sábado, 19 de novembro de 2016

Tijolo para casa na roça e prédio da Gleba Palhano.

Tijolo para casa na roça e prédio da Gleba Palhano: Benedicto Furlan diversificou e mostrou desenvoltura em vários ramos, numa vida empreendedora.

           

Pai, avô e bisavô. Benedicto Furlanaos 80 anos é a lenda viva da construção civil. Nascido em 1934 em Assis (SP), especificamente na Água do Servo, tinha o pai como agricultor e a mãe do lar, numa época que arroz era socado no pilão e não havia facilidades como estradas e atendimento médico. Não demorou muito e em 1938 a família Furlan atravessou o mato e chegou ao distrito de Taquaripara iniciar a lavoura. Saudosista, Benedicto recorda que foram dez anos para um caminhão atravessar a estrada. Ele cortava a picada de terra carregando toras de árvores centenárias.
Na infância marcada com parcos recursos, perdeu dois irmãos: Máximo e João, sendo estevítima de difteria. Ficou apenas Maria, já falecida. Benedicto é o único filho ainda vivo. Apesar de tudo, foi nas dificuldades que teve a oportunidade de atuar como lavrador, plantar milho e criar porcos. Não se deixando abater, aos 17 anos montou uma olaria. Cortou madeira, plantou sapê e fez um barracãoonde começou a produzir tijolos. Isto foi em 1951. Com o sucesso do negócio, num mercado que hoje é um dos mais lucrativos, o da construção civil, comprou uma venda na Taquari e em 1960 construiu um armazém de secos e molhados, existente até hoje e que passa por reformas. “Na época havia bons fregueses. O país era rural. Existiam diversos moradores, farmácia, mercearia, armazéns, açougue e igreja. Mas, com o inesperado êxodo rural, por conta do enfraquecimento da agricultura, muitos migraram para as cidades e infelizmente constituíram favelas. O êxodo rural mudou a agricultura. As lavouras deram lugar a mecanização com a soja e o trigo. A mão de obra já não era necessária. Com a perda dos fregueses, vim para a cidade e comprei três terrenos. Toquei uma loja de secos e molhados até 1975, comprei uma chácara e montei uma olaria. Hoje, onde havia a “venda”funciona uma oficina de motos”, diz.
Apesar de Jataizinho ser desenvolvida em 1975, ele recorda que ela ia até a Rua Nicola Paissade e ao Hospital Santa Teresinha. O resto era lavoura e onde fica o Parigot de Souza, havia uma plantação de eucalipto.Na época, Benedicto Furlan era o vice-prefeito. “A prefeitura comprou o terreno para construir o bairro e o colégio. Estavam presentes autoridades que homenagearam o governador e o prefeito da época, Orlando Salles Stricker, além dos vereadores”, afirma.
Atual vice-presidente do diretório municipal do PMDB, sua entrada na politica foi pela vontade de ver a situação melhorar. “Atuei como vice-prefeito entre 1972 a 1976. Havia pouco maquinário. Compramos uma motoniveladora e dois caminhões, além de carros menores. Demos um embalo para Jataizinho”, afirma. Este legado político influenciou tanto a família, que neto e genro chegaram ao cargo de vereador, além de filhas e netos serem advogados, comerciantes e professores.
A vida politica não impediu a Benedicto diversificar os negócios. Aos poucos, com dedicação, vontade e trabalho, além de acordar cedo e fechar a “venda” tarde, viu que era o momento de expandir. Investiu no ramo da cerâmica e começou a produzir tijolo maciço. Os negócios funcionam até hoje e sua marca compõe o depósito e olaria Santa Mônica. “O tijolo maciço é vendido para oito grandes construtoras de Londrina e região. Mesmo o ramo da cerâmica é passível de crise financeira e, para não padecermos é importante a diversificação dos negócios”, declara.
Aos oitenta anos e saudável, Benedicto viu a evolução, o passar do século e as transformações devido a tecnologia. No entanto, o tijolo fabricado há 60 anos é feito da mesma forma e mantém boa aceitação. “Bases de prédios, garagens, subterrâneos e construções próximas as vigas são de tijolo maciço. Vivo desde a época que se fazia casas na área rural de Jataizinho ao tempo dos edifícios modernos e luxuosos. Cerca de 80% prédios da Gleba Palhano, em Londrina, são feitos com tijolos Santa Mônica. Diversificando a economia, não há crise. Desde os 17 anos sou comerciante e hoje emprego cerca de trinta pessoas. As cerâmicas são os maiores sucessos da cidade, pois daqui saem cerca de 200 mil tijolos por dia, que tem o dinheiro como retorno”, afirma.
Outra atividade exercida por Benedicto Furlan foram os portos de areia. Porém não investiu muito devido a areia extraída do Tibagiser contaminada. “Abaixo da captação de água, em Londrina, há um córrego que vem do Limoeiro. Ele traz impurezas como óleos, graxas, detergentes e resíduos de petróleo. Na tentativa de montaroporto, finquei uma vara de bambu, com um ferro na ponta para achar areia. Em três metros abaixo há muita graxa que se juntou no rio. A draga extraia areia e junto vinha graxa. Isto é recente. Deve haver mais fiscalização dos órgãos de meio ambiente para não existir tamanha poluição. Um dos prejudicados são os peixes, que não se desenvolvem plenamente na região”, afirma.

Hoje, vivendo com a comerciante Maria José Justo e tendo como filhas a professora Celina Furlan; a advogada e administradora Alba Furlan; a professora Dilmara Furlan e; a dona de casa Silmara Furlan, Benedicto se orgulha dos netos Jason (advogado) e Diego Furlan, que exerceu dois mandatos de vereador. Além dele, o genro Alex Faria está no terceiro mandato como vereador e é o atual presidente da Câmara. Ainda compõem a família sete netos e quatro bisnetos. 

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