esse governo em parceria com a população, fizemos mais
de 5 mil obras em quatro anos, melhorando a infraestrutura da cidade e a
qualidade de vida dos moradores. Creio que a alta aprovação que nossa
administração teve nos últimos anos, e que se confirmou nas urnas, foi em
grande parte devido a uma gestão eficaz, transparente, que soube ouvir a
população e soube atender as suas necessidades.


- Curitiba é a capital do Paraná. Existem dificuldades para administrar
uma cidade deste porte?

Por conta de seu desenvolvimento e de sua qualidade de vida, Curitiba teve
um crescimento rápido nas últimas décadas, até além do que se esperava.
Por isso, apesar do bom planejamento e dos indicadores positivos, alguns
dos serviços e ações da cidade não cresceram de forma a atender este
crescimento. Hoje, estamos trabalhando para reverter este quadro, um
desafio que é possível. De 2005 a 2008, foram feitas cerca de 5 mil obras.
Foram priorizadas áreas sociais, como saúde, educação e habitação.
Planejamos 25 obras de saúde e fizemos 55. Tivemos a maior abertura de
vagas em creche da história da cidade. O sistema viário também foi
revitalizado. Fizemos a primeira fase da Linha Verde. Os resultados foram
positivos. Nossa educação básica foi avaliada como a melhor do país pelo
MEC. O Banco Mundial afirmou que Curitiba tem a melhor saúde pública. O
índice de mortalidade infantil caiu para um número histórico, de um
dígito, de 9,8, abaixo dos 10 aceitos pela Organização Mundial de Saúde.
São avanços inegáveis, comprovados pela alta aprovação que a população
sempre deu a esta administração. Mas não cruzamos os braços, não estamos
satisfeitos. Queremos melhorar ainda mais e manter o desenvolvimento de
forma sustentável e com boa qualidade de vida. A Prefeitura vai enfrentar
os desafios e vai superá-los, com uma administração ousada e moderna, ao
mesmo tempo austera, baseada em um contrato de gestão assinado pelos
secretários municipais com metas definidas para cada área.


- Poderíamos falar de seu passado político? Como deputado estadual, o
senhor criou projetos com o objetivo de melhorar a condição das famílias
paranaenses. Poderia citar algum relevante e que isso ajudou o Paraná?

Minha estréia na política foi em 1994, quando fui eleito deputado estadual
com 22 mil votos. Quatro anos mais tarde, fui reeleito para a mesma
função, com o dobro dos votos. Durante os dois mandatos na Assembléia
Legislativa, apresentei grande número de projetos.
Algumas leis tiveram maior destaque e serviram como exemplo para o resto
do país. Um exemplo foi a que garantiu o pagamento de indenizações às
famílias de ex-presos político. Outra importante lei é a que obriga as
instituições financeiras a instalar câmeras de filmagem e sistema de
monitoramento nos caixas eletrônicos, além de manter um vigilante durante
todo o período de funcionamento do serviço. Também é de minha autoria a
lei que instituiu o Fundo Estadual de Prevenção ao Uso de Drogas
(Funpred).

Ainda como deputado, atuei como membro das Comissões Permanentes da
Assembléia Legislativa. Fui vice-presidente da Comissão de Finanças e
membro das Comissões de Constituição e Justiça, Obras Públicas,
Transportes e Comunicações, e de Direitos Humanos e da Cidadania. Também
fui suplente das Comissões de Turismo e Saúde Pública.


- Quanto à situação administrativa de Londrina, o senhor acha que houve um
desgaste nos últimos anos, como o exemplo do contrato irregular da merenda
escolar, que gerou ônus ao munícipe? Casos como estes devem ser apurados
pela Justiça e levar os culpados a uma condenação? Em sua opinião, porque
isso aconteceu? Falta de atenção ou outros motivos?

A administração de cidades de porte como Londrina e Curitiba é muito
complexa. São milhares e milhares de contratos feitos a cada ano, então é
possível que alguns apresentem algum tipo de dúvida ou até mesmo
irregularidade, o que deve ser investigado a fundo e com punição exemplar
se ficar comprovado que houve má-fé. Mas é preciso ter cuidado para não
pré-julgar ninguém. É preciso saber diferenciar quando há um erro
administrativo, burocrático, de quando há uma ação com o propósito de
lesar o cofre público. Também é preciso ter cuidado com as acusações
infundadas, que têm cunho político e não administrativo.


- Quais os planos políticos do senhor para 2010? Pretende sair candidato
ao Governo do Estado? Se a resposta for afirmativa, quais os planos para
Londrina e o Norte do Paraná?

Minha preocupação agora é a de executar bem os compromissos assumidos com
a população curitibana na campanha eleitoral. Este não é o momento
oportuno para falar em nomes de candidatos ou de antecipar as eleições,
que vão ocorrer daqui a 20 meses. O momento é de trabalho, de
enfrentamento da crise econômica. Lógico, que as articulações políticas,
as conversas e organização dos partidos precisam ser feitas com
antecedência. Mas eu trabalho com um grupo político, o mesmo que esteve
comigo na eleição para a prefeitura, e é deste grupo que sairá o nosso
candidato ao governo do Estado. Na hora certa, saberemos apontar o melhor
caminho; e quem vai nos dar este caminho é o eleitor paranaense. Faço
política com tranqüilidade, não antecipo nada.


- Saindo um pouco do contexto político e indo para o esporte, quais são as
chances da capital sediar a Copa? Existe uma estrutura a ser feita e o que
será feito em relação a hotéis, estádios, estradas e geração de empregos?
Londrina é a principal torcedora para Curitiba, pois com certeza a
"Capital do Norte do Paraná" receberá alguma delegação. Existem
conversações ou parcerias a serem firmadas com nossa cidade?

O vice-governador Orlando Pessuti, presidente do Comitê Executivo do
Paraná para a Copa 2014, disse que tem 99,99% de certeza que Curitiba será
selecionada como subsede. Eu disse a ele que estou um pouquinho mais
otimista. Tenho certeza que a Copa virá para Curitiba. Antes dela, porém,
muitas coisas boas virão. Temos projetos inovadores que vão antecipar para
os curitibanos o famoso “legado da Copa”. Todos os grandes projetos
aconteceriam mesmo que não houvesse a Copa, pois fazem parte de um
planejamento estratégico para o futuro da cidade, como o metrô, o novo
contorno ferrroviário, a segunda fase da Linha Verde e muitas melhorias no
trânsito e no transporte. Nos últimos quatro anos, fizemos mais de 5 mil
obras, melhorando a infraestrutura em todos os bairros. Agora, trabalhamos
em projetos grandes pontuais para que a cidade avance ainda mais.
Obviamente, com a Copa do Mundo estes projetos serão agilizados, pois o
governo federal tem o compromisso de colaborar para dotar as cidades sedes
com a infraestrutura necessária.

Por enquanto, estamos focados no projeto de nossa candidatura, depois que
ela for confirmada, naturalmente vamos trabalhar para trazer delegações,
torcedores e turistas para Curitiba e outras cidades do Paraná, e Londrina
tem plenas condições de estar entre as cidades beneficiadas.

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