Tijolo para casa na
roça e prédio da Gleba Palhano: Benedicto
Furlan diversificou e mostrou desenvoltura em vários ramos, numa vida empreendedora.
Na infância
marcada com parcos recursos, perdeu dois irmãos: Máximo e João, sendo
estevítima de difteria. Ficou apenas Maria, já falecida. Benedicto é o único
filho ainda vivo. Apesar de tudo, foi nas dificuldades que teve a oportunidade
de atuar como lavrador, plantar milho e criar porcos. Não se deixando abater, aos
17 anos montou uma olaria. Cortou madeira, plantou sapê e fez um barracãoonde
começou a produzir tijolos. Isto foi em 1951. Com o sucesso do negócio, num
mercado que hoje é um dos mais lucrativos, o da construção civil, comprou uma venda
na Taquari e em 1960 construiu um armazém de secos e molhados, existente até hoje
e que passa por reformas. “Na época havia bons fregueses. O país era rural. Existiam
diversos moradores, farmácia, mercearia, armazéns, açougue e igreja. Mas, com o
inesperado êxodo rural, por conta do enfraquecimento da agricultura, muitos
migraram para as cidades e infelizmente constituíram favelas. O êxodo rural
mudou a agricultura. As lavouras deram lugar a mecanização com a soja e o trigo.
A mão de obra já não era necessária. Com a perda dos fregueses, vim para a cidade
e comprei três terrenos. Toquei uma loja de secos e molhados até 1975, comprei
uma chácara e montei uma olaria. Hoje, onde havia a “venda”funciona uma oficina
de motos”, diz.
Apesar
de Jataizinho ser desenvolvida em 1975, ele recorda que ela ia até a Rua Nicola
Paissade e ao Hospital Santa Teresinha. O resto era lavoura e onde fica o
Parigot de Souza, havia uma plantação de eucalipto.Na época, Benedicto Furlan
era o vice-prefeito. “A prefeitura comprou o terreno para construir o bairro e
o colégio. Estavam presentes autoridades que homenagearam o governador e o
prefeito da época, Orlando Salles Stricker, além dos vereadores”, afirma.
Atual
vice-presidente do diretório municipal do PMDB, sua entrada na politica foi pela
vontade de ver a situação melhorar. “Atuei como vice-prefeito entre 1972 a
1976. Havia pouco maquinário. Compramos uma motoniveladora e dois caminhões,
além de carros menores. Demos um embalo para Jataizinho”, afirma. Este legado
político influenciou tanto a família, que neto e genro chegaram ao cargo de
vereador, além de filhas e netos serem advogados, comerciantes e professores.
A vida politica
não impediu a Benedicto diversificar os negócios. Aos poucos, com dedicação, vontade
e trabalho, além de acordar cedo e fechar a “venda” tarde, viu que era o
momento de expandir. Investiu no ramo da cerâmica e começou a produzir tijolo
maciço. Os negócios funcionam até hoje e sua marca compõe o depósito e olaria
Santa Mônica. “O tijolo maciço é vendido para oito grandes construtoras de
Londrina e região. Mesmo o ramo da cerâmica é passível de crise financeira e, para
não padecermos é importante a diversificação dos negócios”, declara.
Aos
oitenta anos e saudável, Benedicto viu a evolução, o passar do século e as
transformações devido a tecnologia. No entanto, o tijolo fabricado há 60 anos é
feito da mesma forma e mantém boa aceitação. “Bases de prédios, garagens, subterrâneos
e construções próximas as vigas são de tijolo maciço. Vivo desde a época que se
fazia casas na área rural de Jataizinho ao tempo dos edifícios modernos e
luxuosos. Cerca de 80% prédios da Gleba Palhano, em Londrina, são feitos com
tijolos Santa Mônica. Diversificando a economia, não há crise. Desde os 17 anos
sou comerciante e hoje emprego cerca de trinta pessoas. As cerâmicas são os maiores
sucessos da cidade, pois daqui saem cerca de 200 mil tijolos por dia, que tem o
dinheiro como retorno”, afirma.
Outra
atividade exercida por Benedicto Furlan foram os portos de areia. Porém não
investiu muito devido a areia extraída do Tibagiser contaminada. “Abaixo da
captação de água, em Londrina, há um córrego que vem do Limoeiro. Ele traz
impurezas como óleos, graxas, detergentes e resíduos de petróleo. Na tentativa
de montaroporto, finquei uma vara de bambu, com um ferro na ponta para achar areia.
Em três metros abaixo há muita graxa que se juntou no rio. A draga extraia areia
e junto vinha graxa. Isto é recente. Deve haver mais fiscalização dos órgãos de
meio ambiente para não existir tamanha poluição. Um dos prejudicados são os
peixes, que não se desenvolvem plenamente na região”, afirma.
Hoje,
vivendo com a comerciante Maria José Justo e tendo como filhas a professora
Celina Furlan; a advogada e administradora Alba Furlan; a professora Dilmara Furlan
e; a dona de casa Silmara Furlan, Benedicto se orgulha dos netos Jason (advogado)
e Diego Furlan, que exerceu dois mandatos de vereador. Além dele, o genro Alex
Faria está no terceiro mandato como vereador e é o atual presidente da Câmara.
Ainda compõem a família sete netos e quatro bisnetos.
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