Desde a infância o radialista Hermínio Barbosa (58) tem vocação
para as comunicações. Nascido em Florestópolis, até os 14 anos viveu nas áreas
rurais de Cambé e Rolândia, onde improvisava com um caixote e latas de extrato
de tomate (como microfone) uma “rádio comunitária” e se divertia com outras
crianças. Ele se inspirava nos programadores do coronel Matias e Venâncio e apreciava
o sertanejo de raiz. Aos 15 anos mudou-se para o Santo Amaro e apresentava aos
fins de semana, por alto-falantes, a quermesse da igreja católica no bairro e
no Jardim Shangri-lá. “Era locutor, lia correio elegante e apresentava músicas.
Fiz isto por cinco anos, quando a capela do Santo Amaro era de madeira. Nas
quermesses havia leilão, bingo e frango assado. Era o entretenimento na época.
Muitos iam para namorar e de lá saíram vários casamentos”, recorda.
Com o
trabalho reconhecido, em 1979, através de José Anacleto, que também é
apaixonado por rádio, ele foi apresentado a Wenceslau Martins. Ele vivia em Ibiporã
e apresentava aos domingos na rádio Auri Verde de Londrina o programa “Onde
canta os maiorais”. Assim Hermínio Barbosa dava seus primeiros passos como
radialista lendo cartas, comerciais e falando a hora. Quando Wenceslau Martins
não ia ao programa, a responsabilidade ficava por sua conta. “Atuei um ano na
Auri Verde, que funcionava na Rua São Paulo próximo a Vantajosa. Com a ida do
Wenceslau Martins para a Rádio Marajoara de Ibiporã assumi o programa ‘As
preferidas do ouvinte’ e tocava sucessos de Roberto Carlos, Vanusa, Odair José,
Moacir Franco e sertanejos. O programa ia ao ar das nove ao meio dia e recebia centenas
de cartas vindas de outras cidades. Em 1981 a Folha de Londrina destacou o
programa e publicou uma matéria de página inteira”, recorda.
Com a venda da rádio ele
ficou longe dos microfones e em 1985 voltou a atividade na Rádio Cruzeiro AM,
do Grupo Folha de Londrina. De 2ª a domingo, das oito e meia a meia noite apresentava
o programa “Canto da Terra”, onde ouvintes pediam ao vivo músicas sertanejas.
“Entrevistei João Paulo e Daniel, Zezé de Camargo e Luciano, César e Paulinho,
Teodoro e Sampaio, João Mineiro e Marciano, Ataíde e Alexandre, Cristian e
Ralf, Alan e Aladin, entre outros que estavam em inicio de carreira”, diz. Após
dois anos foi para a Rádio Norte (antiga Rádio Clube) e também apresentava aos domingos
na Rádio Londrina o programa “Voz do Paraná”, em meados de 1987. Após mais um
período longe dos microfones, em 1997 foi para a Rádio Cidade (Jovem Pan de
Cambé) e apresentava duas edições do “Jefferson Radar”, patrocinado pela
empresa de ônibus Radar e que priorizava o sertanejo de raiz. Em 2013 foi para
a Rádio Terra Nativa e apresentou o programa “Terra Sertaneja”, das 5 as 7 da
manhã de 2ª a 6ª e aos sábados das 17 as 20 horas, além de atuar na Rádio
Manchete (Londrina) e Cambé FM. Longe do rádio devido a compromissos
profissionais, esporadicamente participa da programação na Rádio Terra Nativa
Nestes 35 anos Hermínio Barbosa viveu muitas histórias, indo
da rádio novela a rádio web. “O rádio faz parte da nossa vida. Muitos acordam
sintonizados. No trajeto do trabalho e no trabalho ouvem rádio. Ele informa,
faz companhia a dona de casa e dá voz a população ao ser dinâmico. Se engana
quem afirma que ele vai acabar, pois é parte da cultura e do cotidiano”, recorda
Hermínio, que nesta jornada fez amigos e guarda cartas de ouvintes com homenagens
e lembranças. Outra recordação são as viagens e shows que fez junto com artistas,
bandas e alguns com o radialista Siqueira Martins. Por onde passavam eram
recebidos com festa. “Os ouvintes e a programação das rádios eram mais românticas.
Com a modernidade e a dinâmica da internet perdemos isto. Hoje não é usual enviar
cartas, mas sim e-mails”, pontua.
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